Há trinta anos o Brasil viu iniciar uma nova fase em sua história, com a “Nova República”. A eleição de Tancredo Neves, pelo colégio eleitoral, colocou fim a 21 anos de ditadura militar. Mesmo Tancredo não tendo assumido, porque faleceu antes da posse, o País teve no governo José Sarney a Assembleia nacional Constituinte, que culminou com a promulgação da nossa atual Carta Magna, de 1988. Muitos festejaram a consolidação das instituições democráticas, o surgimento dos novos partidos, dentre eles o PMDB, o PT, o PSDB e tantos outros. E também o surgimento das ONGs, a participação ativa da sociedade civil, dos movimentos organizados, das entidades. Foi assim que o País vivenciou a primeira eleição direta para presidente, em 1989, elegendo Fernando Collor de Mello, que sofreu o primeiro impeachment da história, em 1992, numa demonstração de amadurecimento das instituições democráticas, numa democracia que ia se tornando cada vez mais fortalecida, com imprensa livre, e mais vigorosa ainda quando o Brasil encontrou a estabilidade econômica, com o Plano Real, em 1994.
Com os anos FHC esta estabilidade se firmou, não apenas no campo econômico, mas social e político, o que fez com que fosse o primeiro presidente reeleito democraticamente e entregasse o País ao sucessor, na normalidade democrática. Lula optou por um programa social assistencialista, de combate à fome, com objetivo de ampliar a inclusão social, apesar de ser sacudido pelo maior escândalo da história – o mensalão. Mesmo assim, nada abalou a confiança dos brasileiros na democracia. Mas somente no governo Dilma, quando concretamente a crise econômica começou a comprometer as bases do Plano Real (e também o escândalo do petrolão), é que começaram os questionamentos que chegam hoje, num começo de segundo mandato de Dilma Roussef, com insatisfações por todo lado. De qualquer forma, o desafio agora é manter a normalidade democrática, na busca das soluções políticas e econômicas, daí a necessidade urgente agora da reforma política. A hora da democracia exige vigilância de todos. As ruas estão se manifestando. Essas coisas a gente sabe como começam. Como terminam ninguém sabe. O Governo ainda não entendeu esta nova fase. É hora de acordar.
* Valmor Bolan é Doutor em Sociologia e Especialista em Gestão Universitária pelo IGLU (Instituto de Gestão e Liderança Interamericano) da OUI (Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal, Canadá e Representa o Ensino Superior Particular na Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Programa Universidade para Todos do MEC.