Há oito meses, quatro colunas que sustentam os trilhos da Linha 15 – Prata despertam curiosidade e preocupação em quem passa pelo trecho entre as estações Vila Prudente e Oratório, na altura da avenida Salim Farah Maluf, onde existe o viaduto. É impossível não notar a grande obra que acontece em toda a estrutura dos pilares, da base ao topo. Os trabalhos têm se estendido até a noite quando é comum ver caminhões despejando concreto para reforçar as colunas.
Em março, várias fotos circularam pelas redes sociais mostrando manchas pretas nos pilares que pareciam grandes rachaduras. Preocupados, vários usuários da linha procuraram a Folha e pediam explicações da Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô. Na época, o Metrô garantiu que as imperfeições observadas não comprometem a segurança da estrutura e que os passageiros podiam ficar tranquilos e fazer normalmente a viagem no trecho Oratório – Vila Prudente. Informou ainda que as supostas rachaduras eram marcas de “desgaste na película de verniz que com a água da chuva e o acúmulo de agentes poluentes provocam o escurecimento”. Complementou ainda que, naquele mês, seria iniciada a limpeza e posterior correção com aplicação de novo verniz.
Porém os trabalhos continuaram pelos meses seguintes voltando a levantar questionamentos de usuários e de circula pelo trecho se realmente era apenas desgaste da película de verniz. “O trabalho que presenciamos diariamente, há várias semanas no local, é muito mais do que uma simples limpeza ou aplicação de verniz como alegou o Metrô. A impressão é que detectaram outro problema nesses pilares”, comentou em julho o funcionário de uma empresa das imediações em matéria publicada pela Folha.
Abordada mais uma vez pelo jornal, a Companhia encaminhou a seguinte nota em 5 de julho: “o Metrô reitera que as imperfeições vistas em 4 dos 536 pilares instalados no monotrilho da Linha 15-Prata não comprometem a segurança nem alteram o conforto do usuário da linha. Mesmo assim, a empresa fabricante dessas estruturas de concreto vem realizando a manutenção adequada para complementação do reparo necessário, sem custo extra para o Metrô. Os pilares P31, P32, P33 e P34 estão recebendo tratamento com resina epóxi, cintamento e posterior cobertura em concreto nos poucos pontos de cada pilar nos quais se verificou essa necessidade. A limpeza e aplicação de novo verniz também vem sendo realizada e tem sido solução suficiente na maioria das marcas encontradas, já que se referem exclusivamente à estética do pilar”.
Na ocasião, poucos operários trabalhavam nos pilares e a obra era totalmente visível, já que não havia barreira de proteção como mostra a foto abaixo. A reportagem esteve ao lado dos andaimes montados nas colunas e fotografou os buracos abertos no entorno das bases. Depois da publicação da matéria, todo o canteiro de obras foi cercado e constantemente engenheiros são vistos supervisionando os trabalhos. Também aumentou a presença de maquinários.
“Recentemente teve esse problema de lentidão na linha, com os trens circulando muito devagar. Fica difícil de não associar com essa obra. Estão mandando muitos caminhões de concreto, sempre vêm à noite”, comentou um morador das imediações que ligou para a redação na semana passada.
Passados quatro meses da última resposta do Metrô, com a obra ainda em andamento e as constantes indagações de leitores, o jornal voltou a questionar o Metrô por e-mail perguntando entre outras questões, o que exatamente foi detectado nesses quatro pilares e se as demais colunas já foram inspecionadas. A assessoria informou – por telefone – que ocorre “manutenção preventiva para garantir a durabilidade centenária da construção”, que “não há sinalização da necessidade de obras em outras colunas” e insistiu que os trabalhos em andamentos não comprometem a segurança do transporte. (Kátia Leite)