A cidade de São Paulo viveu duas situações inéditas em seus 461 anos de vida na última quarta-feira. A Avenida Paulista e o Elevado Costa e Silva (o Minhocão) ficaram alagados. A Paulista está situada em um dos pontos mais altos da cidade, no topo de um planalto. O natural é que a água que caia na avenida desça pelas suas travessas em direção aos rios. E não se acumule na pista e nas calçadas. Já o Minhocão é uma via elevada, servida por um sistema eficiente de escoamento de água. São dois lugares que jamais podem sofrer com enchentes.
A chuva daquela tarde foi forte, sem dúvida, mas não pode ser responsabilizada pelo que aconteceu. A culpa é da Prefeitura, que abandonou a limpeza de bueiros e a drenagem de córregos, negligenciou a coleta de lixo e a poda de árvores, e confiou na seca e na sorte em vez de trabalhar.
Só que veio a chuva tão esperada pelos paulistanos. Mas que, infelizmente, logo virou um pesadelo. Avenidas foram alagadas, moradores ficaram ilhados em suas casas, trens deixaram de circular e estações foram quebradas. A falta de zeladoria da cidade ficou evidente.
A incompetência da gestão de Fernando Haddad não brindou a cidade apenas com transtornos e alagamentos históricos. Mas também com uma tragédia. O administrador de empresas José Paulo Machado, de 47 anos, foi mais uma vítima da queda de árvores que não são podadas pela prefeitura do oba-oba. Seu carro foi atingido por uma árvore, em Santa Cecília, na região central. Quando ele desceu, pisou em um fio de alta tensão que também havia sido derrubado pela árvore e morreu eletrocutado. Ele tinha ido ao local para uma entrevista de emprego.
A chuva de quarta e a morte de Machado evidenciaram que a Prefeitura precisa deixar a demagogia de lado e cuidar da zeladoria da nossa cidade. Não é uma questão estética nem paisagística, mas de segurança.
É um trabalho preventivo, que precisa ser feito todos os dias, o ano inteiro, principalmente nos meses secos. Drenagem de córrego, limpeza de bueiro, manutenção das bombas de sucção das galerias, cercamento de pontos críticos de despejo de entulho, retomada da Operação Cata Bagulho… Há um protocolo a seguir quando existe previsão de chuva forte, que a Prefeitura abandonou.
Fui subprefeito e secretário responsável pelas subprefeituras. Posso falar com autoridade: o problema não é falta de dinheiro, mas incapacidade de planejamento e gestão. Para cuidar com competência, é preciso conhecer e gostar da cidade. Coisa que o atual prefeito, que governa de seu gabinete, não consegue. Muito me orgulho de ter servido a cidade em meus 20 anos de vida pública. E quero servi-la cada vez mais.
* Andrea Matarazzo é vereador e líder do PSDB na Câmara Municipal. Foi secretário Municipal das Subprefeituras (2006-2009).