Moradores acolhem vítimas e amenizam a tragédia

O desespero não atingiu apenas quem estava na inundação. Moradores de prédios do entorno assistiam atônitos pelas janelas as cenas de terror nas avenidas do Estado e Dr. Francisco Mesquita. E resolveram agir. No cruzamento com a rua Ibitirama, um dos pontos da Vila Prudente onde mais pessoas ficaram ilhadas, as vítimas eram abrigadas pela vizinhança conforme eram resgatadas pelos bombeiros de muros ou de cima de veículos. Vários carros foram abandonados às pressas (foto acima).

“Chovia muito forte e desci para olhar como estava a rua. Foi espantoso. Entre 22h e 22h15 a água veio de repente. No intervalo de 15 minutos subiu em torno de um metro e meio”, conta Henrique Dimitrov, que mora há 35 anos no condomínio Parque das Flores na rua Ibitirama, bem próximo ao cruzamento da avenida do Estado. Pouco depois encostou a viatura do Corpo de Bombeiros com um bote. “Essa equipe de bombeiros foi incansável, honrou a profissão. Os moradores do condomínio em frente (Selfie São Paulo), que têm mais visão ampla do que acontece na avenida do Estado, se sensibilizaram e começaram a descer para ajudar. Juntaram cerca de 60 pessoas com toalhas, roupas secas, água, café, alimentos. Deram chocolates para as crianças”, narra Dimitrov que também subiu no seu apartamento para buscar donativos.

“Depois o condomínio abriu o salão de festas para as vítimas ficarem abrigadas, mas como algumas pessoas estavam com muito frio, teve morador que levou ao apartamento para tomar um banho quente”, continua contando Dimitrov que também destacou a total ausência da Prefeitura. “Ninguém apareceu na hora do pânico, nem depois. Mais de três dias se passaram e a lama continua espalhada pela região, está um mau cheiro terrível com ratos e baratas por todo lado. Entendemos que choveu demais, mas falta muito respaldo do governo”, afirma.

A professora Janaina Morena, moradora do condomínio Selfie São Paulo, no número 2.200 da rua Ibitirama, foi uma das pessoas que ficaram sensibilizadas. “Tem um pessoal muito guerreiro aqui no prédio. Viraram a noite ajudando, abrigaram as pessoas da enchente e aplaudiram os bombeiros quando terminaram o resgate. Depois passaram o dia recolhendo donativos para continuar ajudando. Atitudes lindas precisam ser mostradas”, destaca. (Kátia Leite)

Leia também: Temporal, inundação histórica e pânico na Vila Prudente

 

Bombeiros do Posto VP resgatam dezenas de ilhados


O resultado da brutal enchente que atingiu a região só não foi mais trágico graças à heroica atuação do Corpo de Bombeiros. Uma das equipes que trabalhou incansavelmente é a do Posto Vila Prudente, que na noite do domingo, dia 10, estava composta por seis homens e uma mulher. Das 22h do domingo até às 9h da segunda-feira, eles resgataram 64 pessoas ilhadas nas proximidades da rua Ibitirama com a avenida do Estado. Entre as vítimas estavam uma mulher grávida, um idoso cadeirante de 93 anos e uma criança portadora de Síndrome de Down. Todos aguardavam pelo salvamento em cima de veículos ou sobre muros.

Na tarde da quarta-feira, dia 13, quando a equipe voltou para o plantão no posto, a reportagem conversou com alguns dos integrantes da operação e foram unânimes em afirmar que foi a enchente mais violenta que já trabalharam. “A água atingiu um nível muito alto, cobria carros e pessoas. Não era possível distinguir o que era rio e o que era pista na avenida do Estado. O que demandou muito cuidado foi a força da correnteza. Vimos vários veículos serem arrastados para dentro do rio em alta velocidade”, comentou o sargento Laércio, que é bombeiro há 12 anos.

