Em conversa com moradores do bairro tenho ouvido alguns poucos argumentos contrários à criação de um novo parque na região, seja por receio à falta de manutenção, ou pelo alto custo que o projeto representa.
O fato é que a Mooca é um dos distritos mais áridos de São Paulo, o que intensifica ainda mais os efeitos da zona de calor da nossa cidade. A qualidade do ar é prejudicada pela dificuldade de dispersão de poluentes e a saúde dos moradores sofre com as consequências.
A cidade sempre padeceu com os graves erros da política urbana que, além de escolhas erradas, com raras exceções, nunca planejou adequadamente os espaços públicos e as áreas verdes.
É um equívoco temer que a criação de um parque possa criar mais insegurança numa determinada região. Basta que o local tenha horário de abertura, fechamento e a devida manutenção, como no parque do Belém, do Piqueri, no Tatuapé e o futuro parque da Sabesp na Avenida Paes de Barros.
A prefeitura pode e deve criar as condições financeiras para viabilizar novos parques na região sem precisar apelar para aumento de impostos. Portanto, faço um apelo para que seja criado o Parque no terreno da antiga Esso. Com 98 mil m², é maior que o parque do Piqueri, que possui 92 mil m², e pode ajudar a melhorar a qualidade do ar de toda a região.
O parque da Mooca fará parte da operação Urbana Mooca-Vila Carioca. O perímetro de cada Operação Urbana é favorecido por leis que preveem flexibilidade quanto aos limites estabelecidos pela Lei de Zoneamento, mediante o pagamento de uma contrapartida financeira. Este dinheiro é pago à Prefeitura, e só pode ser usado em melhorias urbanas na própria região. São recursos que podem servir para implantar um conjunto de melhorias viárias visando a reestruturação do local, melhorar os sistemas de macro e microdrenagem para diminuir os problemas de alagamentos ocasionados pela deficiência das redes e galerias e implantar espaços públicos e equipamentos de interesse da comunidade. Portanto, a operação urbana Mooca-Vila Carioca, pode prever a desapropriação, a construção e até mesmo a operação do novo parque como parte da compensação aos impactos da verticalização da região.
Com esse instrumento e um pouco de vontade política o prefeito pode criar bons projetos para a cidade sem aumentar o IPTU.
* Eduardo Odloak é formado em Administração pela FCU e especialização em estratégias de Marketing aplicadas ao Turismo e Hotelaria – ECA-USP. Foi Subprefeito da Mooca.