De quarta a domingo o despertador toca à 0h45, duas horas depois ele já está no Ceasa em busca de mercadorias frescas, às 4h estaciona seu caminhão na feira e inicia a montagem da barraca para começar a receber os primeiros clientes às 6h. Esta é a rotina de Francisco D’Elia, 76 anos, que há seis décadas exerce a profissão de vendedor de peixes e frutos do mar em tradicionais feiras da cidade, como a da rua José Zappi, na Vila Prudente, que acontece aos domingos, e a da rua Madre de Deus, na Mooca, às quartas-feiras.
Herdada do pai, a profissão de peixeiro começou a ser exercida por D’Elia quando ainda estava na adolescência. “Comecei ajudando meu pai quando tinha cerca de 16 anos, pois ele já estava com problemas de saúde. Lembro que as ruas da Vila Prudente ainda eram de terra e a barraca dele ficava próxima ao Largo de Vila Prudente. Foi nesta época que comecei a me apaixonar pela venda de pescados e pela vida de feirante”, contou D’Elia.
Ao longo dos 60 anos em feiras livre, o peixeiro conquistou não somente uma clientela assídua, mas também muitos amigos. “Tenho fregueses que compravam com meu pai e ainda compram comigo. Conheço a história de muitas pessoas. Já cheguei a atender três gerações de algumas famílias. Encontro mais meus clientes do que alguns parentes”, conta.
Conhecido como Sr. Chico nas feiras onde trabalha (Mooca – quarta-feira; Cerqueira Cezar – quinta; Jardim Paulista – sexta; Pari – sábado e Vila Prudente – domingo), ele tem orgulho de manter viva a herança de seu pai. “Através da nossa barraca consegui casar, criar minha família e ter meus três filhos, todos formados e hoje dois deles me ajudam nas feiras”, comenta.
Devido à colaboração dos filhos, a barraca passou a ter um diferencial que vai além da comercialização de pescados. Através de um blog e uma página no Facebook, os clientes encontram sugestões de variadas receitas a base de peixe. “Como trabalhamos com pescados nada mais justo do que darmos sugestões para prepará-los de diversas formas. Em pouco tempo tivemos muitos acessos. Foi além do esperado”, comentou um dos filhos responsáveis pelas páginas virtuais e que também ajuda no dia a dia das feiras, João Roberto D’Elia.
Mas a atuação da família no ramo de pescados não se restringe apenas às feiras livres. Eles também atendem restaurante, bares, lanchonetes, sushi-bares, entre outros locais. “Por causa da nossa experiência no ramo, conquistamos uma confiança inclusive de estabelecimentos, que nos procuram para fornecermos mercadoria fresca. Temos até hotéis como clientes. Isso é gratificante”, completou D’Elia.
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