Todos os resgates foram realizados com um bote inflável que se movimenta através de remadas. “Realizamos mais de 20 viagens com cerca de 400 metros cada. Certamente remamos mais de 10 quilômetros. Primeiro priorizamos o salvamento das crianças e, na sequência, os idosos, as mulheres e por último os homens. Ficamos muito felizes de não ter deixado ninguém para trás”, afirmou o sargento.

Além do sucesso dos resgates, o que emocionou os bombeiros foi a mobilização solidária da vizinhança. “Paramos a viatura na rua Ibitirama, no ponto sem água mais próximo do local afetado pela enchente. Foi onde montamos nossa base de operação. Assim que o resgate era realizado levávamos as pessoas para este trecho. No nosso primeiro retorno com as vítimas, moradores do entorno já nos aguardavam com toalhas, cobertores, água, café, alimentos, entre outras coisas, para acolher os afetados. Foi uma das cenas mais bonitas que já presenciei em toda minha carreira”, destacou o sargento.

Na manhã de segunda-feira, após o término da operação, os bombeiros deixaram o local sob muitos aplausos da vizinhança.  A heroica equipe estava formada pelo sargento Laércio, sargento Said, cabo Petrica, cabo Francisco, Cabo Zanni, soldado Cardoso e soldado Viviane. (Gerson Rodrigues)

Sargento Laércio, cabo Francisco, soldado Viviane e cabo Patrícia participaram das ações de salvamento. (Agência Folha)
Mais de 500 famílias afetadas na Favela de Vila Prudente


Pânico, tristeza e indignação são os sentimentos dos moradores da Favela de Vila Prudente nos últimos dias. Segundo líderes da comunidade, a enchente do último domingo, dia 10, foi uma das mais violentas da história e afetou mais da metade das moradias. A estimativa é que cerca de 500 famílias tenham sido afetadas.

Quando a água baixou na manhã de segunda-feira, o cenário era desolador. A lama permaneceu nas habitações e logo se formaram montanhas de móveis misturados com utensílios domésticos danificados (foto acima). “Moro há mais de 40 anos nesta comunidade e nunca vi nada igual. A força da água era muito forte. Não deu tempo dos moradores salvarem seus pertences. O prejuízo é incalculável para estas pessoas que já são tão carentes”, declarou Ivanildo Gonçalves, que permaneceu duas noites sem dormir prestando solidariedade aos vizinhos. “Teve alguns moradores que perderam praticamente tudo, inclusive documentos. Eu e muitos outros ficamos duas noites acordados para tentar organizar o caos que se formou. Fiquei muito impressionado com a quantidade de bens perdidos. Havia televisores, fogões geladeiras, camas, colchões, alimentos que viraram lixo e entulho”, relatou.

O eletricista Jair de Oliveira, que reside na comunidade há mais de 30 anos, relata que desta vez a água chegou em pontos que nunca foram afetados. “Foi impressionante. A água tomou muitas moradias e as pessoas tiveram que fugir da forma que conseguiam para não morrerem. Foi chocante ver mães com crianças no colo, idosos, mulheres grávidas em meio à inundação”, contou. “Depois que a enchente acalmou e a água começou a baixar o cenário era de guerra. Muitas coisas destruídas e lama por toda parte”, completou.

Empresas solidárias
Na Favela de Vila Prudente, outro ponto muito afetado, a tristeza e o caos foram amenizados graças à solidariedade de empresários, igrejas, entidades sociais e moradores da região, que voluntariamente passaram a organizar e fazer doações às famílias afetadas.

Procurada por líderes comunitários da favela, a panificadora Cepam agiu prontamente e mandou uma perua carregada de alimentos para a comunidade no início da manhã da segunda-feira, quando o cenário ainda era desolador. No dia seguinte proporcionou o café da manhã para as famílias.

A Paróquia São José do Ipiranga e a igreja evangélica Semeando em Vidas, do Jardim Avelino, colaboraram com doações de marmitex, itens de limpeza e higiene, água e lanches. Todas as doações foram concentradas na sede do Vera Cruz Futebol Clube, que fica na comunidade, e na sede da Sociedade Amigos da Favela de Vila Prudente. (Gerrson Rodrigues)

Comunidade permanecia alagada na manhã da segunda-feira. Estimativa é que cerca de 500 famílias tenham sido afetadas. (Ale Vianna)
Forte chuva no ABC e transbordo do piscinão


De acordo com a medição do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura, entre às 19h do domingo até 7h da segunda-feira choveu na Capital paulista o correspondente a 32,6% do volume esperado para todo o mês de março. A Vila Prudente foi a segunda região da cidade com o maior volume de chuva: 103,3 mm³, perdendo apenas para o Jabaquara com 109,5 mm³. Porém, a Prefeitura avaliou que as áreas das subprefeituras de Vila Prudente e do Ipiranga foram as mais atingidas pelos alagamentos, porque enfrentaram transbordamentos do rio Tamanduateí e córregos, além do Piscinão Guamiranga.

Na avaliação do governo municipal, os temporais com índices históricos nos municípios vizinhos de Santo André e São Caetano tiveram impacto direto no caos na Vila Prudente e na área empresarial da Mooca. O rio Tamanduateí, que corta o ABC, transbordou violentamente colocando as subprefeituras de Vila Prudente, Ipiranga, Mooca e Sé em estado de alerta das 22h do domingo até as 5h da segunda-feira. No entanto, trechos das avenidas Anhaia Mello, do Estado e Dr. Francisco Mesquita (foto acima) continuavam alagados na manhã da segunda-feira.

A Subprefeitura de Vila Prudente (SUB-VP) afirmou que a situação ocorrida “foi absolutamente imprevisível e extraordinária e não havia qualquer ação preventiva que pudesse corrigir o que aconteceu”. Além da avenida do Estado e da avenida Dr. Francisco Mesquita, houve alagamentos intransitáveis na rua Guamiranga e em diversos pontos da avenida Anhaia Mello onde também ocorreu o transbordamento do córrego da Mooca.

De acordo com a SUB-VP, a região recebeu a colaboração de diversas subprefeituras para amenizar os transtornos, em especial da Subprefeitura Sapopemba, que nos forneceu uma equipe de limpeza de boca de lobo, e da Subprefeitura Ermelino Matarazzo que cedeu uma equipe de hidrojato, para sucção da água e limpeza das galerias. A Subprefeitura Mooca não emitiu notas sobre o ocorrido.

Piscinão transbordou na noite do domingo

Inaugurado em fevereiro de 2017 pelo Governo do Estado entre a rua Guamiranga e a avenida Dr. Francisco Mesquita, na Vila Prudente, o Piscinão Guamiranga é o maior da cidade de São Paulo. Foi projetado para acumular 850 milhões de litros de águas das chuvas – o equivalente a mais de 390 mil piscinas olímpicas. Mas, tamanha capacidade não foi suficiente na noite do último domingo, dia 10. O reservatório transbordou às 21h30.

O Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), responsável pela construção e manutenção do piscinão, afirmou que as chuvas acima da média neste mês de março levaram ao trasbordo. Foi ressaltado que “sem o reservatório, a região teria sofrido impactos ainda maiores, principalmente nas avenidas do Estado e Dr. Francisco Mesquita”.

Em resposta ao questionamento da Folha, foi informado que a limpeza do reservatório é realizada, no mínimo, uma vez ao ano e que a manutenção pode ser feita mais vezes, conforme a necessidade. Não foi esclarecido se houve mudança nessa metodologia em razão da sequência de fortes chuvas desta temporada.

Fevereiro foi o mais chuvoso dos últimos 24 anos em São Paulo e nos 11 primeiros dias de março, a cidade recebeu 90,6% do volume de chuva esperado para todo o mês. (Kátia Leite)

Imediações do Piscinão Guamiranga na Vila Prudente. (Ale Vianna)

 

 

 

Temporal, inundação histórica e pânico na Vila Prudente

Sob intensa chuva desde as 19h do domingo, dia 10, Vila Prudente e Mooca entraram em estado de alerta às 22h. A medida é decretada pelo Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura quando acontece o transbordamento de córregos ou rios. Na Vila Prudente houve a vazão do rio Tamanduateí ao longo das avenidas do Estado e Dr. Francisco Mesquita e do córrego da Mooca na avenida Anhaia Mello. O Piscinão Guamiranga também não suportou o volume das águas e transbordou às 21h30, agravando ainda mais a situação. As horas seguintes foram muito tensas. A região continuou em estado de alerta até as 5h, mas os alagamentos persistiram.  

