Quase 20 dias depois da violenta enchente que atingiu a região, empresas ainda limpam as suas instalações, tentam recuperar maquinários e não param de calcular os prejuízos com as perdas de matérias-primas e de dias de produtividade. A estimativa de um grupo constituído por cerca de 100 empresários instalados na avenida Henry Ford, rua Cadiriri, avenida Presidente Wilson, rua Capitão Pacheco e Chaves e proximidades é de R$ 500 milhões em prejuízos, o que pode acarretar demissões em massa. Juntas, essas companhias empregam cerca de 10 mil trabalhadores de forma direta e o triplo de pessoas indiretamente.
Nesta semana, o responsável pela empresa Sudeste Armazéns Gerais, na avenida Henry Ford, 511, ainda tentava recuperar e organizar o pouco que sobrou dos documentos e mercadorias que mantinha no enorme galpão de 10 mil m². A totalidade do imóvel foi invadida pela enchente na madrugada do último dia 10. “Guardamos enorme quantidade de variados tipos de mercadorias de terceiros, que alugam nossos espaços. Aqui dentro temos materiais de saúde, beleza, alimentos, tecidos e quase tudo foi destruído com o alagamento, que foi o pior desde que chegamos nesse local em 1992”, contou o empresário Vitalino Mafioleti, que está com o seu negócio parado. “Foram perdidos cerca de R$ 45 milhões em mercadorias que estavam aqui dentro. Não tenho ideia de como faremos para nos reerguer. O poder público precisa fazer algo para ajudar”, completou.
A empresa Novalata Embalagens Metálicas, que ocupa diversos galpões na avenida Henry Ford há quase 30 anos e emprega cerca de 1.200 pessoas, teve enorme parte do estoque destruído, assim como muita matéria-prima e maquinários. O setor administrativo da companhia também foi atingido. “Perdemos mais de três mil toneladas de material. Quase 30 computadores e o nosso servidor foram danificados. Passamos quatro dias com a produção parada para limparmos a sujeira. Quase todos os setores ficaram repletos de lama. Somente nesses dias improdutíveis somamos um prejuízo de aproximadamente R$ 25 milhões, fora o que perdemos de produtos e equipamentos”, comentou um dos diretores da Novalata.
Na rua Capitão Pacheco e Chaves, a empresa de logística TKT e a importadora de vinhos Caves Santa Cruz tiveram 95% da frota de veículos afetada. “Cerca de 90 caminhões e outros carros foram alagados. Estamos tentando recuperar todos, mas já gastamos muito dinheiro. Estimamos que o nosso prejuízo seja de aproximadamente R$ 500 mil”, contou o empresário Ramiro Cruz, responsável pelas duas companhias. “Estamos na região há mais de 50 anos e nunca enfrentamos uma enchente como essa. Algo diferente aconteceu e um volume muito maior de água nos atingiu”, completou. (Gerson Rodrigues)
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Há décadas, a permeabilidade do solo vem sendo restringida. A região precisa abrir jardineiras largas nas calçadas, e junto disso promover o plantio de árvores nativas. O escoamento desse volume de água que surpeendeu a todos, poderia ser maior, se os bueiros não tivesse o volume de lixo que tem impedindo. Mas foi bastante agressiva a chuva.
Nasci e moro na região há 39 anos e nunca vi uma enchente tão devastadora como essa que atingiu nossa região. Creio que as histórias que contavam antigamente sobre o Governo do Estado abrir as comportas de represas do ABC qdo estas estão muito cheias são verdadeiras.
Tá na hora do Ministério Público abrir uma investigação para apurar se realmente existe algo de errado e até criminoso nessa “‘tsunami” que nos atingiu no começo do mês.