Por enquanto, só reforço de tapa-buraco na Anhaia Mello


Má notícia para os motoristas que trafegam pela avenida Anhaia Mello: vão continuar desviando de buracos e circulando pelo asfalto remendado. Por enquanto, a promessa da Prefeitura é apenas de reforçar o tapa-buraco. O principal corredor viário da região tem previsão de receber o recapeamento ainda neste ano, mas não há prazo para o início dos serviços.

Em setembro do ano passado, decreto do prefeito Bruno Covas (PSDB) publicado no Diário Oficial, incluiu a avenida Anhaia Mello entre as vias da cidade com prioridade para receber o programa de recapeamento. Na ocasião, foi informado que a via passaria por um estudo técnico para confirmar se ganharia novo asfalto de ponta a ponta.

De acordo com a Prefeitura, o estudo avalia o volume diário, a demanda de transporte coletivo sobre pneus, condições do pavimento existente e o histórico de operações de conservação, além das demandas da comunidade.
A Anhaia Mello foi bastante impactada pelas obras de construção da Linha 15-Prata do monotrilho, que hoje já opera em quase toda a extensão da via entre as estações Vila Prudente e Vila União. Para piorar, na última temporada de chuvas, a avenida foi bastante castigada pelas constantes inundações que chegaram a arrancar trechos do asfalto – principalmente na região da Vila Prudente até a divisa com o São Lucas.

Questionada sobre a conclusão do estudo para recapeamento, a Prefeitura ignorou a questão na semana passada e respondeu apenas que “os serviços de tapa-buraco serão reforçados nos próximos dias”. A Folha pediu novamente uma posição nesta semana e a resposta foi que “já foi realizado o estudo na Anhaia Mello e que após a conclusão das obras do monotrilho, a via receberá nova vistoria”. Foi ressaltado que “o recapeamento de toda a sua extensão está na previsão de execução do Programa Asfalto Novo em 2019”.

Há meses, as obras da Linha 15 estão mais concentradas na avenida Sapopemba e os motoristas reclamam da situação crítica do asfalto no trecho entre as estações São Lucas e Vila União, inauguradas desde abril do ano passado.

Nesta semana, a Subprefeitura de Vila Prudente realmente começou a fechar algumas das sequências de buracos existentes ao longo da avenida, mas as queixas continuam. “Se reparar bem, as crateras reabrem em pontos que já foram fechados pela Prefeitura, tem a marca do conserto anterior. Essa sucessão de remendos também atrapalha muito e bastam algumas chuvas para o buraco voltar”, comenta Giulio Dias, que trabalha na avenida, nas proximidades da rua Torquato Tasso. “É um absurdo protelarem o recapeamento depois de todas as enchentes ocorridas nos últimos meses”, completa. (Kátia Leite)

Na conta da Prefeitura, na região há 2.033 buracos


Até ontem, estavam pendentes 1.543 pedidos de tapa-buraco na região da Subprefeitura Mooca e 490 na área da Subprefeitura de Vila Prudente, segundo dados da Secretaria Municipal das Subprefeituras.

O governo municipal alega que o acúmulo de problemas pelas ruas ocorreu devido a problemas na Usina de Asfalto da Barra Funda, que encerrou suas atividades em janeiro após reivindicações de preservação ambiental e de moradores daquela região. Antes mesmo de parar a produção, a Usina, que chegou a fornecer mil toneladas de massa asfáltica por dia, já havia reduzido o ritmo por causa de um acordo firmado com o Ministério Público, que limitava o horário de funcionamento do espaço. Segundo a Prefeitura, entre outubro do ano passado e janeiro, a produção caiu para 600 toneladas, suficientes para cerca de 300 buracos por dia.

No início deste mês, a administração municipal conseguiu firmar contrato com três novas empresas e a gestão passou a executar mil buracos por dia, o equivalente a 22 mil toneladas por mês de massa asfáltica. A notícia foi acompanhada da promessa de zerar os pedidos de tapa-buracos, já registrados pelo Portal SP 156, em 40 dias. A grande dúvida da população é sobre quais buracos estão catalogados pela Prefeitura, já que alguns existem há meses.

Na rua Canuto Saraiva, esquina com a rua Visconde de Cairu, na Mooca, uma enorme cratera está aberta há mais de três meses segundo a vizinhança. Para evitar acidentes, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) sinalizou o local com um cone há cerca de um mês. “Isso mostra a morosidade do trabalho da Prefeitura. Se a CET alertou sobre o trecho com um cone, a administração municipal já deve estar ciente deste grande buraco, mas até agora nada foi feito. O que mais revolta é que esta via recebeu recape há cerca de dois anos”, comentou o comerciante Robson Ferreira.

Outro buraco antigo e que cresce a cada dia está na altura do número 338 da rua Coronel Joviniano Brandão, na divisa da Mooca com a Vila Prudente. “Vários moradores da via já reclamaram na Prefeitura. Alguns tentam, mas ninguém atende o telefone 156. A cratera era pequena e agora está monstruosa. Durante à noite, principalmente, muitos motoristas e motociclistas são pegos de surpresa”, contou o aposentado José Kruks, que reside quase em frente ao trecho problemático.

A Prefeitura explicou que, em média, o tempo para tapar um buraco é de até 30 minutos, podendo haver alteração em função do tamanho, profundidade, acesso da via e do clima, já que a massa asfáltica, por questões técnicas, não pode ser utilizada em dias de chuva. Ainda segundo as informações prestadas, no ano passado a Subprefeitura de Vila Prudente fechou mais de 4 mil buracos em sua área e a Subprefeitura Mooca consertou 2 mil buracos. (Kátia Leite/Gerson Rodrigues)

Há cerca de um mês, cone da CET sinaliza o perigo de uma cratera na rua Canuto Saraiva. (Agência Folha)
Vítimas das chuvas reclamam que não conseguem sacar o FGTS


Tão logo a Caixa Econômica Federal anunciou o início do atendimento para dar entrada no processo de saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), muitos moradores atingidos pela violenta enchente na Vila Prudente no mês passado foram para uma agência . No entanto, alguns tiveram uma surpresa desagradável: seus endereços não constam na documentação enviada pela Prefeitura.

Alguns moradores da Comunidade de Vila Prudente estão indignados porque tiveram prejuízos com a inundação, esperam há mais de um mês para resgatar o FGTS e ainda perderam, em vão, parte do dia de trabalho para irem à Caixa. “Estava uma confusão na agência. Várias pessoas nesta situação”, comenta Fernando B. de Souza, que reside na altura do número 4.100 da viela Juriti e procurou a Folha nesta semana acompanhando de um grupo de moradores da comunidade que ficaram de fora da relação que constava no banco.

Ele mostrou à reportagem o atestado emitido pela  Divisão de Defesa Civil – Vila Prudente confirmando que o seu imóvel foi atingido pela enchente de 10 de março. “Mas, a Caixa não aceitou esse atestado. Então, fomos até a Defesa Civil de Vila Prudente que também não soube nos explicar o que aconteceu. É o meu dinheiro que estou tentando resgatar, nem é dinheiro dado pela Prefeitura”, reclama Souza.

“Várias moradias em diferentes travessas ficaram de fora na Comunidade de Vila Prudente. E esse último alagamento foi muito feio, chegou em casas que nunca tinham sido atingidas”, comenta a moradora da Viela das Garças, Solange Aparecida Santos.

A Folha também recebeu reclamações de residentes das ruas Coelho Neto e Limeira, na Vila Prudente. Um morador da altura do número 200 da Coelho Neto afirmou que também tem o atestado da Defesa Civil e não conseguiu ser atendido na Caixa porque o seu endereço não estava na relação.

A Prefeitura informou que a Secretaria Municipal de Segurança Urbana, responsável pela Defesa Civil, estava se reunindo ontem com integrantes da Caixa Econômica Federal para acompanhar o andamento dos trabalhos e verificar a eventual necessidade de ajustes. Foi ressaltado ainda que a Defesa Civil já encaminhou o relatório com os dados das ruas e intervalos de números das casas afetadas apontados pelas respectivas Subprefeituras e que agora, cabe à Caixa realizar as providências necessárias. A Prefeitura destacou ainda que “é o banco que define as regras sobre quem pode ter acesso aos recursos do FGTS”.

A Caixa também confirmou que os endereços não identificados, principalmente vielas de comunidades, seriam discutidos em reunião entre a Defesa Civil, Subprefeitura e representantes do banco para analise dos procedimentos cabíveis. A assessoria da Caixa enfatizou que os locais afetados pela enchente foram identificados pela Defesa Civil da Prefeitura. (Kátia Leite)