No final da rua Ibitirama com a avenida do Estado, 64 pessoas foram resgatadas dos tetos de veículos e muros por bombeiros em uma ação heroica usando bote. Moradores dos andares mais altos de prédios residenciais fizeram vídeos de carros sendo arrastados pela correnteza. Não dava para diferenciar a avenida do rio Tamanduateí (foto acima).

A violência das águas deixou um rastro de destruição e prejuízos ao longo da margem do rio Tamanduateí. A enchente também atingiu várias ruas que desembocam nas avenidas do Estado e Dr. Francisco Mesquita. Moradores de casas na Vila Califórnia, Vila Alpina, Vila Bela, Quinta das Paineiras, Jardim Ibitirama, entre outros bairros do distrito de Vila Prudente, viveram momentos de agonia com a inundação em seus imóveis.  Mesmo quem reside em prédios teve problemas. Moradores de condomínios na esquina das ruas Baia Grande e das Lobélias contaram que a água entrou em garagens e inundou veículos.

Outro ponto muito crítico foi a rua Guamiranga, justamente onde fica parte do piscinão. Cerca de mil pessoas permaneceram abrigadas até as 8h da manhã seguinte no Central Plaza Shopping porque não havia como deixar o empreendimento, que fica na Dr. Francisco Mesquita e também tem saída pela rua Guamiranga. Mesma situação enfrentada por usuários das estações Tamanduateí de metrô e trem. Passageiros de um ônibus ficaram ilhados por horas. “Estava lotado. Tinha uma mulher grávida, crianças e a água continuava subindo, inclusive dentro do ônibus. Não havia espaço para todos sentarem e muita gente ficou exausta. Ninguém conseguiu nos resgatar. Somente quando a enchente diminuiu, saímos a pé, pois o veículo não conseguia transitar”, contou João Lima.

As águas começarem a baixar depois de mais de oito horas seguidas de inundação, não foi o fim dos problemas para os moradores de imóveis atingidos. “Na minha casa, um sobrado, perdemos todos os móveis que estavam no piso debaixo, inclusive mantimentos porque a geladeira tombou e ficou boiando. Nos fundos, mora a minha tia em uma casa térrea. Também teve que jogar praticamente tudo fora. Os móveis ficaram horas no alagamento, não tinha como recuperar. Mesmo com a comporta, minha sala acumulou mais de um metro de água. Do outro lado da avenida teve casa que chegou a quase dois metros”, conta Luiz Orosco, morador do número 357 da avenida Dr. Francisco Mesquita há 30 anos. “Ainda fiquei com dois veículos cobertos pela água. Um Sandero e uma perua Kombi, que é o meu sustento porque presto serviço de transporte para uma rede de hipermercado. Além do prejuízo em casa, estou sem conseguir trabalhar”, completa Orosco. “Ninguém da Prefeitura apareceu para saber se sobrevivemos ao alagamento. Até agora não vieram lavar a rua. Estamos inalando a poeira do lamaçal. É revoltante. Pago o IPTU do meu imóvel e não recebemos uma ajuda”, desabafou na quarta-feira, dia 13, mais de 48 horas depois do fim do alagamento.

Na Vila Prudente e  na Mooca, dezenas de empresas nas avenidas Henry Ford e Presidente Wilson e ruas Cadiriri e Pacheco Chaves também foram inundadas e tiveram prejuízos na casa dos milhões. Muitos empresários estão desesperados porque perderam desde matéria prima até maquinários, além de equipamentos de informática dos departamentos administrativos.

