Os profissionais de educação da rede municipal de ensino de São Paulo estão em greve desde o dia 23 de abril. E, ao contrário do que aparece nas notícias de jornais, rádios, TVs e nos pronunciamentos oficiais do prefeito Haddad e do secretário Callegari, não querem somente o aumento de sua remuneração, embora não deixe de ser uma razão nobre. Os professores, coordenadores pedagógicos, diretores de escola, supervisores de ensino e o pessoal de apoio operacional e administrativo da rede de ensino lutam por valorização profissional, ações voltadas para a formação permanente, melhores condições materiais e de logística para as escolas e condições adequadas para o desenvolvimento de suas atribuições e competências.
Pressionados também pela crescente violência urbana que impede as escolas de serem espaços necessários e adequados para o desenvolvimento do processo de ensino/aprendizagem e de educação de qualidade, exigem do poder público ações que possam garantir segurança contra os recorrentes roubos, furtos, sequestros relâmpagos no entorno e, muitas vezes, dentro da própria escola.
Geralmente, a defesa da educação pública e de qualidade, de mais investimentos para o setor, construção de escolas para atender à demanda, ampliação de vagas para jovens e adultos, redução do número de alunos por sala/turno/agrupamento e educação inclusiva em todas as etapas e modalidades de ensino, aparece em programas eleitorais. Porém, durante as gestões dos que fazem estas promessas a coisa não funciona bem assim. Muito pelo contrário. Não atendem a estas reivindicações dos educadores e ainda usam de força e repressão para inibir suas lutas.
Isto acontece agora na cidade de São Paulo e em outro smunicípios de todo o país. O prefeito Haddad afirma que os professores municipais, em sua gestão, já recebem o maior piso salarial do Brasil. Afirma também que concedeu reajustes que em dois anos beiram a 25%. Na verdade, ignorando os graves problemas da educação, o prefeito se limita a responder apenas sobre a questão salarial, além de não dizer que, até o momento, cumpriu somente as leis aprovadas em 2010 e 2011.
Além disso, o governo Haddad, cujo partido surgiu das lutas sociais, da defesa dos trabalhadores e do incentivo à organização sindical, tem mantido uma postura intransigente. Não cumpriu sequer o que foi acordado com os servidores municipais na campanha salarial de 2013 e não acena com a possibilidade de negociação com os profissionais de educação, que respondem com a intensificação da luta.
Neste momento, todas as atenções das autoridades e os investimentos estão voltados para a realização da Copa do Mundo. Logicamente, por maior que seja a importância deste evento, não deixa de revelar uma inversão de prioridades que, com certeza, sem a devida adoção de medidas para melhorar os indicadores da educação, cobrará o seu custo no futuro.
Lutar para mudar esta realidade deve ser um compromisso de todos, para que tenhamos, de fato, educação de qualidade. Educação sempre!
* Claudio Fonseca, presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem).