Faltando 15 dias para o inverno, São Paulo ainda enfrenta perigosa epidemia de dengue. Os casos continuam subindo vertiginosamente. No intervalo de uma semana, foram mais de 43 mil pessoas infectadas. O boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde na última segunda-feira, dia 3, aponta que a cidade atingiu 412.778 ocorrências da doença neste ano. No boletim de uma semana atrás eram 369.580 casos.
Infelizmente, também há recorde de mortes. Já são 194 óbitos causados pela doença em 2024 e outros 373 suspeitos seguem em investigação. Números assustadores. A título de comparação, em 2023 a capital paulista registrou 10 mortes provocadas pela dengue.
Na região, a explosão de casos não é diferente. O distrito de São Lucas soma 4.726 moradores que testaram positivo desde janeiro. No boletim anterior eram 4.274 – ou seja, não há sequer tendência de estagnação dos números por enquanto. A sede da Subprefeitura Vila Prudente fica no São Lucas, distrito que concentra ainda bairros como Jardim Independência, Vila Ema e Parque São Lucas, entre outros.
Na Vila Prudente, são 2.384 ocorrências de moradores infectados contra 2.170 da semana passada. A Água Rasa registra 2.074 e no boletim anterior eram 1.881. O distrito da Mooca era o único da região abaixo de mil casos até a última contagem. Mas, ultrapassou a marca e conforme o boletim desta semana, tem 1.140 ocorrências de dengue.
No Sapopemba, distrito que faz divisa com a região, já são absurdos 8.109 casos neste ano. Apesar de o boletim ter sido divulgado na última segunda-feira, os números correspondem aos casos até 29 de maio.
A impressão que fica é que a Prefeitura está à espera do frio para conter a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Não há outro grande plano em prática – aliás, a Prefeitura não está mais divulgando as ações contra a dengue com a mesma intensidade de antes, apesar dos números seguirem em preocupante alta. Em entrevista à imprensa, o próprio prefeito Ricardo Nunes (MDB) admitiu no mês passado, que o “calor fora de época” retardou a queda de casos esperada com o final do verão.
É fácil se isentar de responsabilidades colocando a culpa ora no calor, ora na chuva. E pior, demonstra que a saúde e a vida da população estão à mercê das condições climáticas. Outra má notícia é que com o excesso de novas edificações na cidade, principalmente aqui na região, as chamadas ilhas de calor tendem a ter novos recordes de temperaturas. Porém, a Prefeitura se contenta em criar “meio parque” e fazer marketing em cima da equivocada decisão, ao invés de aproveitar a totalidade da única área disponível na divisa da Mooca com a Vila Prudente. Seria a grande chance de tentar o equilíbrio climática para as gerações futuras.