Três mortes na avenida do Estado

Quando as águas escoaram, a tragédia ficou ainda mais evidente: três corpos foram encontrados na avenida do Estado, na divisa da Vila Prudente com o município de São Caetano do Sul. Todos são de homens jovens e apresentavam características de afogamento, segundo a equipe do 1º Distrito Policial de São Caetano, onde foram lavradas as ocorrências.

Duas das vítimas fatais estavam na altura da rua Ibitirama. O outro corpo foi localizado na esquina do viaduto que dá acesso à avenida Guido Aliberti, dando um triste desfecho a uma história dramática. Durante a madrugada, o homem permaneceu horas agarrado a uma placa de sinalização de trânsito para não ser levado pela correnteza. Temendo que ele perdesse a força, moradores ainda jogaram uma mangueira para ele tentar se amarrar, enquanto ligavam para o Corpo de Bombeiros. Mas o socorro não chegou a tempo.

Até o fechamento desta matéria, os policiais civis aguardavam os laudos da perícia para saber as identidades e as idades das vítimas. (Kátia Leite)

Cenário de caos na manhã seguinte:

 

Equipes do Corpo de Bombeiros ainda faziam resgates na manhã da segunda-feira. (Ale Vianna)

 

Tráfego interrompido na avenida Anhaia Mello provocou enormes congestionamentos na região. (Ale Vianna)

 

Ônibus que ficaram ilhados foram recolhidos entre 8h50 e 11h30 da segunda-feira. Vários apresentavam problemas na parte elétrica e motor (Ale Vianna)

 

 

Escolas da região não conseguem subir de grupo

A Acadêmicos do Tatuapé entrou no Sambódromo pelo Grupo Especial do Carnaval paulistano na madrugada do último sábado, 2, em busca do tricampeonato. A agremiação fez belo desfile, mas terminou em sétimo lugar. Quem também fez bonito na avenida foi a Mocidade Unidade da Mooca, que estreou no Grupo de Acesso e conquistou a quinta posição. Entre as outras agremiações da região, a tristeza ficou por conta da Unidos de São Lucas, que acabou rebaixada para o Grupo de Acesso I de Bairros em razão de um dos carros alegóricos ter quebrado no meio do desfile.

Acadêmicos do Tatuapé
Com o enredo “Bravos Guerreiros. Por Deus, pela honra, pela justiça e pelos que precisam de nós” a escola fez empolgante apresentação no Sambódromo pelo Grupo Especial. A agremiação permaneceu na disputa pelo título até o último quesito – alegoria – onde não conseguiu boas notas e caiu algumas posições, terminando em sétimo lugar, com 269,5 pontos.

Mocidade Unida da Mooca
Em sua estreia no Grupo de Acesso, após ser campeã do Acesso I em 2018, a escola da Mooca levou para a avenida o enredo “Manto Sagrado, a história que o tempo bordou”, que contou o surgimento e a importância do Pavilhão, símbolo maior das escolas de samba. A agremiação fez belo desfile marcado pela organização e terminou a disputa na quinta colocação, com 268,6 pontos, na frente de tradicionais escolas, como a Camisa Verde e Branco, a Leandro de Itaquera e a Unidos do Peruche. “Estamos muito felizes com o resultado, pois sabíamos que seria difícil abrir o grupo de Acesso. Mas, com muita luta e esforço de toda a comunidade, conseguimos fazer o maior desfile da história da nossa escola. O carnaval do próximo ano já começou, o qual será muito difícil, pois contará com as escolas mais tradicionais de São Paulo na disputa (a Vai-Vai e Acadêmicos do Tucuruvi foram rebaixadas para o Acesso neste ano). O nosso sonho de chegar ao Grupo Especial persiste”, declarou o presidente da Mocidade, Rafael Falanga.

Unidos de São Lucas
Em seu terceiro Carnaval seguido no antigo Grupo 2, atualmente chamado de Grupo Especial de Bairros, a tradicional escola desfilou na última segunda-feira, dia 4, na avenida Eliseu de Almeida, no Butantã. Devido a problemas no segundo carro alegórico, que quebrou no meio do desfile, a agremiação foi punida e terminou na penúltima posição, com 265,7 pontos, resultando na queda para o Grupo de Acesso I de Bairros. “Infelizmente esta fatalidade nos prejudicou e perdemos muitos pontos. Além de punição por perder uma alegoria, estouramos o tempo na avenida em 20 minutos. Se não fossem esses problemas teríamos ficado entre as três primeiras”, comentou a presidente da Unidos, Maristela do Amaral.

