Aos 31 anos de idade, o secretário estadual de Meio Ambiente, Bruno Covas, é o mais novo entre os que pleiteiam o direito de concorrer à Prefeitura de São Paulo em 2012. No próprio partido, o PSDB, ao que tudo indica, disputará as prévias no início do próximo ano (ainda não se sabe se será em janeiro ou março) com nomes que estão há mais tempo na política: os secretários estaduais de Cultura e Energia, Andrea Matarazzo e José Aníbal, respectivamente, e o deputado federal Ricardo Trípoli. Mas, nada disso tira a disposição do neto de um dos mais importantes políticos da história brasileira: Mario Covas.
Foi o convívio com o avô, com quem morou quando veio de Santos, sua cidade natal, para estudar em São Paulo ainda no Ensino Médio, que o fez gostar da política. “Ele era apaixonado e me dizia que política se faz com o cérebro e o coração”, contou Bruno Covas na tarde da última segunda-feira, dia 5, quando concedeu entrevista exclusiva à Folha. Ele estava acompanhado do presidente do diretório Vila Prudente, Jorge Farid.
O secretário afirmou que o desejo de ser candidato não é pessoal, tampouco exclusivo do governador Geraldo Alckmin, que segundo a imprensa especializada, gostaria de ver Bruno Covas como a aposta do partido. “É um sentimento coletivo, que veio de baixo para cima, manifestado pela nossa militância que deseja um novo nome e também da sociedade”, comenta Covas que na legislatura de 2007/2010 foi considerado o deputado estadual mais atuante pelo Movimento Voto Consciente e conquistou mais de 239 mil votos na reeleição, sendo o mais votado para Assembléia Legislativa. Desde janeiro de 2011, a convite de Alckmin, comanda a Secretaria de Estado do Verde e Meio Ambiente.
Acompanhe alguns trechos da entrevista:
Folha – O senhor é natural de Santos. Por que não tentou primeiro a prefeitura de Santos, uma cidade menor? Como fez o seu avó e o próprio governador Alckmin, que foi prefeito de Pindamonhangaba. Se sente preparado para o desafio?
Bruno Covas – Estou preparado e na política não tem como fazer um planejamento de 20 anos. Também não existe um curso para prefeito, senão estaria fazendo. O importante é montar uma equipe eficiente, ter boa vontade e principalmente, disposição para ouvir as pessoas. Quero resgatar o modo de governar de Franco Montoro e Mario Covas. Sobre São Paulo, estou aqui desde os meus 15 anos, quando vim estudar. No começo voltava para Santos todos os finais de semana, depois a cada 15 dias e foi espaçando cada vez mais. Cursei faculdades (é formado em Direito e Economia), casei e fui pai em São Paulo. Minha vida é nesta cidade, onde inclusive já vivo há mais tempo do que em Santos.
Folha – Você é favorável às prévias? No entanto, a escolha poderá ficar apenas para março. Essa definição “tardia”, visto que o PT já se uniu em torno do ministro Fernando Haddad, não pode atrapalhar a caminhada do escolhido pelo PSDB?
Bruno Covas – Sem sombra de dúvidas sou favorável às prévias, pois é quando a militância pode se manifestar e é ela que vai às ruas defender o nome do candidato. Não vejo problemas no fato do nome ser anunciado em março, até mesmo porque a campanha só estará liberada a partir de julho. E não estamos parados, nos reunimos constantemente com os diretórios locais para montar um programa de governo, de acordo com as reais necessidades. Na região da Vila Prudente, por exemplo, estamos atentos para a falta de espaços de cultura e lazer, como teatros, bibliotecas e parques. Também sabemos do problema com as enchentes.
Folha – Como o senhor encara a possibilidade de uma aliança com o PSD, de Gilberto Kassab?
Bruno Covas – Com a maior naturalidade e estou disposto a sentar para conversar. Acima de tudo, temos um adversário comum, o PT, que não podemos deixar voltar ao poder.
Folha – Nesta gestão, as subprefeituras da cidade perderam poder e foram militarizadas. Como o senhor avalia isso?
Bruno Covas – Não concordo com essa diminuição das atribuições das subprefeituras. Em uma cidade como São Paulo temos que “tratar os desiguais como desiguais”, ou seja, as subprefeituras devem atender as necessidades específicas das regiões onde foram implantadas e para isso, precisam de mais autonomia. Também acredito que é importante que o subprefeito seja uma pessoa da própria região, afinal o papel dos subprefeitos é lutar por recursos.
Folha – O sobrenome Covas ajuda ou atrapalha?
Bruno Covas – Brinco que é como na música, um sobrenome famoso pode ajudar a gravar o primeiro CD, mas, se não cantar bem, não vai atrair o público. No caso da política, o nome chama a atenção, mas não reflete na intenção de votos.
Folha – O que o senhor herdou do seu avô?
Bruno Covas – Pelo fato de ter convivido muito próximo, ele me fez gostar de política, se dedicar a isso e fazer com paixão. Meu avô dizia que política não se faz com o fígado, mas com o cérebro e o coração. Ele era muito mais bravo, isso é verdade (afirma rindo). Tinha aquele lado espanhol. Eu sou um pouco mais calmo. Mas, acho que essa parte de ouvir a população, discutir com as pessoas e buscar as melhores saídas é o que pretendo seguir. Até hoje, ando pela cidade e ouço as pessoas elogiando que ele foi o prefeito dos mutirões, ouvia e dava respostas. O ideal é que a partir de janeiro de 2013 a cidade tivesse 11 milhões de prefeitos, com as pessoas participando.