A antiga reivindicação da comunidade de Vila Ema de ter uma Unidade Básica de Saúde (UBS) continua enfrentando obstáculos. Sem receber o repasse de verba da Prefeitura desde o final do ano passado, a Guerrero Construtora, responsável pela obra de construção da sonhada unidade, paralisou mais uma vez os trabalhos. A primeira suspensão aconteceu em maio do ano passado também por falta de pagamento do governo municipal.
Conforme a FolhaVP apontou em matéria publicada em fevereiro, quando o número de operários já estava escasso; além do atraso para entrega da unidade e a deterioração da estrutura já erguida, outros problemas começaram a surgir no local. Com a paralisação total dos trabalhos há quase dois meses, a situação está cada vez pior, porque moradores de rua e usuários de droga passaram a invadir o espaço durante a noite.
“Esta situação é um grande desrespeito com os moradores. Uma obra da saúde deveria ser prioridade, já que este setor é bastante carente na região. É inaceitável que uma construção deste porte paralise por falta de verba da Prefeitura. Tentaremos agendar uma reunião com o secretário de saúde para demonstrar a nossa indignação e cobrar agilidade na solução do impasse”, afirma a líder comunitária Fátima Zanin e integrante do Movimento de Saúde de Vila Ema.
Na manhã da última terça-feira, dia 25, cerca de 30 pessoas se reuniram no local da obra para buscar esclarecimentos e cobrar providências. O grupo foi recebido por uma representante da Guerrero Construtora, que se identificou como engenheira Suzana. “Infelizmente, desde o final de dezembro, a Prefeitura não nos transfere a verba. Por respeito e responsabilidade ainda mantivemos funcionários no local até o final de fevereiro, mas depois a situação ficou insustentável. Fomos obrigados a dispensar os trabalhadores”, conta a representante da empresa.
Questionada pela FolhaVP na ocasião da última matéria, a Secretaria Municipal de Saúde informou que o prazo de conclusão havia passado para o final deste ano – o que já causou revolta na comunidade porque a inauguração deveria ter ocorrido em agosto do ano passado.
Ainda em fevereiro, o órgão de saúde informou também que a construção contava com fundação do prédio, parte de alvenaria, do revestimento, pisos concluídos e que seriam investidos no total cerca de R$ 3,5 milhões. Nesta semana a reportagem da FolhaVP esteve no interior da unidade e constatou que a parte estrutural do prédio está finalizada, restando a implantação das instalações elétricas e hidráulicas, assim como acabamentos e limpeza da parte externa. A representante da construtora esclareceu que 70% da obra está pronta e o restante são detalhes que, se liberada a verba, levarão cerca de três meses para conclusão.
A vereadora Juliana Cardoso (PT), da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, afirmou que concentrará esforços para que a Prefeitura destine o montante que falta para a continuidade dos trabalhos. “Estamos cientes que a obra da UBS Vila Ema chegou a 70% do projeto de construção e está paralisada por causa do congelamento de verba determinado pelo prefeito João Dória. Como integrante da Comissão de Saúde estou atenta a esse problema e vamos insistir na liberação do dinheiro para conclusão dos trabalhos, bem como para a instalação dos equipamentos necessários para colocar essa unidade em funcionamento. A UBS é uma antiga e justa reivindicação da população de Vila Ema e que vai desafogar o atendimento da UBS Vila Heloísa”, afirmou a vereadora.
Questionada nesta semana, a Secretaria Municipal de Saúde informou que a pasta realizou estudos das obras em andamento deixadas pela antiga gestão e foram priorizadas as unidades em estágio mais avançado de construção ou consideradas estratégicas para o atendimento da demanda da região. Foi ressaltado que a atual gestão está, antes de reiniciar as construções, revisando os projetos para melhor atender as necessidades e otimizar o recurso financeiro disponível. Sobre a UBS Vila Ema especificamente, o órgão esclareceu que a obra está temporariamente suspensa, no entanto a unidade será entregue à população o mais breve possível, pois já foram investidos R$ 1,7 milhões dos R$ 3,5 milhões previstos. Não foi informado quando os trabalhos serão retomados. (Gerson Rodrigues)