Acostumados com alagamentos, os moradores da rua Bento Sabino dos Reis, na Vila Ema, viveram momentos de pânico na tarde do último dia 19. A enchente que atingiu a via foi muito mais violenta e o volume de água chegou a derrubar comportas, destruir paredes e alcançar até as janelas de alguns imóveis. Não bastassem as perdas, a revolta só aumenta porque eles ainda têm que arcar com o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
“O valor do boleto encaminhado pela Prefeitura é de R$ 739,82. O governo municipal deve achar que moro em um lugar sem problema para exigir essa quantia. É muito desrespeito! Basta chover forte que as casas são destruídas, mesmo assim, somos obrigados a pagar um imposto que não vemos retorno”, declara a moradora e proprietária de um comércio instalado na rua, Neide da Silva.
Outro motivo de indignação é que em 2009 a Prefeitura fez uma grande obra de reforço de drenagem na redondeza, o que, segundo a comunidade local, minimizou por um curto período o problema das enchentes. “Depois da obra, os alagamentos eram de menores proporções e a água baixava rapidamente, mas, após a implantação do monotrilho na avenida Anhaia Mello, as enchentes voltaram com força e água demora muito para escoar. As galerias devem estar bloqueadas, o que dificulta a vazão”, comenta o morador Antonio Germano, 75 anos.
Mesmo com grandes comportas e outras tentativas de bloqueio da água, a residência de Kellen Candido foi tomada pelo alagamento. “Já sofri com outras cheias, mas desta vez o volume foi muito forte. Ao invés de melhorar, a situação piora. O prejuízo só não foi maior porque já estamos experientes. Mesmo assim a água estourou uma das barragens e entrou pela janela”, conta.
A Subprefeitura de Vila Prudente se limitou a informar que a Secretaria de Infraestrutura Urbana (SIURB) já executou obras de drenagem no local e as inundações ocorridas recentemente podem ser atribuídas às chuvas com intensidade acima do padrão para o período. Não foi citado nada sobre a cobrança de IPTU.
A Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô esclareceu que o projeto da Linha 15 – Prata do monotrilho, estações e vias, não alterou as condições originais de drenagem na região e salientado que não existe qualquer relação das obras com as enchentes ocorridas na via.