O sucesso da Jornada Mundial da Juventude, a primeira realizada no Brasil, comprova a força da Igreja em nosso País, capaz de convergir culturas e povos em torno de valores comuns, especialmente da solidariedade e justiça social.
Essa foi a tônica da mensagem do papa, que também entende a necessidade do diálogo com as demais culturas, incluisve credos religiosos, para encontrar meios de somar esforços na promoção do bem comum e da pessoa humana. Foi este o tom que deu, por exemplo, no Teatro Municipal, quando enfatizou o diálogo como imprescindível. Para o papa a posição da Igreja Católica sobre os mais variados temas é clara, basta ver seus documentos. Mas agora, ele entende que é preciso mais ação, e ação no sentido do encontro com as pessoas, pois não haverá avanço com confrontações ideológicas.
Na mensagem aos bispos do CELAM também ressaltou o que ele entende ser necessário evitar para que a Igreja possa assumir sua missionariedade. Seu discurso desagradou tanto os mais progressistas (muitos da Teologia da Libertação que ainda insistem “na categorização marxista”) como também os mais conservadores, que ele chama de restauracionistas. Nesse ponto foi mais enfático: “Perante os males da Igreja, busca-se uma solução apenas na disciplina, na restauração de condutas e formas superadas que, mesmo culturalmente, não possuem capacidade significativa”. Atacou também o funcionalismo, cuja “ação na Igreja é paralisante”, “pois não tolera o mistério, aposta na eficácia”. E não se cansou de pregar a proximidade com o povo, com as pessoas, para que a evangelização aconteça a partir da realidade delas.
A sua forma direta de falar, de tocar nos pontos-chaves, de modo simples e objetivo, com as suas atitudes de despojamento, tem encontrado ressonância junto às pessoas, que entendem a sua mensagem e percebem que o papa está já fazendo uma revolução dentro da Igreja, talvez aquela desejada pelo Concílio Vaticano II e que muitos não sabiam como exatamente aplicá-la. Rezemos pelo bem da Igreja, em meio a esses novos desafios, pois sabemos da promessa de Nosso Senhor Jesus de que as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Valmor Bolan é presidente da Conap/Mec (Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Programa Universidade para Todos-Prouni).