Há 30 anos na Polícia Militar, o cabo Júlio Cézar está encerrando a carreira com louvor. Ele iniciou a manhã da última terça-feira, dia 15, aguardando a publicação da sua aposentadoria. Mas, para o alívio e a alegria da família da recém-nascida Júlia Garcia Quirino, o policial não se aposentou na data e cumpria o seu trabalho na Base Comunitária de Segurança de Vila Prudente, quando acabou tendo papel decisivo no socorro da bebê que chegou a ser dada como morta em uma clínica pediátrica.
No início da tarde, o cabo estava na Base quando a funcionária da clínica chegou pedindo socorro porque “uma bebê de apenas oito dias havia morrido e o médico não estava no local”. “Corri para ver o que estava acontecendo e encontrei a neném sem respirar, ficando arroxeada, mas senti que ainda estava quentinha e iniciei as manobras de ressuscitação, com muito cuidado porque ela é pequenininha”, conta. Ele teve a ajuda do cabo Marcos que correu para buscar a viatura e estavam a caminho do Hospital Municipal Ignácio Proença de Gouvêa, na Mooca, com o cabo Júlio ainda fazendo os procedimentos de reanimação, quando a bebê voltou a respirar.
“Um pouco depois ela até chorou, o que foi um bom sinal, e acalmamos a mãe. Falamos que a filhinha dela ia ficar bem”, conta o cabo. “Chegando ao hospital, a Júlia recebeu todos os cuidados e aparentemente não terá sequelas. Fui então conversar com a mãe para entender o que havia ocorrido. Ela e a avó levaram a bebê para a consulta e aguardavam o médico retornar do almoço, quando a neném teve o mal súbito”, explica o policial.
Não foi a primeira ocorrência do cabo Júlio envolvendo crianças. A primeira, há cerca de dez anos, não teve o mesmo final feliz. “Fomos acionados porque suspeitaram de algo na margem do rio Tamanduateí, quando descemos para olhar, era um recém-nascido enroladinho no cobertor, mas já estava sem vida”, relembra o PM que está há 23 anos na 4º Companhia do 21º Batalhão, responsável pelo patrulhamento de Vila Prudente.
Há seis anos, o cabo Júlio estava de folga quando viu uma menina de três anos ser atropelada na rua Ibitirama. Correu e iniciou os procedimentos de socorro enquanto aguardava o Resgate do Corpo de Bombeiros. “A garotinha também se chamava Júlia e ficou bem”, conta o policial que é pai de cinco filhos e avô de nove netos. “Essas ocorrências são muito emocionantes, mas tensas, porque além do socorro, temos que ter o cuidado de acalmar os familiares que entram em desespero numa situação dessas”, explica.
Sobre a aposentaria, depois de tantos anos de serviço e condecorações por outras ocorrências, o cabo Júlio está ansioso. “Mesmo aposentado, estarei sempre pronto para ajudar”, avisa. A população agradece. (Kátia Leite)