Neste domingo, dia 23, completa um mês do grande incêndio que destruiu mais de 90 moradias na favela instalada nos baixos do viaduto Pacheco e Chaves, na Vila Prudente. Ao longo destes 30 dias a Prefeitura não definiu qual será o destino da área que originalmente estava destinada a abrigar uma praça pública. Também não esclareceu qual será o futuro de parte das famílias afetadas. Os resultados da falta de ação efetiva surgiram nesta semana: no final da tarde da segunda-feira, dia 17, houve princípio de novo incêndio em uma moradia, apesar dela oficialmente estar interditada; e no início da tarde da quarta-feira, dia 19, 28 famílias resolveram voltar por conta própria para seus lares.
O incêndio da segunda-feira começou por volta das 16h45 e três viaturas do Corpo de Bombeiros foram acionadas para conter o fogo que atingiu uma moradia. Não houve feridos, mas a ocorrência revoltou a comunidade. “Minha casa não foi afetada pelo outro incêndio, mesmo assim, a Prefeitura não me deixou retornar. Estou morando de favor com outras pessoas e, agora, a casa pega fogo. Perdi um monte de coisas! Estou impedida de viver aqui, mas, outros conseguem entrar?”, questionava Eliane Dias, que afirmou que está no local há 15 anos. “A Prefeitura interditou, mas a área é invadida, principalmente durante a madrugada. Não temos para onde levar nossos pertences e estamos sendo roubados”, denunciaram outros moradores.
Conforme a Folha constatou nos últimos dias, uma viatura da Guarda Civil Metropolitana (CGM) permanecia de prontidão, mas por conta do acesso de centenas de pedestres à estação de trem Ipiranga, ficava impossível isolar completamente a área da favela.
Na terça-feira, dia 18, as 28 famílias cujas casas não foram destruídas pelo incêndio de um mês atrás, se reuniram e decidiram voltar para as moradias no dia seguinte. “A situação destas pessoas ficou muito complicada. Elas não receberam auxílio da Prefeitura e estavam impedidas de retornar aos lares. As outras famílias que perderam suas moradias ou que foram parcialmente afetadas já estão sendo assistidas pela Secretaria Municipal de Habitação com o auxílio aluguel. Mas, para este grupo que decidiu voltar, nada foi ofertado. Mesmo depois da negativa da Secretaria, ainda tentamos negociar, também estivemos na Subprefeitura de Vila Prudente, mas, com o passar do tempo, a tensão foi aumentando. Já são 30 dias de indefinição”, explica André Lima, do Movimento de Defesa dos Favelados (MDF) – Região Episcopal Belém.
“A retomada da posse foi pacífica e vamos continuar batalhando para conseguir reacomodar estas pessoas. Um promotor de Habitação e Urbanismo já está acompanhando o caso e vai chamar o secretario de Habitação e o subprefeito da região para esclarecer a situação destas famílias”, completa Lima.
Na semana passada a Folha questionou a Secretaria Municipal de Habitação e a Subprefeitura de Vila Prudente/Sapopemba, mas nenhum dos órgãos se manifestou. Nesta semana, depois dos novos episódios, a Subprefeitura informou que “todos os esforços para atender da melhor maneira as famílias vêm sendo feitos desde o dia do incêndio”. Foi ressaltado que, após vistoria técnica, a Defesa Civil concluiu pela interdição das moradias remanescentes que, direta ou indiretamente atingidas pelas chamas, oferecem riscos e a total inviabilidade de serem novamente habitadas. Sobre os moradores que não foram atendidos pela Secretaria de Habitação, a Subprefeitura mencionou que eles “têm sido recebidos constantemente pelo próprio subprefeito, ou, na impossibilidade, pelo chefe de gabinete, para receberem orientações sobre toda a seqüência de ações que estão sendo efetivadas, buscando resolver definitivamente a situação de todos”.
Quanto ao incêndio desta semana, a Subprefeitura explicou que foi lavrado boletim de ocorrência e ressaltou que toda a área continua interditada. Nada foi citado sobre a decisão das famílias reocuparem as moradias.
acho que a cgm deveria ficar no local 24 horas, hoje passei nessa via e nao vi uma viatura no local do incendio na comunidade, esse sub prefeito de vp/sap, nao esta nem um pouco preocupado com o povo, se ele estivese preocupado ja teria arrumado algum lugar adequada para aquelas familias, acho que aos poucos os moradores estao voltando para suas residencias e ninguem toma providencias, ontem ja tinha alguns bares funcionando no local com luz acessa e as geladeiras ligadas, nao sei porque nosso prefeito ou governador tomem uma providencia urgente, eles ficam enrolando e nao resolve o que fazer daquele espaço que antigamente era uma praça, e que hoje virou um campo abandonado e queimado pelo incendio, so a favor que derrubem tudo aquilo e voltar o que era antes, e moradias para todos que estao desabrigados, estamos de olho, tudo isso e uma vergonha..
Essa onda sobrenatural de estranhos incêndios em favelas paulistanas está muito bem abordada na reportagem “Fatalidade ou crime?”, publicada na revista Carta Capital http://www.cartacapital.com.br/sociedade/fatalidade-ou-crime-2/#comment-203438