Muito antes do início da crise hídrica que atinge São Paulo, o gestor ambiental Romildo Otenio implantou em sua casa, no São Lucas, um sistema de capitação da água de chuva para utilização domiciliar. Há cerca de quatro anos, toda a residência conta com calhas que são ligadas a canos que escorrem até enormes tambores de armazenamento. E, em meio à seca que o Estado vem vivendo nos últimos meses, o reuso foi de extrema importância para Otenio e sua família. “Mesmo com o corte da distribuição da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), que secou as torneiras da minha casa em alguns dias, não ficamos sem água em nenhum momento”, ressalta o gestor ambiental.
A ideia inicial de Otenio não visava à redução da conta de água. “Como trabalho com a questão do meio ambiente, sei da importância dos recursos naturais do nosso planeta. Temos que ter mais consciência de que o consumo excessivo pode gerar o esgotamento de elementos essenciais para a nossa vida, como a água. Precisamos fazer o mundo ser mais sustentável”, declara.
Quando começou a implantar o sistema, Otenio acumulava apenas 200 litros, hoje esse número chega a quase dois mil. “Iniciei apenas com um tambor. Hoje são nove, o que equivale a 1.800 litros. Com essa água conseguimos lavar o quintal, a casa e regar as plantas, entre outras coisas. Atualmente a minha conta não passa de R$ 35 reais. E moramos em uma casa grande em quatro pessoas: eu, minha esposa e dois filhos”, destaca o gestor ambiental.
Otenio ressalta ainda que o sistema, que é manual, é simples e barato de ser implantado. “Eu reaproveito canos e tambores das obras onde trabalho. Não tenho custo. Mas quem quiser fazer isso em casa não vai gastar mais do que R$ 80 para montar o armazenamento de 200 litros. E é simples de se fazer. É só encaixar uma ponta do cano na saída da calha e a outra no tambor, que tem que ser fechado para evitar focos de Dengue. Não tem segredo”.
Mas não é apenas com o reuso da água de chuva que o gestor ambiental evita o desperdício. “Temos um temporizador para impedir banhos longos. Se alguém ficar oitos minutos em baixo da ducha ele apita, e, dois minutos depois, ele desliga o chuveiro. Fora isso, fazemos outras medidas, como lavar o carro na chuva e reutilizar a água da máquina de lavar. Se cada um fizer um pouco, conseguiremos manter a sustentabilidade do planeta”, completa Otenio.
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