Prefeitura abandona o Clube Escola Vila Alpina

Em dezembro de 2015, com o início da construção do Centro Educacional Unificado (CEU) Vila Prudente nas dependências do Clube Escola Vila Alpina, a unidade esportiva foi fechada. A interdição total indignou os usuários que reivindicaram a reabertura dos espaços que não seriam afetados pela obra. Um mês depois a Prefeitura voltou atrás e anunciou que o campo de futebol principal e a pista de caminhada permaneceriam funcionando. No entanto, o que os frequentadores não esperavam é o abandono do poder público. Segundo eles, não ocorrem manutenção ou melhoria no campo e na pista.

“Há mais de um ano o nosso local de lazer virou terra de ninguém. Ao invés da Prefeitura conservar o pouco que restou do clube, demonstrou ainda mais desprezo. Tiraram os vigilantes, nunca cortaram o mato e não fazem a limpeza. Sem falar que o único banheiro que ainda existe não possui água nas privadas, está sempre sujo e o odor é horrível”, contou o aposentado Carlos Francisco da Cunha, que todos os dias caminha em volta do campo.

A reportagem esteve na unidade e constatou que os problemas só não são piores graças às ações voluntárias de alguns frequentadores. Os amigos Eisso Mikaro e Magno Oliveira realizam atividade física no espaço todas as manhãs e, após a sessão de exercícios, se dedicam ao corte de mato e limpeza da área. “Se formos esperar a iniciativa da Prefeitura, ficaremos sem o nosso local preferido para exercícios. Por isso resolvemos, por conta própria, fazer um pouco pelo clube”, afirmou Oliveira segurando a sua enxada.

Quem também contribui com o equipamento de forma gratuita é o morador do Jardim Independência que se identificou como Viana. “Ajudo os clubes que jogam no clube com a manutenção do campo. Cuido das marcações com cal e tento cortar um pouco do mato. Todos os dias também retiro a torneira do único bebedouro existente para que não seja furtada”, contou  Viana.

Outra queixa dos frequentadores é a falta de segurança. “Muitas pessoas estão deixando de praticar suas atividades no clube por conta de usuários de droga que tomaram conta deste espaço. Eles fazem o que bem entendem por saberem que não serão incomodados. Precisa ter uma vigilância contínua”, afirmou um corredor que pediu para não ter seu nome divulgado.

A FolhaVP entrou em contato com a Secretaria Municipal de Serviços e Obras, antiga SIURB, que é responsável pela obra do CEU e, consequentemente pela manutenção do Clube Escola, mas nenhum posicionamento foi encaminhado ao jornal. (Gerson Rodrigues)

Usuários realizam trabalho voluntário na unidade
Prefeito visita o Círculo de Trabalhadores de Vila Prudente

Quando encerrou o mutirão na rua Itamumbuca no domingo, dia 2, o prefeito João Doria (PSDB) resolveu passar pelo Hospital Dia, na Praça do Centenário. Apesar da rápida visita, que não estava prevista na agenda oficial, Doria apontou algumas falhas nos banheiros e no saguão da unidade, onde reclamou de um problema que já foi alvo de queixa de paciente à FolhaVP e encaminhada à Secretaria Municipal de Saúde. No espaço há apenas um ventilador que fica virado para os funcionários. O prefeito pediu para providenciar a instalação de mais equipamentos para garantir também o bem estar dos pacientes.

Na sequência, Doria seguiu para o Círculo de Trabalhadores Cristãos de Vila Prudente, onde foi recepcionado pelo presidente da entidade e da FolhaVP, Newton Zadra, além de demais diretores. No local, concedeu breve entrevista ao jornal.

O prefeito voltou a elogiar a tranquila transição do governo Fernando Haddad (PT). “Acho que foi a única civilizada nos últimos 30 anos. Ainda que não tenha feito uma boa gestão em São Paulo, o Fernando é uma pessoa do bem e correta. Mas, a missão desde 1º de janeiro é tocar a nossa gestão, com todos os problemas que herdamos. Não adianta ficar toda hora dizendo à população que a culpa foi do governo passado, ela quer a solução para o presente e principalmente, uma motivação resolutiva para o futuro”, afirmou Doria.

Ele afirmou que ficou agradavelmente surpreendido com o grau de resposta das equipes de carreira da Prefeitura, mas usou seu bordão, ressaltando que ainda precisa “acelerar” e ser mais eficiente. “O Brasil perdeu o senso de urgência, a gestão pública tem que ser mais rápida, mais responsável”.

A reportagem da FolhaVP ressaltou ao prefeito a necessidade de preservar as poucas áreas verdes que restaram na região – a proporção por metro quadrado nos distritos da Mooca e Vila Prudente é uma das mais baixas da cidade e o excesso de concreto gera as chamadas ilhas de calor, provocando temperaturas mais elevadas que no restante de São Paulo. Doria quis saber a situação das áreas pleiteadas para parques e adiantou que a Prefeitura está com um déficit financeiro de R$ 7,5 bilhões, o que inviabiliza desapropriações. “Não podemos gastar dinheiro para nada, exceto educação, saúde e segurança, temos que segurar o freio para o resto”, afirmou. No entanto, Doria se comprometeu a conversar com os responsáveis pelas empresas proprietárias dos espaços, espacialmente com o grupo Tecnisa, dono do terreno na avenida Vila Ema esquina com a rua Batuns que abriga mais de 470 árvores, várias delas nativas da Mata Atlântica. A reportagem enviou posteriormente e-mail ao prefeito posicionando ainda sobre os terrenos da antiga fábrica da Linhas Corrente, no Jardim Independência, que pertence ao Grupo Zaffari; e do extinto depósito de combustíveis da Esso, na rua Barão de Monte Santo, na Mooca, que foi comercializado para a Construtora São José.  (Kátia Leite)