Mais agremiações
A Uirapuru da Mooca não conseguiu empolgar os jurados e ficou na 11ª posição do Grupo de Acesso II com 267,9 pontos. A Combinados do Sapopemba também não teve bom desempenho no Grupo de Acesso II e ficou na última posição, com 267,5 pontos, sendo rebaixada para o Grupo Especial de Bairros. A Dragões de Vila Alpina, que desfilou pelo Grupo de Acesso I de Bairros, ficou na 9ª colocação, com 178,3 pontos e se manteve. A Cabeções de Vila Prudente somou 177 pontos e ficou na 9ª posição do Grupo de Acesso II de Bairros, onde permanecerá em 2020.

Prefeitura vai desativar base do SAMU na região


Portaria do prefeito Bruno Covas (PSDB) publicada no Diário Oficial no fim de fevereiro, que determina o fechamento de 31 das 58 unidades do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) da cidade, está provocando polêmica e terá reflexo na região. A unidade situada na confluência das avenidas Anhaia Mello e Salim Farah Maluf, denominada Água Rasa, será desativada até o fim do mês.

A administração municipal defende que essas unidades modulares – que funcionam em contêineres alugados – tiveram seu contrato encerrado para redução de gastos. As equipes e as viaturas estão sendo realocados para espaços das demais unidades de saúde da cidade. A Prefeitura afirma ainda que esse processo vai ampliar o atendimento em mais de 70 pontos de apoio.

Os funcionários do SAMU rebatem as justificativas do governo. Eles argumentam que apenas os serviços foram descentralizados, sem aumento de funcionários e viaturas. E que muitos dos novos locais não oferecem condições de estrutura como as bases atuais.  Funcionários da base Água Rasa, que pediram para não serem identificados, informaram que as equipes da região serão realocadas para a AMA Hermenegildo Morbin Júnior, no Jardim Independência, e para o Hospital Ignácio Proença de Gouveia (antigo João XXIII), na Mooca.

“As bases atuais estão em pontos estratégicos da cidade, com acomodações dignas e banheiros com chuveiro e vestiários. Contam ainda com segurança, serviço de limpeza, copa para refeições e estacionamento amplo e coberto para a ambulância que precisa de espaço adequado para poder deslocar-se com brevidade ao atendimento. Algumas dessas têm mais de uma ambulância.”, relata uma funcionária.

A vereadora Juliana Cardoso (PT), integrante da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, questionou o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, sobre a desativação das unidades e os locais inapropriados para alojar o serviço durante audiência pública realizada no final de fevereiro, mas não ficou satisfeita com a explicação. “Além de condições inadequadas para acomodar as equipes e ambulâncias, muitos desses novos locais não funcionam 24 horas como ocorre atualmente”, comenta a vereadora. “E o resultado é que haverá demora de tempo num serviço essencial que é o de salvar vidas”.

Outro lado

A Prefeitura informou que as mudanças fazem parte da nova fase do processo de ampliação e descentralização do SAMU, iniciado em 2017. Segundo a administração municipal, “o plano prevê o aumento de 58 para 78 bases descentralizadas e a integração com as unidades de saúde irá gerar sinergias entre as equipes do SAMU e das unidades assistenciais, qualificando ainda mais o atendimento”. Outro objetivo da mudança, segunda a Prefeitura, “é aprimorar o aproveitamento dos recursos humanos e materiais do SAMU, cobrindo os territórios de forma mais efetiva”. Foi ressaltado que aproximar as equipes de prontidão dos locais de atendimento é uma forma efetiva de reduzir o tempo de resposta aos chamados. (Gerson Rodrigues / Colaboração André Kuchar)

