Já tivemos a oportunidade de falar sobre os efeitos do tecnicismo na educação, influência do pragmatismo de Jonh Dewey, em vários níveis, e que continua ainda hoje se estendendo, com as consequências já conhecidas no campo educacional. O pragmatismo, na realidade, tirou dos estudantes a capacidade de pensar sobre certos conteúdos de lógica, reduzindo o aluno a ser apenas um técnico de determinada profissão, e nada mais. Numa sociedade de mercado, consumista e hedonista, com grande pressão por resultados práticos e imediatos, a educação foi perdendo, aos poucos, seu papel de formação da pessoa, reduzida somente a preparar indivíduos para o mercado de trabalho e cidadãos politicamente corretos.
Nesse sentido, a educação perdeu muito de sua motivação, daí o desinteresse dos estudantes por matérias que, ao final das contas, eles se indagam: o que isso vai ser importante na minha vida? E então, com certo indiferentismo, o aluno procura decorar isso e aquilo em vista de exames, para obter o diploma. Não deveria ser esta a função da educação, mas muito mais: fazer a pessoa pensar sobre a sua realidade e utilizar seu potencial para se desenvolver como pessoa e não como uma peça de uma engrenagem social. Por isso, a crise da educação, do ponto de vista filosófico, é muito séria, sem que tenhamos evidentemente soluções concretas para os inúmeros problemas existentes. Mesmo assim, será preciso sempre lembrar as diretrizes humanas que devem prevalecer em qualquer pedagogia e metodologia de ensino. É um desafio permanente buscarmos corrigir os erros e acertar mais nos rumos, para que a educação tenha a qualidade que desejamos, do contrário, o discurso por melhor ensino ficará apenas na retórica.
Quando a pessoa é colocada no centro, e a educação estiver voltada para a sua promoção como ser humano, então haverá a qualidade requerida. Sem esse foco humanizados, a educação continuará incapaz de ajudar pessoas e sociedades a alcançarem um nível de realizações desejadas; pois o tecnicismo é reducionista, como dissemos, e é preciso algo mais. Por isso, os educadores do século 21 devem continuar aprofundando os seus estudos e buscando novos meios e metodologias para que, também em termos de conteúdo, haja a promoção da pessoa humana como finalidade de todo sistema educacional, para que o processo ensino-aprendizagem tenha resultados realmente qualitativos. É isso que esperamos daqueles que se dedicam à nobre missão de educar. Os desafios de hoje estão à espera daqueles que aceitam dar a sua contribuição, para que sejam superados, por melhorias efetivas, em todos os campos e níveis. É desse processo e esforço que alcançaremos a educação de qualidade que desejamos.
* Valmor Bolan é Doutor em Sociologia e Especialista em Gestão Universitária pelo IGLU (Instituto de Gestão e Liderança Interamericano) da OUI (Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal, Canadá.