Situação de emergência na Henry Ford e arredores
Cenário de guerra: foi assim que proprietários de empresas e milhares de trabalhadores encontraram a avenida Henry Ford na manhã do dia 11, após a enchente histórica na Vila Prudente e na Mooca

 

A conta dos prejuízos provocados pela violenta enchente que atingiu a Vila Prudente e a Mooca nos últimos dias 10 e 11, não para de aumentar para várias dezenas de empresários das avenidas Henry Ford e Presidente Wilson e ruas dos arredores, como a Capitão Pacheco e Chaves, Cadiriri e João Padilha. A situação está dramática em algumas empresas. Além do desespero financeiro e do risco iminente de demissões de milhares de funcionários, os proprietários ainda enfrentavam o descaso da Prefeitura que sequer tinha visitado as áreas afetadas e a região não constava no decreto municipal 58.660, de 12 de março, que estipulava situação de emergência em áreas prejudicadas pelas águas. Eles dependem do decreto para pleitear isenções fiscais. Para resolver esse impasse, mais de cem empresários se reuniram na manhã da última segunda-feira, dia 25, na empresa Novalata Embalagens Metálicas na avenida Henry Ford, 386, e conseguiram expor a situação ao secretário municipal da Casa Civil, João Jorge. Ele participou do encontro a convite da vereadora Edir Sales (PSD), que já havia se reunido com os empresários na semana passada e tomado ciência da situação caótica 

Os empresários destacaram ao secretário que era uma reunião histórica: nunca antes tantos proprietários de empresas da região se uniram desta forma. Praticamente todos que pediram a palavra ressaltaram que precisavam de ajuda rápida para “salvar as empresas e os empregos que geravam”. Vários também fizeram questão de ressaltar que as empresas da Henry Ford, Presidente Wilson e arredores pagam mais impostos e geram mais empregos que a fábrica da Ford em São Bernardo do Campo, que foi alvo de atenção direta do governador João Doria (PSDB) quando anunciou recentemente que encerraria a produção.

A comissão entregou um manifesto ao secretário pedindo a inclusão dos locais atingidos no decreto de situação de emergência da Prefeitura, isenção do IPTU por cinco anos e redução de 5% para 2% do ISS. No documento pleiteiam ainda ajuda dos governos estadual e federal.

No final da reunião o secretário adiantou que a reivindicação da declaração de situação de emergência seria atendida. O decreto foi publicado no Diário Oficial de ontem, 28 de março, incluindo toda a extensão da avenida Henry Ford; a avenida Presidente Wilson, entre a rua Presidente Batista Pereira até a avenida Guido Aliberti; a rua Capitão Pacheco e Chaves, do viaduto até a rua Ingaí; e a rua João Padilha, da Capitão Pacheco e Chaves até o fim. Entre as vias reivindicadas, faltou a rua Cadiriri. No mesmo decreto foi incluída ainda a extensão completa da rua Guamiranga. (Kátia Leite)

Secretário municipal João Jorge, ao lado da vereadora Edir Sales, ouve reivindicação de empresário
Reunião nesta semana na Novalata, na avenida Henry Ford, reuniu mais de cem representantes de empresas atingidas pelas cheias


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Quase 20 dias depois da violenta enchente que atingiu a região, empresas ainda limpam as suas instalações, tentam recuperar maquinários e não param de calcular os prejuízos com as perdas de matérias-primas e de dias de produtividade. A estimativa de um grupo constituído por cerca de 100 empresários instalados na avenida Henry Ford, rua Cadiriri, avenida Presidente Wilson, rua Capitão Pacheco e Chaves e proximidades é de R$ 500 milhões em prejuízos, o que pode acarretar demissões em massa. Juntas, essas companhias empregam cerca de 10 mil trabalhadores de forma direta e o triplo de pessoas indiretamente.

Nesta semana, o responsável pela empresa Sudeste Armazéns Gerais, na avenida Henry Ford, 511, ainda tentava recuperar e organizar o pouco que sobrou dos documentos e mercadorias que mantinha no enorme galpão de 10 mil m². A totalidade do imóvel foi invadida pela enchente na madrugada do último dia 10. “Guardamos enorme quantidade de variados tipos de mercadorias de terceiros, que alugam nossos espaços. Aqui dentro temos materiais de saúde, beleza, alimentos, tecidos e quase tudo foi destruído com o alagamento, que foi o pior desde que chegamos nesse local em 1992”, contou o empresário Vitalino Mafioleti, que está com o seu negócio parado. “Foram perdidos cerca de R$ 45 milhões em mercadorias que estavam aqui dentro. Não tenho ideia de como faremos para nos reerguer. O poder público precisa fazer algo para ajudar”, completou.

A empresa Novalata Embalagens Metálicas, que ocupa diversos galpões na avenida Henry Ford há quase 30 anos e emprega cerca de 1.200 pessoas, teve enorme parte do estoque destruído, assim como muita matéria-prima e maquinários. O setor administrativo da companhia também foi atingido. “Perdemos mais de três mil toneladas de material. Quase 30 computadores e o nosso servidor foram danificados. Passamos quatro dias com a produção parada para limparmos a sujeira. Quase todos os setores ficaram repletos de lama. Somente nesses dias improdutíveis somamos um prejuízo de aproximadamente R$ 25 milhões, fora o que perdemos de produtos e equipamentos”, comentou um dos diretores da Novalata.

Na rua Capitão Pacheco e Chaves, a empresa de logística TKT e a importadora de vinhos Caves Santa Cruz tiveram 95% da frota de veículos afetada. “Cerca de 90 caminhões e outros carros foram alagados. Estamos tentando recuperar todos, mas já gastamos muito dinheiro. Estimamos que o nosso prejuízo seja de aproximadamente R$ 500 mil”, contou o empresário Ramiro Cruz, responsável pelas duas companhias. “Estamos na região há mais de 50 anos e nunca enfrentamos uma enchente como essa. Algo diferente aconteceu e um volume muito maior de água nos atingiu”, completou. (Gerson Rodrigues)

Na empresa Sudeste Armazéns, proprietário afirma que perdeu R$ 45 milhões em mercadorias estocadas e não sabe como vai se reerguer
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