O massacre que foi o jogo da semifinal Brasil x Alemanha (1:7), acumulando recordes negativos ao atual pentacampeão do futebol mundial, deixa amargas lições. Primeiro, que realmente o time de Felipão não teve técnica, inteligência, criatividade e controle emocional diante dos alemães. Mas tudo isso também porque faltou o que os alemães fizeram o tempo todo: preparo, treinamento, trabalho de time, porque o que o mundo viu foi que havia apenas um time em campo, e foi até constrangedor para a Alemanha ter de evitar desastre maior, com mais goleada ainda. Ficaram com dó. Deixaram até fazer um golzinho no final. O que houve foi que se subestimou o adversário, em todos os aspectos. As cenas dos jogadores entrando no ônibus cantando pagode, mostravam que não estavam nem pouco preparados, nem preocupados, nem concentrados, com o que vinha pela frente. Tudo era festa. Diante dos alemães, só restou chorar feito meninos procurando o papai. Realmente, faltou palmada nesses garotos mimados.
O “apagão” sofrido, totalmente inédito na história do futebol entre dois países que já haviam conquistado o título mundial, surpreendeu o mundo inteiro. Galvão Bueno ficou atônito e teve de deixar de lado seu costumeiro otimismo, para sentir a molecagem que fizeram. Não havia ali um time. Não que a Alemanha fosse também um gigante do futebol atual, mas é que não havia time para enfrentá-los. O Brasil teve sorte com times fracos, foi isso. Mas diante de um time que jogava bola, com seriedade, os meninos do Felipão pediram mamadeira. Moral da história: o preço da molecagem está aí, no resultado mais catastrófico de toda a história do futebol brasileiro.
Isso tudo deve nos levar a refletir, de que se o Brasil teve um passado glorioso no futebol, é porque teve quem levou mais a sério e fez, no mínimo, a tarefa de casa. Mesmo perdendo no México, em 1982, até hoje o time de Telê Santana é respeitado, porque lá havia um time, houve garra. Os meninos do Felipão contaram com a sorte, com a magia do futebol, com a improvisação, e está aí o resultado. Além do mais com exceção de 3 jogadores (Neymar, ThiagoSilva e David Luiz) os demais eram medíocres. A pretendida qualidade da seleção não passou de uma arquitetura ‘global’, liderada pelo Galvão Bueno. O futebol brasileiro precisa mudar muito na gestão e nos seus aspectos táticos e estratégicos.
* Valmor Bolan é doutor em Sociologia e especialista em Gestão Universitária pelo IGLU (Instituto de Gestão e Liderança Interamericano) da OUI (Organização Universitária Interamericana) com sede em Montreal, Canadá.