CEE Arthur Friedenreich retoma atividades neste mês

Após permanecer por quase três anos em situação de abandono e funcionando parcialmente, o Clube Escola Vila Alpina – mais conhecido como CEE Arthur Friedenreich – está prestes a ser reativado. O tradicional espaço para a prática de esporte e lazer na região passa por obras estruturais desde o final do ano passado e a reabertura oficial está marcada para o próximo dia 30. Equipamentos importantes estão sendo recuperados e outros construídos. Apesar da boa notícia, o ponto negativo é a indefinição de quando o complexo aquático será reformado. A comunidade está sem as três piscinas públicas desde dezembro de 2015.

O enorme ginásio poliesportivo recebeu pintura interna e está em fase de troca de piso. Além disso, foram construídas duas quadras – uma poliesportiva e outra exclusiva para a prática de tênis. Outra novidade é a troca do muro que cercava o campo principal por gradis, que auxiliará na segurança da unidade por melhorar a visibilidade. Benfeitorias também serão realizadas na pista de corrida e caminhada, que ganhará pedriscos e novas marcações.

Segundo o coordenador do clube, Marcos Araújo Santos, nomeado para o cargo em novembro passado, a Secretaria Municipal de Esportes destinou R$ 108 mil exclusivamente para a recuperação do ginásio. As outras intervenções estão sendo realizadas pela Secretaria Municipal de Educação por conta da retomada das obras do Centro Educacional Unificado (CEU) Vila Prudente, que, além da construção do prédio educacional, também prevê a recuperação do clube. “Nessa primeira etapa foram construídas duas quadras, o muro foi trocado por grades e a pista de corrida e caminhada será recuperada. A promessa é que a próxima fase seja focada na recuperação das piscinas”, declarou o coordenador. A Folha questionou a Secretaria de Educação sobre o complexo aquático e não recebeu resposta até o fechamento desta matéria.
Além das reformas estruturais, a unidade conta com segurança 24 horas, cujo serviço é realizado por oito agentes que se revezam em três turnos. O clube também possui dois funcionários responsáveis pela manutenção e uma equipe de limpeza está em fase de contratação.

“Antes do início das obras utilizávamos o espaço no improviso e, mesmo assim, mais de 300 crianças de baixa renda da região estavam sendo atendidas com aulas de diversas modalidades esportivas, como karatê, futebol e atletismo. Agora, com a recuperação do ginásio e as novas quadras poderemos atender mais pessoas. A intenção é trazer a população de volta para este espaço”, comentou o coordenador.  Ele afirmou que também estão sendo firmadas parcerias com universidades para estudantes de Educação Física ministrarem aulas de forma gratuita.

O CEE Arthur Friedenreich foi fechado em dezembro de 2015, quando a gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) resolveu iniciar as obras do CEU Vila Prudente nas dependências do clube. Depois de muita cobrança da comunidade, o campo de futebol foi reaberto assim como a pista de caminhada. A promessa da Prefeitura era de construir o CEU e recuperar a unidade esportiva até dezembro de 2016, mas as obras atrasaram e acabaram paralisadas na gestão de João Doria (PSDB) em junho de 2017 por falta de verba. Os trabalhos foram retomados em outubro do ano passado e a nova previsão de entrega ficou para 2020.

Ginásio receberá piso novo

 

As famosas “Bracciolas”

Também chamada de bife à role, a bracciola (um derivativo de bracinho no idioma italiano) surgiu na Europa como forma de aproveitar as carnes mais duras de bovinos e suínos. Por isso são recheadas e levam um tempo maior de cozimento. Como é um prato muito difundido, existem diversas formas de prepará-lo. A receita a seguir é uma suculenta sugestão, mas você pode alterar o recheio ou acrescentar algum de sua preferência.

Ingredientes:

10 bifes de coxão duro;

200 grs de coxão duro moído;

100 grs de bacon sem o couro, moído junto com a carne;

50 grs. de pimentão verde em filetes;

100 grs. de azeitonas pretas sem caroço;

200 grs de cenoura em filetes;

2 latas de tomate pelado em cubos;

150 ml de vinho tinto seco;

1 cebola média picada;

4 dentes de alho picados;

30 ml de azeite de oliva;

Orégano, sal, páprica picante e cheiro verde picado a gosto.

