Uma das promessas do então candidato à Prefeitura, João Doria (PSDB), era revisar as ciclovias implantadas na gestão do seu antecessor no governo municipal. Doria deixa o cargo de prefeito antecipadamente no início do próximo mês e a sua administração não fez alteração na malha de faixas para bicicletas da Vila Prudente e arredores – que desde a implantação recebe críticas de moradores, comerciantes e até de ciclistas. A própria Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) chegou a admitir no ano passado que a readequação começaria por Vila Prudente por conta dos problemas detectados.
A esperança de ter ciclovias mais adequadas aos usuários e ao perfil da região surgiu quando ocorreu a audiência pública em 18 de setembro do ano passado, no Círculo de Trabalhadores Cristãos de Vila Prudente – cujo salão ficou lotado para o ato. O evento teve a presença do secretário municipal de Mobilidade e Transportes, Sérgio Avelleda, e de diversos técnicos da CET.
Na ocasião, Avelleda deixou claro que não teria necessidade da audiência estar ocorrendo se o governo anterior tivesse promovido a discussão com a comunidade. Também ressaltou que não pode simplesmente sair apagando diversas ciclovias que custaram dinheiro público para serem pintadas.
Durante a audiência, técnicos da CET apontaram alguns erros na implantação do projeto, como ciclovias em ruas residenciais de pouca movimentação que acabam não atraindo os ciclistas – uma delas é na rua Professor Gustavo Pires de Andrade, que sofre ainda com a falta de zeladoria e a faixa exclusiva para bicicletas costuma ser tomada pelo mato (foto). Também foram apontadas falhas de conexão entre trechos de ciclovias. A grande polêmica na ocasião ficou por conta da proposta de colocar ciclovia ao longo de toda a avenida Zelina – que de imediato foi contestada por comerciantes, embora os ciclistas defenderam a ideia.
Diante da repercussão, o secretário Avelleda garantiu que nada seria implantado antes de muita discussão e se comprometeu a fazer uma nova audiência “nas próximas semanas”. Porém, mais de seis meses se passaram.
“Será que a Prefeitura esqueceu das ciclovias? Tenho uma na porta de casa, que está muito mal cuidada e não vejo ciclistas. É um exemplo de desperdício de dinheiro público com tinta. Tenho um neto que gosta bastante de pedalar pela cidade e até ele critica essa faixa aqui na porta”, comenta um morador da rua Professor Gustavo Pires de Andrade, que pediu para não ter o nome divulgado.
Questionada pela reportagem sobre a demora em dar o retorno, a Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes informou que “o projeto cicloviário proposto para a região de Vila Prudente está em fase de discussão e tão logo seja concluído será apresentado à sociedade civil e representantes dos ciclistas por meio de audiências públicas futuras”.
A Secretaria ressaltou que trabalha desde o início da gestão para garantir o uso da bicicleta como meio de transportes sustentável, dando melhor utilidade à rede existente e permitindo a conectividade entre os demais meios de transportes coletivos. (Kátia Leite)