Uma via estreita. De um lado, uma fileira de casas residenciais e do outro, uma obra de mais de 115 metros de altura. Esse é o cenário na rua General Irulegui Cunha, no Jardim Independência, onde há quase dois anos foi iniciada a construção de um empreendimento da EZTEC propagado como o mais alto da região: o edifício atingirá 39 andares. Um projeto gigantesco que, segundo a vizinhança, vem causando problemas na mesma proporção.
As reclamações são diversas: calçadas e rua em mau estado por causa do fluxo constante de caminhões pesados, pó excessivo que invade as residências e tem provocado problemas respiratórios, danificações de azulejos e rachaduras em algumas casas, entre outros relatos. Mas, o que literalmente tem tirado a paz dos moradores é o ruído excessivo que, muitas vezes, avança pela noite. Além de outros serviços que ocorrem em plena madrugada.
No último dia 14, ecoava por todo o bairro o barulho do bombeamento de concreto. Segundo os moradores mais próximos, o serviço teve início às 7h e foi paralisado apenas às 22h, após muitos protestos. Um dos residentes tentou até acionar a Polícia Militar, mas afirma que a viatura não apareceu. Outro grupo tentou conversar com o engenheiro responsável, mas foi avisado que ele não estava na obra. Pouco depois, por volta das 0h45 do dia 15, entrou em cena o carro pipa para fazer a lavagem da rua.
“Convivemos o dia todo com o barulho da obra e também não conseguimos descansar durante a noite. É importante ressaltar que não se trata de intolerância da vizinhança. É uma situação recorrente: já conversamos diversas vezes com os responsáveis na obra e o caos persiste”, argumenta Elizete de Conti, que reside na via há 48 anos. “Na rua temos pessoas com problemas de saúde, idosos, crianças e muitos trabalhadores que merecem ter seus momentos de descanso”, completa.
Outra situação relatada como absurda ocorreu na semana passada, quando a empresa terceirizada de fornecimento de caçambas resolveu fazer a troca dos equipamentos às 2h da madrugada, acordando todo o quarteirão. “A obra ainda seguirá por um bom tempo, então precisam respeitar os horários e lembrar que estão em uma área residencial”, pede Elizete que procurou a Folha em nome de outros moradores da via.
O enorme edifício está sendo construído no terreno onde por muitos anos funcionou uma agência da Eletropaulo, na esquina com a avenida Alberto Ramos. Pedestres que utilizam a calçada da avenida também reclamam da má conservação e do risco de cair e escorregar no local. A obra acontece exatamente ao lado da Subprefeitura Vila Prudente.
Respostas
Procurada pela Folha, a EZTEC enviou nota ressaltando que “respeita as leis vigentes e regulamentadas pelos órgãos de controle da cidade de São Paulo, como licenças, tráfego de veículos, horários de obra, entre outros. A partir dos relatos, a incorporadora tomará as devidas providências para minimizar impactos de imprevistos pontuais, de forma a garantir o bem-estar e uma relação saudável junto à vizinhança”.
A Prefeitura respondeu à Folha que a Secretaria das Subprefeituras realizou vistoria na rua General Irulegui Cunha no último da 16 e constatou problemas que serão sanados por meio do serviço de tapa-buraco, com tempo médio de atendimento de dez dias. O Programa de Silêncio Urbano (PSIU) tem em seu sistema solicitação de fiscalização para o local. O endereço está agendado no cronograma de trabalho e a data não é informada para não prejudicar a ação. A Subprefeitura Vila Prudente informou que já foram emitidos 16 autos de multa, totalizando o valor de R$ 101.693,17, à construtora que opera no terreno por causa de diversas infrações à legislação vigente. (Kátia Leite)
projeto grotesco. Nao foi feito nenhum estudod e impacto de transito ou sombreamento na regiao. Uma merd@