O brasileiro assiste, desapontado, os candidatos à presidência da República discutindo casamento entre homossexuais e comparando seus adversários a governantes que não deram certo no passado, quando deveriam estar dizendo ao eleitorado o que pretendem fazer, se eleitos, para resolver os graves e preocupantes problemas do país. Bem ou mal, a questão homoafetiva já está resolvida pela própria sociedade, e a esmagadora maioria do eleitorado de hoje não conheceu Jânio Quadros e, outros, nem mesmo Fernando Collor como presidente. Mas todos vivem a preocupação da queda na economia, da baixa venda dos veículos e outros manufaturados, que obrigam as fábricas a dar férias coletivas e a demitir, e da volta da inflação que, a cada dia, se apresenta mais ameaçadora.
A popularesca campanha do vale tudo, com a imputação de defeitos aos adversários, em nada contribui para a construção do Brasil que todos queremos para continuarmos nossas vidas e legar aos filhos e netos. Precisamos de candidatos comprometidos em viver o dia-a-dia, respeitar os fundamentos de nossa economia, construída ao longo de gerações pelo esforço de todos os brasileiros, notadamente pela iniciativa privada que aqui investiu apesar das incertezas políticas e institucionais dos diferentes tempos. Não precisamos do populismo barato e nem do messianismo dos salvadores da pátria, pois não somos uma nação de aventureiros. Temos uma das maiores economias do mundo e carecemos de quem seja capaz de criar o ambiente propício à sua preservação, desenvolvimento e geração do bem-estar à população.
Os candidatos devem ao eleitor explicações de, eleitos, como irão fazer para solucionar a grave crise vivida pelo setor elétrico, o abastecimento de água, o problema dos preços dos combustíveis, para oferecer condições de funcionamento aos diferentes setores da economia e garantir o trabalho, o emprego e o rendimento ao povo. Por certo, nenhum dos votantes em potencial está interessado em saber sobre casamento gay ou se este ou aquele candidato se parece com Jânio Quadros, Fernando Collor, Getúlio Vargas ou D. Pedro II. O eleitor consciente verá o que cada um dos postulantes promete fazer para a estabilidade nacional, e essa mensagem lhe tem faltado na atual campanha.
Ainda está em tempo dos nossos candidatos começarem a campanha efetivamente. Sejamos otimistas. Ainda há tempo…
* Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo (ASPOMIL).