Jovem e novato na política. Rinaldi Digilio – 41 anos, formado em Direito, casado, pai de três filhos e pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular Vila Ema – se elegeu vereador pelo PRB com 20.916 votos em outubro passado. Foi a primeira vez que concorreu a um cargo público e em entrevista à Folha na tarde da última quarta-feira, dia 15, em seu gabinete na Câmara Municipal, revelou que não estava em seus planos se tornar político. “Ainda mais em um período tão conturbado pelo qual passa a nossa política e com a população desacreditada dessa classe. Mas, aceitei a solicitação da igreja e da comunidade, pois como já desenvolvia todo um trabalho social e de comunicação, me pediram para representa-los. Quero dar conta do trabalho para o qual fui eleito e continuar olhando diretamente nos olhos das pessoas, coisa que só faz quem não tem o que temer”.
Nascido na Vila Prudente, de tradicional família do bairro e agora morando na Mooca, Digilio promete se dedicar à região. Uma das medidas que pretende implantar em seu mandato é o Gabinete Móvel (leia mais abaixo). A ideia surgiu durante a campanha, após ouvir insistentes solicitações para não virar o tipo de “político que pede voto e depois some”.
O vereador contou que ainda está se ambientando à rotina da Casa, mas está bastante satisfeito porque o primeiro Projeto de Lei que propôs, acabou incluído no pacote antipichação aprovado nesta semana na Câmara. “O texto teve algumas modificações do original, entre elas, a nossa proposta de criação de um canal eletrônico para denúncia desse tipo de crime. É assim que vou ajudar São Paulo, com boas ideias, que beneficiam a população”.
Folha – Qual a sua relação com a Vila Prudente?
Rinaldi Digilio – Nasci na Vila Prudente, morei na rua Marques de Praia Grande e depois, por muitos anos na Falchi Gianini. Também residi quase 11 anos na rua Indaiá. Estudei em vários colégios tradicionais da região, como o São Miguel Arcanjo, o José de Anchieta e o João XXIII. Quando nasci, meu pai já era líder religioso, cresci nesse ambiente e me tornei pastor aos 18 anos da igreja (do Evangelho Quadrangular) na Vila Ema. Por conta dessa criação e o trabalho que desenvolvi desde jovem, sempre me preocupei com questões comunitárias e solidárias. Costumo dizer que as pessoas não lembram de quem ganhou o último Oscar, a Olimpíada, mas lembram de quem estendeu a mão no momento da necessidade e da dor. A causa social também será o foco do meu trabalho na Câmara. Agora moro na Mooca porque a família cresceu, veio o terceiro filho e não tinha como continuar no nosso apartamento. Mas, com a valorização imobiliária da Vila Prudente por causa do Metrô, tive que ficar um pouco mais distante da região onde cresci.
Folha – Até alguns meses atrás, o senhor não era político e certamente, como a maioria da população, deve ter ficado indignado com praticas e votações ocorridas na Casa. A esperança da população recai sobre os novatos para mudar essa situação. Como o senhor pretende desempenhar o seu trabalho?
Rinaldi Digilio – Os políticos são eleitos para representar os anseios da população, mas, muitos se preocupam apenas com os seus interesses. Felizmente, notamos que a população brasileira acordou e esta mais atenta. Aqui na Câmara houve uma grande renovação com 22 novos vereadores nesta Legislatura, sendo que 18 estão no primeiro mandato. Já conversei com alguns dos novatos e estou sentindo uma mudança de postura em relação ao que acontecia antes. Eu também estou procurando fazer a minha parte, cortei gastos do gabinete e a primeira decisão foi que, caso seja liberado o aumento salarial dos vereadores pela Justiça, vou fazer a doação da diferença para instituições de caridade. Eu quero dar conta do trabalho para o qual fui eleito e continuar olhando diretamente nos olhos das pessoas, coisa que só faz quem não tem o que temer. Nesse primeiro mês, já me reuni com diversos secretários para discutir as políticas públicas, apresentar emendas e estou acreditando que desempenharemos um bom trabalho. Como já disse, quero focar no social, pois durante o meu trabalho na igreja, vi a importância de dar atenção à família para termos uma sociedade estruturada.
Folha – Quais são os principais projetos que o senhor pretende desenvolver ao longo do mandato e especificamente para a região?
Rinaldi Digilio – Um dos projetos é justamente para aproximar o vereador do munícipe, que é o Gabinete Móvel. A ideia é avisar através das redes sociais, parar o carro em uma praça, por exemplo, colocar uma mesa e ficar disponível para ouvir as demandas da população. Acredito que será um resgate da credibilidade da política. Quero estar bem próximo da comunidade e principalmente conseguir deixar uma marca na minha região, onde nasci e sempre vivi. Sei que a Vila Prudente tem muitos problemas, como os buracos na Anhaia Mello, principalmente no trecho em obras do monotrilho, além de despejo de entulhos e insegurança. Também tem a questão das inundações, pois o piscinão inaugurado não vai resolver todo o problema. A obra do CEU precisa ser agilizada. Enfim, pretendo fazer pressão para a resolução dessas questões, aproveitando que o meu partido é da base do governo. A Vila Prudente e região podem contar com esse vereador porque vou me empenhar para levar junto ao prefeito emendas para melhorar a vida da comunidade. Foi onde nasci, onde mora toda a minha família e tenho essa obrigação.