O que deveria ser um momento de paz se transformou em um trauma na vida da moradora da Vila Ema, Udeli Alves dos Santos, de 48 anos. No último dia 29, uma terça-feira, em plena luz do dia, ela foi fazer uma oração no túmulo do irmão no Cemitério São Pedro, em Vila Alpina, e também pagaria a taxa de manutenção da necrópole. Porém, no percurso entre a campa e a administração da unidade foi abordada por dois homens que a agrediram e levaram a sua bolsa, com dinheiro, celular, documentos e pertences pessoais.
“Foi horrível! Eram dois moleques, um deles devia ter uns 13 anos e foi o mais violento. Ele me passou uma rasteira e cai com tudo sobre uns pedriscos, minha blusa até rasgou. Fiquei com as costas arranhadas e toda vermelha por mais de uma semana. Ainda estou com um hematoma no joelho”, relata Udeli quase 15 dias depois do ocorrido. “Estou indignada e resolvi expor o caso para ver se a Prefeitura toma vergonha e passa a cuidar direito daquele espaço. Cobram taxas da gente, mas recebemos descaso em troca”, argumenta. “Além da agressão, estou muito sentida porque dentro da minha bolsa estavam o crucifixo de prata do meu falecido irmão, que sempre carregava comigo, e a imagem abençoada de uma santinha que tinha desde pequena”.
Ela registrou boletim de ocorrência no 29º Distrito Policial – Vila Diva. “Só consegui ir depois à delegacia. No dia eu só chorava. Fui socorrida por uma mulher que me encontrou caída. Ninguém do cemitério veio me ajudar. Essa senhora que me auxiliou, chegou a ligar para a Polícia Militar, mas esperamos um tempão e nenhuma viatura apareceu”, conta.
Com o irmão falecido há um ano e 11 meses, Udeli afirma que vai semanalmente ao cemitério e só encontra a Guarda Civil Metropolitana em datas especiais, como Finados. “Não adianta ter viatura parada apenas para se exibir em datas com grande presença de pessoas. Enquanto isso, nos outros dias, os bandidos aproveitam para se esconder no local e assaltar tranquilamente”, reclama. “Depois do assalto, tive que voltar no sábado seguinte ao cemitério para pagar a taxa, porque o dinheiro que eu usaria foi roubado, e também não vi guarda”.
A Folha já publicou casos de pessoas que param seus veículos dentro do estacionamento do cemitério para participarem de velórios e quando retornam, encontram os carros sem rodas. Nesta semana, a reportagem também foi informada que esses furtos continuam ocorrendo rotineiramente.
Questionada duas vezes por e-mail sobre a falta de segurança no cemitério, o Serviço Funerário do Município não se pronunciou até o fechamento desta matéria.
A Inspetoria Regional de Vila Prudente da Guarda Civil Metropolitana garantiu que são realizadas rondas diuturnamente no cemitério e áreas adjacentes e que aos finais de semana é realizado policiamento fixo com servidores de Atividade Delegada “quando há voluntários” – ressalta a nota. Não foi explicado porque depende de voluntários. Foi informado ainda que nos últimos 60 dias foram realizadas aproximadamente 125 rondas no local. A Guarda Civil também não explicou quanto tempo em média dura cada ronda. Diante do caso relatado, não houve menção de que haverá aumento do patrulhamento no local. (Kátia Leite)