Os efeitos do vendaval que atingiu São Paulo na terça-feira da semana passada se prolongaram demasiadamente para muitos moradores que chegaram a ficar mais de dois dias sem o fornecimento de energia elétrica. Em pontos da Mooca, por exemplo, o serviço demorou cerca de 30 horas para ser restabelecido. Além deste apagão do último dia 7, os paulistas vivenciaram situação semelhante em fevereiro, desta vez por conta de uma tempestade, quando muitos somaram mais de 24 horas sem energia elétrica (leia mais abaixo). Tais ocorrências motivaram ação da Fundação Procon-SP, que na sexta-feira, dia 10, encaminhou ofício à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) solicitando a intervenção administrativa na concessionária AES Eletropaulo.
A medida, prevista em lei para casos de inadequação na prestação do serviço, consiste na substituição da diretoria da concessionária por um interventor indicado pela própria Agência. A nota divulgada pela Fundação Procon-SP, órgão da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, destaca que “é dever da concessionária estar preparada para enfrentar problemas climáticos e manter uma equipe eficiente para, em tempo razoável, restabelecer o fornecimento de energia, o que não tem se verificado nos últimos tempos”.
Foi ressaltado ainda que antes do pedido de intervenção administrativa, a Fundação adotou todas as medidas para reverter os problemas que os consumidores têm enfrentando: notificou a empresa para prestar esclarecimentos, convocou a concessionária para discutir propostas de solução, aplicou mais de R$ 18 milhões em multas e abriu canais de atendimento para o registro das reclamações, que têm sido tratadas com prioridade. No entanto, segundo o Procon, o episódio da semana passada demonstra que “a Eletropaulo não implementou adequada estrutura de atendimento para as situações cotidianas e emergenciais”.
Nos dois últimos anos a Eletropaulo figurou entre as dez empresas mais reclamadas na Fundação Procon – SP. Em 2010 ficou na sexta posição e em 2009, na terceira. Outro ponto destacado pelo Procon é a recusa sistemática da Eletropaulo em indenizar os consumidores que têm os seus equipamentos e aparelhos elétricos danificados em função de queda de energia.
O que diz a concessionária
Em nota divulgada à imprensa na segunda-feira, dia 13, a AES Eletropaulo justifica que tem mantido um plano de investimentos crescente, de forma a assegurar não só o atendimento ao crescimento no consumo, mas também a melhoria na qualidade do fornecimento. A concessionária afirma que no período de 2006/2010 investiu R$ 2,5 bilhões e que em 2011, estão sendo destinados mais R$ 720 milhões. Há previsão ainda de investimentos de R$ 3 bilhões para 2011/2015.
Ainda segundo a Eletropaulo, os resultados desses investimentos estão refletidos nos indicadores de qualidade da distribuidora, determinados pela Aneel. No primeiro trimestre, por exemplo, o DEC (duração média de interrupção) ficou em 9,91 horas, abaixo da média da região Sudeste, que registrou 11 horas, e muito mais abaixo da média Brasil, que foi de 19 horas. Já o FEC (frequência média de interrupção) do mesmo período foi de 5,44 vezes, também abaixo da média do Sudeste (6 vezes) e da média brasileira que ficou em 11 vezes, segundo apuração da agência reguladora.
Histórico na região
No início do ano, a Folha relatou o transtorno vivenciado por moradores da região após o temporal que atingiu a cidade no dia 21 de fevereiro. Em vários pontos houve interrupção do fornecimento de energia elétrica, no entanto, na rua Marques de Praia Grande, na Vila Prudente, cerca de 15 imóveis acumularam 20 horas sem o serviço. Na rua Manuel Onha, na Água Rasa, o problema se estendeu por 18 horas.
“Entendo que não podemos prever ocorrências relacionadas a fenômenos da natureza, mas o reparo não pode demorar tanto”, comentou na ocasião, o aposentado Antônio de Martins, acrescentando que paga suas contas regularmente. Morador da Marque de Praia Grande, ele é diabético e ficou bastante preocupado com o estoque de insulina na geladeira. Martins contou ainda que quando, finalmente, a equipe da Eletropaulo apareceu na rua, o conserto levou apenas cinco minutos, o que causou ainda mais indignação na vizinhança.
Em fevereiro, a concessionária justificou que a demora ocorreu por causa da grande demanda de ocorrências geradas pelo temporal e que foi priorizado o atendimento aos hospitais, delegacias, empresas de serviços essenciais e pacientes sobrevida, que dependem de aparelhos.
Queixas independente das condições climáticas
Na sexta-feira da semana passada, dia 10, os moradores da rua Reginópolis, na Quinta das Paineiras, enfrentaram mais de 17 horas sem energia elétrica. Uma moradora da via conta que o serviço foi interrompido na madrugada, por volta das 2h30, e só voltou às 20h15. “A vizinhança ligava na Eletropaulo e informavam que a equipe já estava no local, mas, ninguém via os funcionários trabalhando. Por volta das 17h30 não conseguíamos falar nem na Ouvidoria”, comentam os moradores de uma residência. “Pior que não dão qualquer tipo de satisfação. Pagamos pelo serviço!”.
A Folha encaminhou o caso para AES Eletropaulo e vai aguardar os esclarecimentos.
O Procon poderia aproveitar o ensejo e também pedir a intervenção na Telefônica, pois o que se vê é um total descaso dessa empresa com a manutenção de seus serviços. E quem sofre é a população.
Pra quem circula na região central da Vila Prudente sabe muito bem do que estou falando, pois tem que ficar se desviando de fios e cabos telefônicos arriados do alto dos postes, isto quando não estão caídos nas calçadas. Pra quem não viu, dá uma passada pela Rua Ingaí, ao lado da Igreja Santo Emídio e aprecia a precariedade da situação.
Por outro lado, as operadoras quando forçaram a barra pra manter a tarifa de assinatura, alegaram que essa cobrança não poderia deixar de ser feita, pois se destinava à manutenção da rede telefônica. É o chamado “Migué”…