Na última quarta-feira, dia 7, o vereador Gilberto Natalini (PV), ex-secretário do Verde e Meio Ambiente, protocolou na Câmara Municipal o Projeto de Lei 32/2018 que cria o Parque Municipal da Mooca no terreno de quase 100 mil m² entre as ruas Barão de Monte Santo e Dianópolis. A área abrigou por mais de 50 anos uma distribuidora de combustíveis da Esso, subsidiária da multinacional Exxon Móbil, e estava em processo de remediação do solo e das águas subterrâneas que foram contaminados pelas borras enterradas com resíduos químicos. Atendendo pedido de moradores da Mooca e desta Folha, que há mais de uma década está na luta pela implantação de um parque no trecho como forma de compensação pelos danos ao meio ambiente, Natalini decidiu apresentar o Projeto de Lei após sua equipe técnica confirmar junto a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) que a área está livre dos poluentes.
A notícia da descontaminação do terreno foi dada pelo vereador e a sua equipe durante reunião no seu gabinete na manhã da última terça-feira, dia 6, com a presença da reportagem da Folha, de integrantes do Movimento M-10 e da historiadora e jornalista da Mooca, Elizabeth Florido. Todos defendem a preservação total do terreno. Diante da boa notícia da remediação da área que garante base técnica para o pedido de um parque, Natalini voltou a prometer engajamento na batalha pelo terreno na Mooca e citou que atualmente está envolvido em mais de 30 frentes de luta pela preservação de áreas verdes na cidade. “Se não ficarmos atentos, a construção vai tomar tudo. Hoje só temos áreas privadas na cidade”, destacou.
Natalini frisou que, apesar de ser um importante passo, o Projeto de Lei não é garantia de sucesso. “Pode passar pela Câmara, chegar até o prefeito e ele vetar”, explicou. “Por isso, em toda causa, o mais importante é a mobilização popular. Isso sim tem o poder de pressionar. Lutar pelos parques é lutar pela vida, não é uma frescura, é uma necessidade”, alertou.
Durante a reunião, a equipe de Natalini explicou também que a construtora São José, proprietária do terreno desde o final de 2012, retirou o projeto de construção de condomínio residencial que havia apresentado à Prefeitura, mas vai elaborar uma nova proposta para a área. A anterior previa quatro andares subterrâneos, com mais de 14 metros de profundidade. De acordo com a assessoria do vereador, como o novo projeto, quando protocolado, terá que passar pela análise em diversos setores do poder municipal, a comunidade terá tempo de se articular em prol da área verde.
O amplo espaço também está incluído na Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí, Projeto de lei 723/2015, desenvolvido pela São Paulo Urbanismo, da Prefeitura. No entanto, a proposta contempla apenas 40% de área verde linear, que o governo municipal define como “parque alagável”. O restante abrigaria condomínios residenciais. O projeto da Operação Urbana atualmente está em análise na Câmara Municipal.
Na defesa do seu Projeto de Lei, Natalini lembra que a Mooca é a região da cidade que possui o menor índice de cobertura vegetal, o que justifica a premente necessidade de ampliação de áreas verdes para a população local. Lembra ainda que o meio ambiente exerce influência direta na saúde e na qualidade de vida das pessoas e que na Mooca os moradores podem sofrer com mais patologias respiratórias justamente pela carência de áreas verdes. Por fim, argumenta que a baixa existência de vegetação favorece a criação do chamado microclima urbano, onde as construções e emissões de poluentes atmosféricos provocam o aumento da temperatura em relação a outras área de São Paulo.