Reunião ocorrida na tarde de ontem na sede do Ministério Público do Estado de São Paulo, com a presença de movimentos de saúde e de sindicatos e conselhos da área médica, foi decisiva para pressionar a Prefeitura a suspender a proposta de reestruturação do sistema de saúde que, entre outras mudanças, estipulava o fechamento das unidades de Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs). Na região, estava previsto para esta semana o encerramento dos atendimentos na AMA Hermenegildo Morbim Júnior (foto), no Jardim Independência.
O Ministério Público acompanhava o caso desde março, após ser acionado pela vereadora Juliana Cardoso (PT) e pelo ex-deputado estadual Adriano Diogo (PT), juntamente com movimentos de saúde da Zona Leste aflitos com as alterações propostas pelo governo municipal. Foi constituída uma comissão com representantes do Ministério Público, da Prefeitura e da sociedade civil, mas, embora as tratativas ainda estivessem em andamento, o governo municipal começou a colocar em prática a reestruturação.
Em resposta nesta semana ao ofício do Ministério Público, a própria Secretaria Municipal de Saúde anunciou o cronograma de fechamento das primeiras AMAs, a partir do último dia 1º, entre elas, a do Jardim Independência, que funciona anexa a UBS. A reportagem ligou na unidade na tarde de ontem e ninguém atendia as chamadas. Procurou então a UBS e um funcionário informou que os pacientes de urgência da AMA deveriam se dirigir ao pronto-socorro do hospital estadual de Vila Alpina, pois a UBS atende apenas consultas agendadas.
Usuários da AMA relatam que há 15 dias vêm tendo dificuldades para conseguir atendimento na unidade. “Começamos a ouvir a história do fechamento e caiu a quantidade de médicos. Cheguei a ir na AMA e voltar para casa sem ser atendida”, comenta Maria Aparecida, moradora do Jardim Independência. “Quando meus filhos têm febre ou dor de garganta, sempre procurei essa unidade no Jardim Independência. Estava bastante preocupada com a ideia absurda da Prefeitura fechar, sem oferecer opção antes. Não tem cabimento empurrar todo mundo para o hospital de Vila Alpina que já vive cheio e precisa atender casos mais graves”, comenta Ana Maria S., também moradora do bairro.
Para o ex-deputado Adriano Diogo, que vinha acompanhado os fechamentos de outros equipamentos, como o da UBS Jardim Tietê II, em São Mateus, existe grande contradição na proposta da Prefeitura. “O atendimento no SUS já deixa a desejar e tirando médicos, a população fica mais ainda desassistida”, comenta.
Na região também estava previsto o fechamento de outras AMAs. A promotora de Justiça da área de saúde de São Paulo, Dora Martins Strilicherk, esclareceu à imprensa que agora serão criados grupos com a sociedade civil e representantes da Secretaria de Saúde para discutir as necessidades específicas de cada localidade. (Kátia Leite/ Gerson Rodrigues)