Mato alto, acúmulo de lixo e entulho, proliferação de mosquitos e ratos, vandalismo, entre outros problemas. Este é o atual cenário dos imóveis desapropriados pela Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô na região da Santa Clara, onde está prevista a construção da estação Água Rasa. A caótica situação se estende há quase um ano, desde que o Governo do Estado suspendeu pelo período de 12 meses o início das obras de expansão da Linha 2 – Verde, que seguiria da Vila Prudente até Guarulhos. De acordo com o texto publicado em Diário Oficial no dia 31 de dezembro do ano passado, a paralisação se estenderia até o dia 21 de dezembro deste ano sob a justificativa de ajuste fiscal da União, que não liberou o financiamento de R$ 2,5 bilhões via o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS). Questionada pela Folha nesta semana, a Companhia não respondeu se as obras serão retomadas ainda este ano. Enquanto os trabalhos seguem paralisados, a vizinhança continua sofrendo com os transtornos causados pelo abandono dos locais desapropriados.
“Há alguns anos, quando anunciaram a vinda do metrô, a notícia foi muito comemorada. Não imaginávamos que este sonho se tornaria um pesadelo sem fim. Moro nas proximidades de onde está prevista a estação e não consigo mais viver com tranquilidade. Muitos imóveis estão vazios e repletos de mato e sujeira, o que tem criado muito mosquito e outros bichos. Temos receio de passar pelo trecho vazio, principalmente à noite”, relatou o morador da rua São Maximiano, Josué Figueroa dos Santos.
Outro local crítico é a área onde cerca de 15 imóveis foram demolidos em novembro do ano passado, entre as avenidas Sapopemba e Adutora do Rio Claro. O local foi cercado com placas de concreto, mas boa parte dele foi destruída. “Além de vandalismo, pessoas quebraram o muro para depositarem lixo e entulho no espaço. Há pneus, sofás e até privadas com água acumulada. Sem falar que moradores de rua e usuários de droga têm invadido o terreno. Está muito perigoso passar e esperar ônibus por aqui”, comentou o comerciante das proximidades, Luis Fernando.
A extensão da Linha 2 – Verde prevê a ligação da Vila Prudente à Via Dutra, na divisa com a cidade de Guarulhos. De acordo com o projeto, o novo trecho será construído de forma subterrânea, com 15,5 quilômetros de extensão, atendendo 13 estações e cerca de um milhão de passageiros por dia. O custo estimado da obra, incluindo obras civis, compra de trens e sistemas é de R$ 11 bilhões.
O Metrô informou ontem que concluiu a licitação para contratar a empresa que vai demolir o segundo lote de imóveis desapropriados para a ampliação da Linha 2-Verde e aguarda as garantias da empresa vencedora para assinar o contrato e iniciar os serviços. Foi ressaltado que esse trabalho compreende a demolição e retirada de entulho em mais de 100 imóveis, limpeza e sanificação dos terrenos, além do fechamento destas áreas com grades e a reconstrução de suas respectivas calçadas. A Companhia esclareceu ainda que todos os imóveis de posse do Metrô são vigiados através de rondas motorizadas ostensivas durante 24 horas por dia e será intensificada a limpeza nos terrenos que foram demolidos na primeira fase. Foi informado também que os oito contratos de execução das obras civis para a ampliação desta linha até Guarulhos estão suspensos até dezembro deste ano, em função da não liberação do limite de financiamento previsto para este empreendimento. Não foi esclarecido se as obras serão retomadas após dezembro