Em fevereiro de 2013 a Prefeitura anunciou a implantação de um corredor de ônibus e obras viárias em uma extensão de 12 quilômetros da avenida Radial Leste, na altura da Mooca, cujos trabalhos foram orçados em R$ 439 milhões. Os serviços chegaram a ser iniciados em outubro de 2014, mas desde maio do ano passado as obras estão paralisadas por solicitação do Tribunal de Contas da União. O órgão entendeu que houve restrição à concorrência na licitação, vencida pelas construtoras OAS e EIT Engenharia. Além disso, segundo o TCU, os orçamentos estariam com sobrepreço (valores acima do mercado) e o projeto básico era falho. No entanto, para a realização dos trabalhos, posteriormente suspensos, mais de 100 árvores foram cortadas do canteiro central da via, entre o viaduto Alcântara Machado e a avenida do Estado, o que causou muita indignação e culminou em protesto em maio do ano passado, quando o grupo Muda Mooca encravou cruzes de madeira no local. Por enquanto, a obra segue suspensa e não há previsão para retomada.
O corredor anunciado ligaria o Terminal Parque Dom Pedro e a estação Vila Matilde do metrô. Segundo a São Paulo Obras (SPObras), empresa da Prefeitura ligada à Secretaria de Infraestrutura Urbana, até o momento da paralisação foram investidos R$ 37 milhões. Para o TCU, todo este valor foi gasto apenas para concretizar menos de 1% da obra, que dependia de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para ser realizada – cerca de 90% dos recursos viriam do Ministério das Cidades.
A SPObras informou que já foram prestados todos os esclarecimentos às indagações do TCU e aguarda o posicionamento do Tribunal para a retomada da obra, que trata-se de um corredor estruturante que fará importante ligação com outros corredores na cidade.
Em maio de 2015, o grupo Muda Mooca, que defende a ampliação de áreas verdes na região, protestou no canteiro central. Os manifestantes encravaram cerca de 300 cruzes no local para demonstrar a insatisfação com a retirada das árvores para construção de túnel ligando a Radial, a avenida do Estado e o terminal Parque Dom Pedro. Na época da manifestação, o grupo esclareceu que o protesto não era contra intervenções na mobilidade da cidade, mas por causa da agressão às árvores.
“A Prefeitura argumenta que haverá compensação, mas essas ações não são satisfatórias. Alegam que plantarão sete árvores por cada espécie removida, mas esse trabalho é muito difícil de dar certo, não são todas que vingam porque simplesmente plantam e não fazem o acompanhamento correto”, comentou o criador do Muda Mooca, Danilo Bifone, na ocasião do ato. Procurado novamente neste mês, Bifone afirmou que a compensação prometida ainda não foi realizada e não consta no plano de governo do prefeito eleito. “Outras ações estão sendo programadas para o local. Não podemos deixar cair no esquecimento. É através dessas cobranças que a população exerce a cidadania”, ressalta.