Desde a semana passada os frequentadores do enorme cemitério Quarta Parada, entre o Belém e o Tatuapé, acostumados a acessarem as campas pela entrada na altura do número 1.700 da avenida Álvaro Ramos, estão se deparando com o portão fechado. Por conta da medida tomada pela administração da unidade funerária – sem qualquer tipo de aviso prévio – as pessoas, boa parte delas idosa, são obrigadas a andarem bastante para chegarem até outro portão.
A medida, que muitos frequentadores classificaram como desnecessária, causou indignação também aos comerciantes instalados na avenida Álvaro Ramos, na altura do cemitério. “Trabalho há 60 anos no mesmo ponto e nunca presenciei um desrespeito desse com os cidadãos que querem visitar os entes que já se foram. As pessoas chegam nessa entrada e ficam perdidas, sem saber para onde ir. As mais idosas entram em desespero e chegam até a chorar porque terão que andar muito para entrar, sem falar que terão que caminhar muito lá dentro”, relata o comerciante do ramo de flores, Antônio Silva. “Além do sofrimento dessas pessoas, quem também está sendo prejudicado são os comerciantes. Fecharam o portão há uma semana e somente nesses dias tive um prejuízo de mais de R$ 1 mil”, conta.
Outro que discorda da medida é o comerciante Ademar de Moura. “A administração não percebe que essa entrada é muito utilizada? Fica em plena avenida Álvaro Ramos, onde passam quase todos os ônibus que atendem as pessoas que vêm ao cemitério”, esbravejou.
A reportagem da Folha ficou nas imediações do portão do cemitério na manhã da última quarta-feira e, em poucos minutos, presenciou várias pessoas surpreendidas com o fechamento. Uma senhora afirmou que voltaria para casa, pois não tinha saúde suficiente para caminhar tanto sob o sol. “Já sou idosa e não consigo andar tanto com esse calor. O que fizeram é um desrespeito. Sempre desço no ponto aqui perto e entro por esse portão para visitar a campa do meu marido, que fica bem perto dessa entrada. Agora terei que dar toda a volta para conseguir entrar e, além disso, andar muito lá dentro. Eu vou voltar para casa”, afirmou a aposentada Maria Conceição.
A Folha tentou falar com o administrador do cemitério, o qual não foi encontrado em nenhuma das tentativas. Já o Serviço Funerário do Município de São Paulo informou que em razão do grande número de veículos que usava como “atalho” a via interna do cemitério, colocando em risco a segurança dos visitantes, principalmente idosos e crianças, e servidores do local, o portão teve que ser fechado. O órgão informou ainda que está fazendo estudos e que em breve a passagem será reaberta somente para pedestres.