Metrô decide vender terrenos na Quinta da Paineira

Para extensão da Linha 2-Verde do metrô foram desapropriados diversos imóveis nas ruas Tomaz Izzo, Barão Aníbal Pepe e Amparo, na Quinta da Paineira, no distrito de Vila Prudente. Os trilhos que fazem a ligação entre as estações Tamanduateí e Vila Prudente estão enterrados ao longo desse trecho. Com a inauguração das paradas em 2010, a vizinhança cobrou uma destinação dos antigos canteiros de obras, mas foi surpreendida negativamente com a informação de que os terrenos seriam utilizados como depósito de materiais e suporte para obra da estação Chácara Klabin da Linha 5 – Lilás. Na ocasião, houve protestos contra a decisão da Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô.

Porém, a construção dessa estação também foi finalizada e há quase três anos, a faixa que compreende dois grandes terrenos segue ociosa ao longo da rua Tomaz Izzo. O Metrô já desmontou os antigos galpões e mantém as áreas cercadas. Questionada diversas vezes pela Folha, a Companhia informava que “a melhor destinação do espaço seria estudada com a comunidade”. Não foi o que aconteceu. Em nota, o Metrô informou ontem à Folha que “a área remanescente será comercializada”.

A comunidade pleiteava que os espaços fossem transformados em um parque arborizado, com áreas de lazer e esportiva para adultos e crianças.

Como o metrô passa enterrado à baixa profundidade no trecho, a Companhia ressaltou que ainda estão em andamento os estudos a respeito das especificidades construtivas, análises técnicas para edificações, critérios para sua comercialização, bem como a verificação das destinações possíveis.

“É mais uma frustração para a comunidade”, define o ex-deputado Adriano Diogo (PT), que esteve ao lado da população na ocasião dos protestos contra a Vila Prudente servir de canteiro para a obra da Linha 5. “É um erro político tremendo e um castigo para a região. Tomam essa decisão de comercializar sem ouvir ninguém, sem promover uma audiência”, completa. Diogo ressalta ainda que “outro problema é a falta de transparência com que o Metrô vem tratando a venda desses terrenos remanescentes”. “Existe ainda a omissão dos parlamentares com mandato na região, que estão passivos quanto à possibilidade do monotrilho (Linha 15-Prata) passar sobre a comunidade de Vila Prudente e provavelmente, também não vão se impor nessa questão da comercialização dos terrenos na Quinta da Paineira. Lamentável”, finaliza.

STJ ainda não julgou o destino de praça na Mooca

Em outubro passado, a comunidade do Parque da Mooca se alarmou com a possibilidade de perder parte da área da praça Dr. Eulógio Emilio Martinez para o prolongamento da rua Lítio, atualmente uma via sem saída que começa na rua Vitoantonio Del Vecchio e termina justamente na área verde. Moradores flagraram inclusive ações de medição na rua e procuraram a Folha.

Na ocasião, a Procuradoria Geral do Município explicou que o prolongamento da rua Lítio foi uma determinação judicial, após os proprietários do terreno particular, que formalmente teria frente para a via, ajuizarem ação contra a Prefeitura porque a extensão nunca foi efetivada. O pedido chegou a ser rejeitado em primeira instância, mas os autores apelaram da decisão e acabou acolhido pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. O governo municipal recorreu então ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e confirmou à Folha nesta semana que ainda não houve o julgamento do recurso.

A questão remonta a três décadas. O espaço que hoje abriga a bem cuidada praça foi um terreno baldio que servia como depósito de lixo, entulho e outras ações criminosas. Depois de muita reivindicação junto à Prefeitura, a comunidade conseguiu a construção da praça no local. Agora, a vizinha não aceita perder parte da área verde para o prolongamento da via.

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano informou que no terreno cujos proprietários pleiteiam o acesso à rua Lítio será erguido um empreendimento residencial.