Usuários convivem com estações da Linha 15 ainda em obras


No sábado, dia 6, completou um mês da inauguração das quatro novas estações da Linha 15-Prata, mas quem utiliza o ramal de monotrilho ainda embarca ou desembarca em meio às obras. A Folha esteve na estação São Lucas (foto) na manhã da última quarta-feira, dia 9, e constatou o trabalho dos operários em ambas as entradas no sentido centro da avenida Anhaia Mello – inclusive o acesso para cadeirantes.

“É a terceira vez que embarco na estação Vila Tolstói e desço aqui no São Lucas, sempre tem operários trabalhando”, comenta o aposentado Virgílio Nunes.  “Mas, o pessoal reclama mesmo é do horário. Meu neto espera há tanto tempo esse monotrilho para ir com mais conforto para a faculdade, mas vai terminar o curso e ainda não conseguiu usar os trens”, completa.

A aposentada Neuza dos Santos também comentou que a filha dela está na expectativa da ampliação do horário de funcionamento. “Moramos perto da estação Camilo Haddad e ela trabalha na Paulista. Seria uma facilidade ir e voltar com o monotrilho e o metrô, mas ela depende das linhas de ônibus que atrasam com frequência”, explica. “Ela nem conseguiu visitar as estações ainda porque no curto período em que estão abertas, ela está trabalhando. Podiam abrir aos sábados e domingos também”, pede.

De acordo com a Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô, ainda não existe data definida para a ampliação da Operação Assistida – quando funcionam sem a cobrança de tarifa e em horário reduzido – nas estações São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói e Vila União. Por enquanto, as paradas atendem o público de segunda a sexta-feira, das 10 às 15h. Os usuários podem embarcar gratuitamente e seguir até Oratório, onde serão orientados a desembarcar e acessar a área paga, caso queiram seguir viagem até a Vila Prudente. (Kátia Leite)

 

Conjunto de prédios é tombado na Mooca

Foi publicado no Diário Oficial do Município de ontem, dia 10, a decisão do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) de tombar os 17 blocos do conjunto residencial conhecido como IAPI, localizado entre as ruas Catarina Braida, dos Trilhos, Tobias Barreto, Cassandoca, Padre Benedito Maria Cardoso e Jerônimo Mendonça, na Mooca.

Na resolução do Conselho ficou definida a preservação das edificações “em sua volumetria e características arquitetônicas externas (revestimentos, portas, janelas, portões, vãos, cobertura e galeria formada por conjunto de colunas no térreo)”. Com o tombamento, quaisquer projetos ou intervenções no conjunto deverão ser previamente submetidos à análise do Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) do município e à aprovação do Conpresp.

Os prédios foram construídos em meados da década de 1940 pelo extinto Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI) com o objetivo de proporcionar moradias dignas e salubres aos associados e trabalhadores da indústria. Entre as justificativas apresentadas pelo Conpresp para o tombamento consta que o conjunto é testemunho de uma etapa de pensamento e prática da produção de moradia voltada aos trabalhadores urbanos, que teve lugar entre o final da década de 1930 e a primeira metade da década de 1960.

Outro fator relatado no processo é “que o projeto arquitetônico das edificações se destaca na paisagem local pela originalidade, em contraste com as construções no entorno, as quais foram erguidas em espaços de antigas indústrias, com padrões totalmente distintos, pois atualmente há condomínios com edifícios de mais de 20 andares, que modificaram radicalmente a antiga paisagem, marcadamente operária e fabril, e, consequentemente, reduzindo a memória da industrialização e do operariado na cidade”.

 Área verde ficou de fora do decreto

O que chamou atenção na resolução de tombamento é que a área verde de 4,9 mil metros quadrados entre as ruas Padre Benedito Maria Cardoso e Jerônimo de Mendonça, pleiteada há anos pelos moradores vizinhos para ser transformada em parque, foi extinta do tombamento definitivo. Além disso, conta na resolução a permissão de construção no local que não ultrapasse sete metros de altura.

A área verde foi utilizada por mais de 60 anos pela comunidade do entorno como um parque e área de lazer, mas pertencia ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que a leiloou em agosto de 2010. Na época, a vizinhança se mobilizou para que o espaço não abrigasse mais um prédio residencial, objetivo do comprador do terreno que acabou fechando o acesso à área um ano depois da aquisição. Desde então o espaço permanece interditado e, segundo a vizinhança, com raras ações de manutenção, fazendo com que o matagal tome conta, assim como a sujeira, insetos, ratos e outros animais.

Em junho de 2013, a Prefeitura publicou no Diário Oficial o Decreto de Utilidade Pública (DUP) da área, para fins de desapropriação do terreno e com isso, o proprietário foi proibido de construir no espaço. O objetivo era atender a reivindicação da comunidade e criar um parque municipal no local. No entanto, o projeto não caminhou devido à falta de verba da Prefeitura. O DUP tem validade de cinco anos e expira no próximo mês. (Gerson Rodrigues)