De acordo com a medição do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura, entre às 19h do domingo até 7h da segunda-feira choveu na Capital paulista o correspondente a 32,6% do volume esperado para todo o mês de março. A Vila Prudente foi a segunda região da cidade com o maior volume de chuva: 103,3 mm³, perdendo apenas para o Jabaquara com 109,5 mm³. Porém, a Prefeitura avaliou que as áreas das subprefeituras de Vila Prudente e do Ipiranga foram as mais atingidas pelos alagamentos, porque enfrentaram transbordamentos do rio Tamanduateí e córregos, além do Piscinão Guamiranga.
Na avaliação do governo municipal, os temporais com índices históricos nos municípios vizinhos de Santo André e São Caetano tiveram impacto direto no caos na Vila Prudente e na área empresarial da Mooca. O rio Tamanduateí, que corta o ABC, transbordou violentamente colocando as subprefeituras de Vila Prudente, Ipiranga, Mooca e Sé em estado de alerta das 22h do domingo até as 5h da segunda-feira. No entanto, trechos das avenidas Anhaia Mello, do Estado e Dr. Francisco Mesquita (foto acima) continuavam alagados na manhã da segunda-feira.
A Subprefeitura de Vila Prudente (SUB-VP) afirmou que a situação ocorrida “foi absolutamente imprevisível e extraordinária e não havia qualquer ação preventiva que pudesse corrigir o que aconteceu”. Além da avenida do Estado e da avenida Dr. Francisco Mesquita, houve alagamentos intransitáveis na rua Guamiranga e em diversos pontos da avenida Anhaia Mello onde também ocorreu o transbordamento do córrego da Mooca.
De acordo com a SUB-VP, a região recebeu a colaboração de diversas subprefeituras para amenizar os transtornos, em especial da Subprefeitura Sapopemba, que nos forneceu uma equipe de limpeza de boca de lobo, e da Subprefeitura Ermelino Matarazzo que cedeu uma equipe de hidrojato, para sucção da água e limpeza das galerias. A Subprefeitura Mooca não emitiu notas sobre o ocorrido.
Piscinão transbordou na noite do domingo
Inaugurado em fevereiro de 2017 pelo Governo do Estado entre a rua Guamiranga e a avenida Dr. Francisco Mesquita, na Vila Prudente, o Piscinão Guamiranga é o maior da cidade de São Paulo. Foi projetado para acumular 850 milhões de litros de águas das chuvas – o equivalente a mais de 390 mil piscinas olímpicas. Mas, tamanha capacidade não foi suficiente na noite do último domingo, dia 10. O reservatório transbordou às 21h30.
O Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), responsável pela construção e manutenção do piscinão, afirmou que as chuvas acima da média neste mês de março levaram ao trasbordo. Foi ressaltado que “sem o reservatório, a região teria sofrido impactos ainda maiores, principalmente nas avenidas do Estado e Dr. Francisco Mesquita”.
Em resposta ao questionamento da Folha, foi informado que a limpeza do reservatório é realizada, no mínimo, uma vez ao ano e que a manutenção pode ser feita mais vezes, conforme a necessidade. Não foi esclarecido se houve mudança nessa metodologia em razão da sequência de fortes chuvas desta temporada.
Fevereiro foi o mais chuvoso dos últimos 24 anos em São Paulo e nos 11 primeiros dias de março, a cidade recebeu 90,6% do volume de chuva esperado para todo o mês. (Kátia Leite)