A área verde de 4.900 m² na rua Padre Benedito Maria Cardoso situada entre 17 edifícios residenciais, conhecidos como IAPI, está fechada há mais de seis anos na Mooca. Nem sempre foi assim. O espaço serviu como importante área de lazer até pouco depois de ser vendido. Agora, além de trancado a cadeado, está sem manutenção, com matagal, ratos, aranhas, baratas e mosquitos que têm invadido os imóveis das proximidades.
A área verde foi utilizada por mais de 60 anos pela comunidade do entorno como um parque e área de lazer, mas pertencia ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que a leiloou em agosto de 2010. Na época, a vizinhança se mobilizou para que o espaço não abrigasse mais um prédio residencial, objetivo do comprador do terreno que acabou fechando o acesso à área um ano depois da aquisição.
Em novembro de 2011 a história ganhou novo capítulo. A pedido da população, o vereador Adilson Amadeu (PTB) deu entrada em dois processos administrativos na Prefeitura. O primeiro reivindicando o tombamento da área e o segundo solicitando decreto para transformar o terreno em área de utilidade pública.
Em junho de 2013, a Prefeitura publicou no Diário Oficial o Decreto de Utilidade Pública (DUP) da área, para fins de desapropriação do terreno e com isso, o proprietário foi proibido de construir no espaço. O objetivo era atender a reivindicação da comunidade e criar um parque municipal no local. No entanto, o projeto não caminhou devido à falta de verba da Prefeitura. O DUP tem validade de cinco anos e expira em junho próximo.
“Infelizmente toda a mobilização da comunidade, de quase 2.600 moradores destes 17 prédios do IAPI, parece não ter surtido efeito. O local continua fechado e a última limpeza ocorreu em outubro de 2016, quando o subprefeito na época era o Evando Reis. Ele mandava fazer a manutenção e enviava a conta para o proprietário. O atual prefeito regional já foi procurado várias vezes, mas nunca nos deu atenção”, declarou a síndica do prédio ao lado do terreno, Maria Isabel Lopes Calipo. “Escutei dizer que o proprietário pediu R$ 8 milhões pela desapropriação da área. Como a Prefeitura sempre alega falta de verba, o sonho de ver o terreno reaberto parece estar longe de se concretizar, mas não perderemos as esperanças”, completou.
De acordo com a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, como o espaço não é um parque municipal, os processos administrativos envolvendo o terreno devem ser tratados pela Prefeitura Regional Mooca.
A Prefeitura Regional informou que a questão do terreno encontra-se em processo judicial e, em razão do imóvel ser privado, não pode realizar a zeladoria do mesmo. Foi ressaltado que o responsável pela área foi intimado a fazer a limpeza do terreno e multado por falta de conservação.
A Folha vem questionando a Secretaria Municipal de Cultura há duas semanas sobre o processo de tombamento iniciado em 2011, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.