Portaria do prefeito Bruno Covas (PSDB) publicada no Diário Oficial no fim de fevereiro, que determina o fechamento de 31 das 58 unidades do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) da cidade, está provocando polêmica e terá reflexo na região. A unidade situada na confluência das avenidas Anhaia Mello e Salim Farah Maluf, denominada Água Rasa, será desativada até o fim do mês.
A administração municipal defende que essas unidades modulares – que funcionam em contêineres alugados – tiveram seu contrato encerrado para redução de gastos. As equipes e as viaturas estão sendo realocados para espaços das demais unidades de saúde da cidade. A Prefeitura afirma ainda que esse processo vai ampliar o atendimento em mais de 70 pontos de apoio.
Os funcionários do SAMU rebatem as justificativas do governo. Eles argumentam que apenas os serviços foram descentralizados, sem aumento de funcionários e viaturas. E que muitos dos novos locais não oferecem condições de estrutura como as bases atuais. Funcionários da base Água Rasa, que pediram para não serem identificados, informaram que as equipes da região serão realocadas para a AMA Hermenegildo Morbin Júnior, no Jardim Independência, e para o Hospital Ignácio Proença de Gouveia (antigo João XXIII), na Mooca.
“As bases atuais estão em pontos estratégicos da cidade, com acomodações dignas e banheiros com chuveiro e vestiários. Contam ainda com segurança, serviço de limpeza, copa para refeições e estacionamento amplo e coberto para a ambulância que precisa de espaço adequado para poder deslocar-se com brevidade ao atendimento. Algumas dessas têm mais de uma ambulância.”, relata uma funcionária.
A vereadora Juliana Cardoso (PT), integrante da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, questionou o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, sobre a desativação das unidades e os locais inapropriados para alojar o serviço durante audiência pública realizada no final de fevereiro, mas não ficou satisfeita com a explicação. “Além de condições inadequadas para acomodar as equipes e ambulâncias, muitos desses novos locais não funcionam 24 horas como ocorre atualmente”, comenta a vereadora. “E o resultado é que haverá demora de tempo num serviço essencial que é o de salvar vidas”.
Outro lado
A Prefeitura informou que as mudanças fazem parte da nova fase do processo de ampliação e descentralização do SAMU, iniciado em 2017. Segundo a administração municipal, “o plano prevê o aumento de 58 para 78 bases descentralizadas e a integração com as unidades de saúde irá gerar sinergias entre as equipes do SAMU e das unidades assistenciais, qualificando ainda mais o atendimento”. Outro objetivo da mudança, segunda a Prefeitura, “é aprimorar o aproveitamento dos recursos humanos e materiais do SAMU, cobrindo os territórios de forma mais efetiva”. Foi ressaltado que aproximar as equipes de prontidão dos locais de atendimento é uma forma efetiva de reduzir o tempo de resposta aos chamados. (Gerson Rodrigues / Colaboração André Kuchar)