Parar no semáforo e ser abordado por pessoas oferecendo o serviço de limpeza dos vidros – os populares flanelinhas – vem se tornando uma constante em diversos pontos da região. No entanto, essa alternativa de ganhar dinheiro causa bastante polêmica e receio entre os motoristas. Muitos afirmam que se sentem acuados com a ação, principalmente porque em muitos casos, os flanelinhas agem sem o consentimento dos donos dos veículos e existe até relatos de atos mais violentos quando o condutor não concorda com a limpeza.
A moradora da região E.F., que pediu para que seu nome não seja publicado, passou por uma situação destas recentemente. No dia 14 de abril, ela parou no semáforo do cruzamento da avenida Vila Ema com a Salim Farah Maluf e foi abordada. “Três homens estavam no farol e um deles se ofereceu para lavar os vidros do meu carro, eu disse que não e tentei não fazer muito contato visual. Então ele se dirigiu para o carro de trás e imaginei que o assunto estava resolvido, mas outro homem veio junto ao meu vidro, começou a me xingar e esmurrar o carro. O farol não abria. Avancei um pouco sobre a faixa de pedestres e ele me acompanhou, ainda me ameaçando. Meu filho pequeno ficou apavorado no bando de trás”, narra a motorista. “Liguei para a polícia, fiz a denúncia e solicitei um patrulhamento na área. Espero que tenham conseguido enquadrá-los”, completa.
E.F. conta ainda que já sofreu outros insultos no cruzamento da rua Ibitirama com a avenida Anhaia Mello. “Um lavador de vidros sempre aparecia de repente e insistia vigorosamente para fazer o serviço, mesmo com o carro limpo. Outra vez foi no cruzamento da rua Américo Vespucci com a Anhaia Mello. Estava com o vidro aberto e tentei argumentar que estava sem dinheiro e ele disse: ‘então procura melhor no seu carro, tenho certeza que vai encontrar alguma moeda’. Com medo, evitei esse semáforo por quase um ano”, comenta.
A reportagem conversou com o delegado titular do 56º Distrito Policial – Vila Alpina, Luiz Eduardo de Aguiar Marturano, responsável pelos cruzamentos citados. Ele afirmou que atualmente não existe uma legislação que proíba a ação desses flanelinhas nos semáforos, mas a população pode tentar se precaver para não ser importunada. Segundo ele, a principal orientação aos motoristas é manter o vidro sempre fechado ao se aproximar de algum farol e nunca falar ao celular enquanto estiver no interior do veículo. “Outra dica é ficar sempre em estado de atenção. Não demonstrar distração e apenas negar quando não quiser o serviço. Caso ocorra algum problema a polícia deve ser acionada”, avisou. Marturano citou também que, no caso de mulheres motoristas, as mesmas não devem utilizar o tempo no automóvel para se maquiarem. “Os flanelinhas percebem a vulnerabilidade para agirem”, afirmou.
A Folha entrou em contato com o 21º Batalhão de Policia Militar e aguarda um posicionamento.
Conheço um dos integrantes da Comissão de Reforma do Código Penal e sugeri que fosse debatida a possibilidade de criminalização da conduta daquele que exige ou solicita vantagem econômica a pretexto de cuidar de bem móvel em via pública.
A sugestão foi bem recebida…vamos acompanhar os trabalhos…a contribuição de todos é importante para que a ideia seja aprimorada, especialmente porque, ao lado da questão social, que muitas vezes move a conduta dos “flanelinhas”, existem verdadeiros criminosos que aproveitam-se da situação para extorquir dinheiro dos motoristas.