Quem passa pela rua Falchi Gianini, na Vila Prudente, constata que sempre existe muito descarte de água do canteiro de obras onde o Metrô constrói o poço de Ventilação e Saída de Emergência (VSE) do prolongamento da Linha 2-Verde. O líquido desce em abundância pela via, no sentido da avenida Anhaia Mello. No entanto, vizinhos denunciam que não ocorre o tratamento adequado da água, que acaba lançada na sarjeta junto com cimento. Há marcas do material no leito da rua.
“O destino final dessa mistura são as galerias da Prefeitura. Estamos chegando em mais uma temporada de chuvas e essa ação irresponsável pode agravar ainda mais as enchentes na Anhaia Mello e ruas transversais”, comenta um morador dos arredores.
Questionada pela Folha, a Secretaria Municipal das Subprefeituras, por meio da Subprefeitura Vila Prudente, informou que após vistoria na rua Falchi Gianini, altura do número 736, “foi constatado o descarte de material cimentício nas bocas de lobo, vindo das obras realizadas pela companhia responsável pela intervenção”. De acordo com a Secretaria, foram aplicadas duas multas à empresa no valor total de 32 mil reais. As sanções foram lavradas com base na Lei 13.478/2002, artigos 169 e 164, que regulamenta a Lei de Limpeza Urbana. Foi esclarecido ainda que a Subprefeitura Vila Prudente realizou a retirada dos materiais dos bueiros e também a limpeza da via.
O Metrô respondeu na quarta-feira, dia 1º, que “mantém rotina de inspeção em toda as unidades de obras. No caso do lançamento de água na calçada, o consórcio já foi notificado e garantiu a eventualidade. Atualmente o líquido lançado está dentro de padrões adequados”.
Mais queixas
A vizinhança do canteiro de trabalhos reclama ainda da poeira que invade residências e tem provocado problemas de saúde. “Quando abastecem o cilindro de aço, com cimento para a obra, uma nuvem de pó é lançada na atmosfera, poluindo as casas em volta”, ressalta um morador. Outra queixa assídua é sobre o barulho constante, inclusive durante a madrugada.
O Metrô lamentou os transtornos e afirmou “que adota todas as medidas necessárias para que a população do entorno tenha incômodos cada vez menores”. Sobre a poeira, argumentou que o consórcio emprega continuadamente ações para aliviar a poeira e melhorar a qualidade do ar umedecendo o solo que será exposto ao trabalho. Foi esclarecido que o consórcio tem autorização para trabalhar em três turnos durante 24 horas, mas o Metrô mantém um programa de medição de ruídos para implantar medidas de diminuição.
O poço em construção na rua Falchi Gianini terá 50 metros de profundidade e 32 metros de diâmetro. Será o ponto de partida do túnel de via que irá conectar o trecho novo da Linha 2 ao que já está em operação, entre a Vila Prudente e Vila Madalena. No poço também começará a escavação dos túneis de estacionamento de trens e ponto de chegada do Tatuzão que vai operar nas obras de expansão.