Previsão da Prefeitura é entregar Parque da Mooca em agosto

Do terreno de 100 mil m² entre as ruas Barão de Monte Santo e Dianópolis, a Prefeitura promete entregar no segundo semestre um parque de cerca de 47 mil m². Nos últimos 21 anos, a luta da Folha e da comunidade foi pela preservação total como área verde (veja mais no Colunão). Porém, no restante do terreno serão erguidas torres de prédios.

As obras do parque já foram iniciadas e na tarde ontem, dia 6, ocorreu evento simbólico com a presença do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e do secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Rodrigo Ravena. Eles plantaram uma muda de ipê no terreno. O evento foi acompanhado pelos vereadores Adilson Amadeu, Ricardo Teixeira, Edir Sales, João Jorge e Rinaldi Digilio, além do subprefeito da Mooca, Marcus Vinicius Valério.

O secretário Ravena garantiu que o parque será entregue em agosto, mês de aniversário da Mooca. A Prefeitura conseguiu a posse do terreno através da Transferência de Potencial Construtivo com a Ezetec, que adquiriu a área após a descontaminação do solo. No passado, funcionou no local uma distribuidora de combustíveis da Esso. Ravena enalteceu a importância da parceria público-privado para agilizar os trabalhos. Os grupos Ezetc e Água Santa atuarão na construção do parque que será uma faixa linear, com frente para a rua Dianópolis. Do outro lado do terreno, na rua Barão de Monte Santo, serão construídos grandes empreendimentos residenciais.

Vizinho do terreno e desde o início na luta pelo parque de 100 mil m², o jornalista Mauricio Rudner Huertas fez duras críticas: “O prefeito-candidato vem caçar votos com uma historinha bem mal contada, de uma promessa antiga que era o parque em 100% da área e vai virar jardim linear de luxo dos condomínios que estão sendo erguidos na outra metade do terreno, privilegiando um grupo de amigos endinheirados em vez da qualidade de vida de toda a população”.

O Projeto de Lei 32/2018, de autoria do ex-vereador e ex-secretário do Verde e Meio Ambiente, Gilberto Natalini, previa a criação de parque em 100% do terreno. Mas, a atual composição da Câmara Municipal, incluindo os vereadores presentes no evento, aprovou a Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí, que estipula o parque em menos da metade do terreno. (Kátia Leite)

 

Editorial: Dengue – À espera do inverno

Faltando 15 dias para o inverno, São Paulo ainda enfrenta perigosa epidemia de dengue. Os casos continuam subindo vertiginosamente. No intervalo de uma semana, foram mais de 43 mil pessoas infectadas. O boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde na última segunda-feira, dia 3, aponta que a cidade atingiu 412.778 ocorrências da doença neste ano. No boletim de uma semana atrás eram 369.580 casos.

Infelizmente, também há recorde de mortes. Já são 194 óbitos causados pela doença em 2024 e outros 373 suspeitos seguem em investigação. Números assustadores. A título de comparação, em 2023 a capital paulista registrou 10 mortes provocadas pela dengue.

Na região, a explosão de casos não é diferente. O distrito de São Lucas soma 4.726 moradores que testaram positivo desde janeiro. No boletim anterior eram 4.274 – ou seja, não há sequer tendência de estagnação dos números por enquanto. A sede da Subprefeitura Vila Prudente fica no São Lucas, distrito que concentra ainda bairros como Jardim Independência, Vila Ema e Parque São Lucas, entre outros.

Na Vila Prudente, são 2.384 ocorrências de moradores infectados contra 2.170 da semana passada. A Água Rasa registra 2.074 e no boletim anterior eram 1.881. O distrito da Mooca era o único da região abaixo de mil casos até a última contagem. Mas, ultrapassou a marca e conforme o boletim desta semana, tem 1.140 ocorrências de dengue.

No Sapopemba, distrito que faz divisa com a região, já são absurdos 8.109 casos neste ano. Apesar de o boletim ter sido divulgado na última segunda-feira, os números correspondem aos casos até 29 de maio.

A impressão que fica é que a Prefeitura está à espera do frio para conter a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Não há outro grande plano em prática – aliás, a Prefeitura não está mais divulgando as ações contra a dengue com a mesma intensidade de antes, apesar dos números seguirem em preocupante alta. Em entrevista à imprensa, o próprio prefeito Ricardo Nunes (MDB) admitiu no mês passado, que o “calor fora de época” retardou a queda de casos esperada com o final do verão.

É fácil se isentar de responsabilidades colocando a culpa ora no calor, ora na chuva. E pior, demonstra que a saúde e a vida da população estão à mercê das condições climáticas. Outra má notícia é que com o excesso de novas edificações na cidade, principalmente aqui na região, as chamadas ilhas de calor tendem a ter novos recordes de temperaturas. Porém, a Prefeitura se contenta em criar “meio parque” e fazer marketing em cima da equivocada decisão, ao invés de aproveitar a totalidade da única área disponível na divisa da Mooca com a Vila Prudente. Seria a grande chance de tentar o equilíbrio climática para as gerações futuras.