Todo início e final de ano a história se repete: moradores e comerciantes da região sofrem com as chuvas. As enchentes na Vila Prudente e arredores são destaques na Folha desde as primeiras edições do jornal, em 1992. O mesmo não pode ser dito sobre as ações da Prefeitura para minimizar o problema, pois, na maioria das vezes, não passam de medidas paliativas de zeladoria, como a limpeza de bocas de lobos. Levantamento realizado pela reportagem, com matérias publicadas na última década, apontou que os alagamentos ganharam cada vez mais destaques por conta da assiduidade com que ocorrem neste período e a intensidade assustadora.
Somente quem mora ou trabalha em locais de alagamentos conhece os transtornos que a chuva pode causar. Na verdade, para muitos moradores, o pânico começa muito antes da água desabar: basta o céu estar carregado de nuvens negras. A reportagem da Folha percorreu vias que são pontos tradicionais de enchentes na região e conversou com moradores e comerciantes, que apesar de alterarem seus horários e hábitos nesta época de temporais, continuam sofrendo prejuízos com a força das cheias. Entre eles é quase unânime a constatação de que a cada ano, a água sobe cada vez mais rápida, mesmo quando a chuva não é tão intensa. Ressaltam também que a única medida tomada pela Prefeitura é a isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para quem teve a casa atingida por alagamento.
Na terça-feira, dia 11, o subprefeito de Vila Prudente/Sapopemba, Wilson Pedroso, visitou alguns estabelecimentos da região considerados grandes geradores de lixo. O objetivo da visita foi orientar os responsáveis sobre as normas estabelecidas na nova legislação, que obriga essas empresas a fazer cadastro no Departamento de Limpeza Urbana (Limpurb) e ter contrato firmado com empresas particulares de coleta para recolher os resíduos gerados.
No final da tarde da segunda-feira, dia 10, três homens invadiram o andar superior do banco Santander na avenida Paes de Barros, quase na esquina com a rua Capitão Pacheco e Chaves, na Mooca. Eles fizeram quatro funcionários reféns e roubaram cerca de R$ 70 mil dos cofres. Quem estava trabalhando no piso térreo da agência não percebeu a ação. O trio conseguiu fugir antes que a polícia fosse acionada.
Os transeuntes que utilizam a rua do Orfanato na esquina com a rua Itiuba, na Água Rasa, são obrigados a enfrentar obstáculos. Se não bastasse o estreitamento da calçada decorrente de uma obra no local, em dias de chuva muita água fica empossada no trecho, o que inviabiliza a passagem das pessoas. Mesmo quando a água baixa, sobra o lamaçal.
Na última semana de novembro a Prefeitura publicou a lista de ruas que receberiam recapeamento dentro do cronograma do serviço em 2010. Na região, três vias da área da Subprefeitura Mooca foram contempladas (Coelho Lisboa, Isodoro Tinoco e Belém), enquanto, na Vila Prudente, somente a Francisco Polito entrou na programação. Entretanto, a via da Vila Prudente só começou a ser recapeada no último sábado, dia 9, o que gerou cobranças da população.
Após a posse na tarde do dia 5, o novo secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernando Ribeiro Fernandes, mencionou um prazo não muito animador para expansão do horário de funcionamento: primeiro semestre. Ou seja, até julho os moradores da região podem continuar na expectativa para conseguir usar efetivamente as estações Vila Prudente e Tamanduateí da Linha 2-Verde.
Além de sofrerem com os constantes furtos das campas, de onde são levados santos de bronze, crucifixos e molduras de fotos; os freqüentadores do cemitério municipal São Pedro, na Vila Alpina, reclamam também da falta de manutenção do espaço. Em vários pontos da unidade funerária o mato está tão alto que dificulta o acesso aos jazigos.
É certo que a chuva contribui e muito para tal situação, mas cabe a Prefeitura reforçar suas equipes para evitar que o mato tome conta das guias e calçadas nesta época do ano. Em alguns pontos, como na rua Manoel Sequeira e Sá, no Jardim Independência, o matagal já ultrapassou meio metro de altura. Só com muito espírito de aventura para se arriscar no trecho.