Preparo:

Tempere os bifes com sal e páprica mantendo o filete de gordura, pois isto agrega sabor ao molho. Divida por igual em 10 partes a carne moída com bacon, o pimentão, as azeitonas, o cheiro verde e a cenoura. Recheie cada bife com estes ingredientes, acerte o sal e enrole firmemente, prendendo as pontas com um palito. Atravesse um ou dois palitos pelo meio também, assim ficam mais firmes.

Numa panela de pressão grande, sele as bracciolas em azeite quente. Junte o alho e a cebola e deixe dourar um pouco. Na sequência, agregue os tomates pelados, 200 ml de água e o vinho tinto e leve ao fogo médio até iniciar fervura. Abaixe um pouco o fogo e deixe por cerca de 35 minutos. Verifique o ponto e se necessário, deixe mais um pouco no fogo baixo com a panela destampada, desta forma o molho apura um pouco mais. Retire cuidadosamente todos os palitos.

Sirva com macarrão parafuso de grano duro e cubra com bastante molho. Salpique aquele belo queijo parmesão ralado na hora. Bom apetite!

*Receita cedida pela Cantina Dopo Lavoro.

 

 

 

Escola infantil é vandalizada e furtada de novo

A escola municipal de educação infantil (EMEI) Quinta das Paineiras, em Vila Prudente, foi invadida seguidamente durante o feriado prolongado de Carnaval. As salas de aula ficaram bagunçadas, com muitos materiais didáticos destruídos e quatro relógios de parede foram levados. Porém, desta vez, as ações de vandalismo e furto foram filmadas por câmeras de segurança da unidade. Acionada por vizinhos, equipe da Polícia Militar chegou a flagrar a primeira das invasões, com menores dentro da unidade. Funcionários suspeitam que são os mesmos que retornaram nos dias seguintes.

A primeira invasão aconteceu na noite da sexta-feira, dia 1º, por volta das 21h. As imagens das câmeras mostram cerca de três menores no interior da escola, circulando pelas salas de aula e jogando ao chão brinquedos, livros e outros materiais. As filmagens registraram ainda a chegada de uma equipe da Polícia Militar que flagrou os menores dentro da unidade. No entanto, nos dois dias seguintes as cenas se repetiram e os funcionários da escola acreditam que são os mesmos meninos flagrados pela PM. Nas imagens também é possível ver, em outro momento, um homem entrar na escola com uma mochila e sair com um dos relógios de parede na mão.

“Tivemos conhecimento do ocorrido porque um pintor que está prestando serviço à escola esteve na unidade durante o feriado e encontrou tudo bagunçado. Infelizmente, mais uma vez, quem fica com os prejuízos são as crianças atendidas, que perderam muito materiais, principalmente livros e brinquedos”, declarou uma funcionária que prefere não se identificar. “Solicitaremos à Diretoria Regional de Ensino uma verba para implantarmos alarme nas salas de aula, o que pode ajudar a inibir essas invasões”, completou. O caso foi registrado ontem no 56º Distrito Policial – Vila Alpina, onde o caso será investigado para identificação dos responsáveis.

A Folha também procurou o 21º Batalhão de Policia Militar, mas não obteve retorno até o fechamento da edição.

Histórico
Em junho do ano passado a Folha publicou matéria semelhante, quando a EMEI foi invadida, vandalizada e um televisor foi furtado. Na época funcionários da escola organizaram uma caminhada pelas ruas da região com os alunos para sensibilizar a vizinhança a zelar pela escola e acionar a Polícia Militar sempre que percebesse alguma movimentação suspeita.

No final de 2014, a Folha retratou outro caso ocorrido na unidade. Na época a escola também foi invadida em um final de semana e foram levados vários equipamentos eletrônicos e até alimentos para a merenda das crianças. O prejuízo estimado na ocasião foi de R$ 13 mil.