Aconteceu na noite da segunda-feira,12, no salão nobre do Círculo de Trabalhadores de Vila Prudente, importante audiência pública da Câmara Municipal que tratou das mudanças em curso no Clube Escola, o conhecido CEE Arthur Friedenreich, por causa da retomada das obras do Centro Educacional Unificado (CEU) Vila Prudente – iniciadas em janeiro de 2016 e que deveriam estar concluídas há dois anos. A iniciativa foi do vereador Claudio Fonseca (PPS), através da Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa (CCJ). Foram convidados o secretário municipal de Esportes, João Faria, que foi representado pelo secretário-adjunto Erlon Lopes; e o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider, que não compareceu para dialogar com a comunidade, nem enviou representante.
Também estiveram presentes o vereador Rinaldo Digílio (PRB) e o presidente do Círculo e da Folha, Newton Zadra, além de lideranças locais e antigos usuários do clube. Presidindo a audiência, Claudio Fonseca mencionou que a vereadora Edir Sales (PSD) enviou representante e o ex-deputado Adriano Diogo (PT) não pode comparecer, mas se colocou à disposição para auxiliar.
Fonseca abriu a audiência explicando que o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) escolheu o Friedenreich e outros sete clubes da cidade para abrigar novos CEUs. Expôs ainda, justificando com números, que não existe falta de vagas na rede pública da Vila Prudente. “Não havia a necessidade de usar a área do clube para CEU”, afirmou destacando que no Tatuapé foi cometido o mesmo erro. “O Friedenreich necessitava de reformas para ser transformado em um complexo olímpico e cultural”, destacou Fonseca.
O vereador Digilio cobrou prazos da Prefeitura para devolver o espaço à comunidade. Newton Zadra lembrou que a região pleiteia há mais de dez anos um Centro Cultural com teatro e salas de oficinas e que o projeto que estava em curso na Secretaria Municipal de Cultura foi abortado com a promessa de que o CEU englobaria todas essas funcões, porém o teatro em construção no espaço está muito aquém dos teatros de outros CEUs da cidade. “Não somos contra o CEU, mas a construção dentro do Friedenreich é dessas coisas incompreensíveis”, destacou.
Na sequência foi aberta a palavra ao público. Alexandre Bonfim defendeu que há bastantes creches, mas faltam unidades de qualidade. “Não é só largar a criança em uma casa para passar o dia dormindo, tem que oferecer atividades culturais e esportivas. Então o CEU será importante, mas concordo que a comunidade tem que se unir para cobrar o funcionamento do Friedenreich”, afirmou. Claudio Di Giorgio reclamou que foi um erro construir um CEU em pleno Jardim Avelino, área nobre da região, e defendeu que o espaço tenha a utilização revista para centro cultural e esportivo. “Se a Prefeitura não tem condições de cuidar, que entregue o espaço ao Sesc”, argumentou.
Osmar Lemes dos Santos reclamou da dificuldade em dialogar com a Prefeitura. “Fui conselheiro participativo e do meio ambiente e nunca fomos consultados. Essa obra começou, agora vai ter que acabar. Mas, precisamos muito da Câmara nos ajudando a fiscalizar”, pediu. Ele também cobrou que o clube não seja entregue para associação, como acontece com os Clubes da Comunidade (CDC): “Se acontecer isso, a população já sai perdendo”. Carla Ferraz, que já foi professora no Friedenreich, reclamou que atualmente estão acontecendo atividades pagas no local. Ela também lembrou que a Prefeitura não pode só pensar nas crianças. “Os idosos sempre foram a maior frequência do local”, ressaltou.
Com a ausência de representante da Secretaria de Educação, a comunidade ficou sem saber qual será o novo projeto do CEU, já que o secretário-adjunto de Esportes adiantou que a Prefeitura não dispõe da verba anunciada por Haddad três anos atrás. O espaço será administrado pelas duas secretarias: Esportes e Educação.
Lopes explicou que o clube voltou a contar com segurança privada e que aos poucos a comunidade contará com novas atividades. Ele adiantou que serão investidos R$ 108 mil na reforma do ginásio poliesportivo e garantiu que a Prefeitura vai estudar a possibilidade de reativar a piscina social ao invés da semiolímpica (leia mais na página 5). O secretário-adjunto comentou ainda que, por enquanto, não há recursos para a reforma do campo de futebol que foi destruído e que pelo projeto da gestão passada seria reinaugurado com gramado sintético. “Uma saída para reativarmos este campo é com emendas parlamentares. A comunidade deve fazer essa solicitação aos vereadores”, destacou. Lopes também afirmou que o Friedenreich terá administração direta. “Esse clube terá coordenador que responderá e deverá atender as diretrizes da Secretaria de Esportes”, completou.
A Folha esteve no clube na tarde da última terça-feira e constatou que já está sendo construída uma galeria de água pluvial para facilitar o escoamento nas futuras quadras poliesportivas. Também será derrubado o muro ao longo da avenida Jacinto Menezes Palhares, que será substituído por gradil.