Foram mais de quatro anos aguardando o término da construção do Piscinão Guamiranga, ao lado do rio Tamanduateí, entre a avenida Dr. Francisco Mesquita, rua Patriarca, viaduto Grande São Paulo e o início da rua Guamiranga. Inaugurado em 1º de fevereiro passado, com as presenças do governador Geraldo Alckmin e do prefeito João Doria, ambos do PSDB, o maior reservatório do Estado teve a sua grande prova na Vila Prudente no final da tarde da sexta-feira, dia 24, quando 72 mm de chuva desabaram impiedosamente sobre a região em menos de duas horas – o bairro só perdeu em índice pluviométrico para o vizinho Ipiranga, que registrou 77 mm. A grande esperança dos moradores e trabalhadores de Vila Prudente era que o recém entregue piscinão conseguisse ao menos amenizar as cenas de pânico e sofrimento de temporais passados, porém, não foi o que aconteceu.
Com poucos minutos de chuva forte, a água começou a invadir diversas ruas do bairro. Na avenida Anhaia Mello a correnteza formada foi uma das mais violentas da história, segundo a comparação de pessoas que estão acostumadas a lidar com o velho problema. Moradores e comerciantes que voltaram a ter prejuízos por conta da enchente eram a própria imagem da frustração com o piscinão do Governo do Estado.
“Achávamos que a construção deste reservatório diminuiria bastante o impacto das cheias nesta região, mas aconteceu o contrário. A força da água foi ainda mais forte do que no passado. Tenho comporta no portão da minha casa, mas ela não resistiu. A água invadiu todos os cômodos e precisei correr para salvar os móveis e eletrodomésticos”, conta Paulo César, que reside há 46 anos na rua Santo Emídio, quase na esquina com a rua Amparo.
O proprietário da loja de automóvel na esquina da rua Maria Daffré com a avenida Anhaia Mello também teve prejuízos. “Estou neste ponto desde 2002 e a enchente da sexta-feira foi uma das piores que já enfrentei. A água invadiu a loja e atingiu cinco carros. Gastarei cerca de R$ 5 mil para deixá-los em ordem. Tinha esperança que esse piscinão ajudaria a minimizar o problema, mas parece que o dinheiro investido foi à toa”, comentou o comerciante Francisco Francelino.
Motoristas travados no imenso congestionamento formado no bairro também não pouparam críticas. “A Vila Prudente abriga o maior piscinão do Estado, mas, como estamos vendo, não serve para conter as cheias do próprio bairro. Estou curioso para saber como o governador vai conseguir explicar, se é que existe explicação para tamanho absurdo!”, reclamava o morador do Parque São Lucas, Thiago de Morais, que estava parado há duas horas no trânsito da rua Cavour.
Mesmo depois que a água baixou, a situação continuou perigosa para motoristas. Na descida do viaduto da avenida Anhaia Mello, na altura da avenida Salim Farah Maluf, a força da água deslocou os malotões de concreto que delimitam as pistas de rolamento da ciclovia no canteiro central. Quem descia o viaduto, se deparava com menos de uma faixa para passagem de veículos. Apesar do risco, a situação permaneceu assim até o final da manhã da segunda-feira, dia 27. (Gerson Rodrigues / Kátia Leite)
Prefeitura Regional intensifica a limpeza
As equipes de zeladoria da Prefeitura Regional de Vila Prudente tiveram muito trabalho depois da cheia. Segundo a assessoria de imprensa da unidade, na própria sexta-feira, dia 24, várias vias começaram a receber serviços de manutenção, como limpeza e desobstrução de bocas de lobo, bueiros e galerias que acumularam muita sujeira após o alagamento. Também houve remoção de entulhos arrastados pela água e várias ruas foram lavadas. Outro serviço bastante exigido foi o de tapa-buracos. Na quarta-feira, dia 1º de março, equipes ainda refaziam o asfalto em vários trechos da avenida Anhaia Mello que chegaram a ter placas de concreto arrancadas tamanha a correnteza que tomou conta do principal corredor viário do bairro.
A Prefeitura Regional informou que 51 homens trabalharam na operação pós-chuva. Foram utilizados quatro caminhões pipas; quatro basculantes e mais dez veículos com diferentes finalidades.