Vazamento de áudios revela situação crítica no Juventus

Além do mau momento no gramado – em cinco jogos na Série A2 do Paulista o Moleque Travesso ainda não venceu, o Clube Atlético Juventus agora é alvo de um escândalo envolvendo a diretoria executiva. Áudios divulgados na última quarta-feira, dia 7, em reportagem do site da Gazeta Esportiva, revelam a suposta tentativa do presidente Domingos Sanches e do vice Saulo Moisés Franciscon de burlar acordos contratuais com o objetivo de esconder do Conselho Deliberativo grandes prejuízos em eventos realizados pelo clube no ano passado. O caso pode levar ao primeiro impeachment da história do clube e já existe um grupo se articulando para fazer o pedido.

Os eventos citados nas conversas gravadas pelo ex-diretor de marketing do clube, Adriano Daré, são o Bacon Day, realizado na sede social nos dias 2 e 3 de setembro, e o Uma Noite Perfeita, que aconteceu no dia 22 do mesmo mês. Os áudios referem-se às articulações do presidente e do vice para supostamente elaborar uma falsa planilha para ser entregue à Comissão Fiscal do clube, além de tratativas de pagamentos que poderiam ser realizados sem nota do clube e a elaboração de contrato retroativo com a empresa do então diretor de marketing que serviria para maquiar prejuízo de cerca R$ 200 mil. O objetivo desse falso contrato era encobrir o pagamento da dupla sertaneja Henrique e Diego que se apresentou no segundo evento. O ex-diretor de marketing justificou as gravações das conversas como forma de se proteger, já que estavam querendo envolver a empresa dele.

Nas gravações, que antes de vazar à imprensa foram espalhadas via celular para diversos conselheiros e associados do clube, é evidenciada ainda a preocupação dos dois dirigentes que comandam o Juventus desde 31 de maio de 2016 com o que poderia ocorrer caso os prejuízos reais chegassem ao conhecimento do órgão de fiscalização do Conselho Deliberativo. Num dos trechos do áudio, os dirigentes dizem claramente que vão tentar demonstrar prejuízo de apenas R$ 30 mil ao invés de R$ 190. “É diferente você apresentar um prejuízo de 200 mil reais, 190 mil reais, e um prejuízo de 30 mil, 35 mil” disse o presidente em um dos áudios. A reportagem da Folha também recebeu os áudios, um deles com mais de 30 minutos de conversa.

A rápida propagação da gravação via celulares obrigou o presidente Domingos Sanches e o vice Saulo Franciscon a emitiram uma carta aos associados do clube, onde usam o ataque para se defendem. “Pelo que consta, tudo leva a crer que trata-se de mais uma armação política do Conselho Deliberativo desta vez organizada pela Comissão Fiscal (ilegítima). Certamente o objetivo é levar a trama para a Comissão de Sindicância e esta tentar acusar a diretoria executiva por transgressão estatutária”, diz trecho do documento.

Na tarde da última quarta-feira, dia 7, o presidente do Conselho Deliberativo, Itamar Colombini Capano, conversou rapidamente com a Folha. Segundo ele, o Conselho tem conhecimento do ocorrido desde o ano passado e já estava apurando, mas nesta semana os áudios foram vazados à imprensa. “Desde que ficamos sabendo estamos analisando o ocorrido para buscar a melhor solução para o clube. Teremos algumas reuniões nesta semana para definirmos o que fazer. Ainda é prematuro falar em afastamento do presidente. Há vários trâmites a seguir”, afirmou Capano, que confirmou ainda que solicitou ao presidente, mas aguarda há quase quatro meses as polêmicas planilhas relacionadas aos eventos citados.

A reportagem da Folha também tentou ouvir o presidente Domingos Sanches diversas vezes pelo celular, mas não obteve sucesso até o fechamento desta matéria. A assessoria de imprensa do Juventus enviou nota na noite da última quarta-feira afirmando que o clube “tomou conhecimento das gravações divulgadas pela imprensa e, de imediato, refuta o uso das mesmas, pois, não foram autorizadas por seus interlocutores”. O texto cita ainda que “as gravações não relatam qualquer irregularidades, sua divulgação é torpe, o que a torna clandestina e ilegítima e serão questionadas no âmbito do Poder Judiciário para responsabilizar os responsáveis criminalmente e civilmente”. Por fim destaca que “refutamos toda e qualquer iniciativa política objetivando criar um embate com a atual gestão”.