Nem parece que a vasta área fica em plena cidade de São Paulo. Em meio aos espigões de concreto crescendo por toda parte, um terreno de cerca de 86 mil m² no Jardim Independência, no São Lucas, abriga densa vegetação, variadas espécies de pássaros e um pouco da história do que foi a passagem da companhia inglesa Linhas Corrente pela região.
A atual empresa proprietária, o Grupo Zaffari, do Rio Grande do Sul, abriu a área para uma visita monitorada da comunidade na tarde do último dia 31. É necessário fazer uma verdadeira trilha por um bosque fechado para percorrer toda a extensão do terreno. Além da natureza, chama atenção as construções remanescentes da antiga fábrica, como um enorme galpão e as vilas com as residências de funcionários.
Uma das vilas, que concentra várias moradias erguidas todas no mesmo estilo, abrigava gerentes. Em outra área, há residências maiores que chegaram a receber ingleses e escoceses do alto escalão da companhia que ainda mantém sede no Reino Unido.
O Grupo Zaffari tem um projeto tramitando na Prefeitura para transformar o espaço em parque público. A empresa se prontifica a doar o terreno em troca de potencial construtivo em outro ponto da cidade – prática permitida por lei e alternativa diante da falta de verba nos cofres municipais para comprar a área.
De acordo com os diretores que acompanharam a visita, a proposta é entregar o parque pronto ao governo municipal. Arquitetos responsáveis pelo projeto do parque destacaram que a ideia é preservar também as antigas vilas e o amplo galpão, que poderá sediar feiras, exposições e apresentações musicais.
No processo em tramitação na Prefeitura consta que a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) emitiu no ano passado, o Termo de Reabilitação, definindo que a área está apta para uso como parque público. Também é citado parecer da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente propondo aceitar a doação desde que o proprietário projete e construa o parque.
Os diretores ressaltaram que abrir o espaço para a visita é uma forma de a comunidade tomar conhecimento desse processo junto à Prefeitura. E, claro, depois de conhecer a área, ajudar na pressão junto ao governo, principalmente neste ano de eleição.
Histórico
Por anos a fábrica da Linhas Corrente foi grande geradora de empregos e desenvolvimento na região. Com a saída da empresa do Jardim Independência, o terreno de quase de 180 mil m², ficou ocioso e enfrentou anos de incertezas. Em 2002, o novo proprietário, o Grupo Zaffari, manifestou a intenção de implantar um grande shopping com hipermercado no local, preservando a área com maior concentração de árvores que seria aberta à comunidade. Porém, no fim do mesmo ano, a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente suspendeu a autorização de obra para análise ambiental. Sete anos após, em 2009, a Prefeitura propôs a desapropriação total do terreno, através de um Decreto de Utilidade Pública.
A surpresa foi quando, pouco depois, o Governo do Estado acabou desapropriando metade do terreno – uma área de mais de 87 mil m². Grande parte das instalações da antiga fábrica e várias árvores foram abaixo e no local foi construído pelo Metrô o Pátio Oratório da Linha 15-Prata do monotrilho – já em funcionamento. Agora estão em jogo os 86 mil m² restantes.
Precisamos continuar a luta para salvar a área remanescente da antiga Fábrica do Linhas Correntes, na Av. Oratório. O governo Estadual, através do Metrô, precisa ratificar a criação do Parque Verde do São Lucas, cuja Lei municipal já sacramentou. Essa é uma área de preservação, trata-se de uma ZEPAM =( Zona Especial de Preservação Ambiental. O São Lucas e o Jd independência necessita dessa área, basta à verticalização do nosso bairro. 🌳🌴🌲🌴🌳