Editorial: Epidemia sem controle

O inverno chegou oficialmente apenas no calendário, pois o calor continua e para desespero da população, a epidemia de dengue também segue firme e forte na cidade. Os casos da doença, tradicionalmente de verão, continuam disparando. Conforme o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde na última segunda-feira, dia 17, a capital paulista atingiu 480.191 ocorrências da doença neste ano. O descontrole fica claro com a comparação com 2023, quando foram registrados 11.320 casos.
Já são 222 óbitos causados pela doença em 2024 e outras 441 mortes seguem em investigação. No ano passado foram 10 mortes confirmadas por dengue.

Na região, os números também preocupam. Os distritos de São Lucas e Vila Prudente acumulam mais de 7,5 mil casos da doença. No São Lucas são 5.359 moradores que testaram positivo desde o início do ano. E na Vila Prudente são 2.760 ocorrências.

A Água Rasa registra 2.586 casos desde janeiro. O distrito da Mooca tem 1.497 ocorrências. Esses números correspondem aos casos até 12 de junho e portanto, estão defasados. Infelizmente, a tendência é que já tenham aumentado.

Como destacamos neste mesmo espaço edições atrás, a impressão geral é que o único plano da Prefeitura para combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, é aguardar pelas baixas temperaturas. Enquanto isso, o discurso oficial é culpar o “calor fora de época” pela elevação sem fim dos casos. A saúde da população não pode ficar somente à mercê das condições climáticas. É irresponsável se isentar e aguardar o frio.

Crematório e Cemitério São Pedro terão estacionamento pago

Placa pendurada há vários dias na entrada do Crematório de Vila Alpina informa que a partir da próxima segunda-feira, dia 17, haverá taxa de estacionamento no local. No entanto, a concessionária Velar SP, que responde pela unidade desde março do ano passado, garantiu à Folha no início da tarde de ontem, dia 13, que a cobrança foi adiada. A assessoria informou que o aviso será removido.
Mesmo com o adiamento, o fato é que haverá cobrança de estacionamento em breve, inclusive no Cemitério São Pedro, também sob responsabilidade da Velar SP.

A concessionária ressaltou que “a cobrança do estacionamento – prevista no Contrato de Concessão assinado com a Prefeitura, será feita apenas quando os benefícios estiverem disponíveis ao usuário”. Informou ainda que os valores serão informados com antecedência ao início da operação.

Entre as melhorias previstas estão “câmeras de segurança, cobertura de seguro para os veículos, nova sinalização de solo, vagas reservadas para idosos e portadores de deficiência, cancelas e totens de pagamento automatizados”.

A Velar SP esclareceu que o acesso entre o cemitério São Pedro e o Crematório será liberado, não havendo necessidade de pagar novamente em caso de deslocamento entre os dois espaços.

“A área verde do Crematório é utilizada para o lazer da população há mais de 50 anos. Um local de encontro aos finais de semana. Cobrar é privar o acesso a um agradável espaço verde. Além de ser mais uma forma de lucrar com a morte”, reclama o morador da Vila Ema, Fernando Salvio. (Kátia Leite)

Estacionamento já é cobrado no Cemitério Quarta Parada

No Cemitério Quarta Parada, entregue pela Prefeitura à Consolare, o estacionamento está sendo cobrado. A hora custa R$ 12 com acréscimo de R$ 3 a cada hora extra. A diária sai por R$ 20.

A Consolare alega que o objetivo é “melhorar a segurança dos visitantes e evitar possíveis furtos de veículos”. Também ressaltou que a “política está em conformidade com as diretrizes estabelecidas no contrato de concessão da Prefeitura”.

O morador do Jardim Independência, Wagner Pereira, esteve no Quarta Parada na semana passada e desembolsou R$15 de estacionamento e R$ 16 por duas águas na lanchonete. “Cemitério com preço de aeroporto: paguei R$ 9 em uma garrafinha de 500 ml de água com gás e R$ 7 pela sem gás. Na funerária tinha bebedouro, mas estava sem copos”, reclama.

A Consolare respondeu que a lanchonete presente no cemitério é terceirizada, permitindo ao estabelecimento definir os valores cobrados pelos produtos. Sobre o bebedouro respondeu que “a equipe aumentará a verificação para repor os copos sempre que necessário”. (Kátia Leite)

Prefeitura coloca tela de proteção em caixa d´água no CEU

Um cartaz já desbotado pelo tempo que está pendurado na entrada principal do CEU Vila Prudente/Vila Alpina, na rua João Pedro Lecór, comunica que “por questões de segurança” os alunos devem utilizar outra portaria. A pista de skate construída em frente ao prédio do CEU também passou meses fechada. Entre a portaria principal e a pista fica uma enorme caixa d´água que, segundo a Prefeitura, está com danos estruturais.

A Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) informou à Folha no dia 29 de maio, que “a pista de skate está interditada para garantir a segurança dos alunos do CEU Vila Alpina. Após vistoria, foram constatados danos estruturais na caixa d’água ao lado da pista, o que pode levar a desprendimentos de placas de concreto”. A Sabesp informou que a caixa d´água é de responsabilidade da Prefeitura.

A pista de quase 500 m² foi construída pela Prefeitura e inaugurada em dezembro de 2021, com a presença de autoridades municipais. A área tem diversos obstáculos que incentivam os skatistas a saltarem e fica exatamente ao lado da caixa d´água. Há semanas, a Folha questiona a Prefeitura se antes de construir a pista no local, houve estudo do impacto provocado pelos skates junto ao antigo reservatório. A Secretaria Municipal de Esportes alegou que não é responsável por esse equipamento. A reportagem fez a mesma pergunta para as secretarias Especial de Comunicação, de Educação e das Subprefeituras.

Na semana passada foi instalada uma tela de proteção ao redor do antigo reservatório e nas redes sociais começou a ser anunciada a reabertura da pista de skate. A notícia preocupou pais de alunos do CEU.

“Estou quase todos os dias aqui para buscar a minha filha e não vi obra acontecendo nessa caixa d´água. Depois de tantos meses de interdição, agora alegam que só a rede de proteção vai resolver? Como fica a segurança das crianças?”, questionou uma mãe que pediu para não ter o nome divulgado. O pai de uma criança matriculada também estranhou a decisão: “Do nada, colocam essa tela e pronto? Então, por que não resolveram antes?”.

Às 19h de ontem a Secretaria Especial de Comunicação enviou a seguinte nota: “foi instalada uma tela de proteção ao redor da estrutura para proteger os munícipes e frequentadores da pista de skate, permitindo o uso da pista com segurança”. Foi informado que a Subprefeitura Vila Prudente fará os reparos necessários de restauração na caixa d´água desativada. Não houve resposta sobre o estudo antes da construção da pista de skate.

São Lucas soma quase 5 mil casos de dengue

Faltando dez dias para o inverno, São Paulo ainda enfrenta epidemia de dengue. Os casos continuam subindo. O boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde na última segunda-feira, dia 10, aponta que a cidade atingiu 447.005 ocorrências da doença neste ano.

Já são 212 óbitos causados pela doença em 2024 e outros 408 suspeitos seguem em investigação. A título de comparação, em 2023 a capital paulista registrou 10 mortes provocadas pela dengue.

Na região, o aumento de casos não é diferente. O distrito de São Lucas soma 4.993 moradores que testaram positivo desde janeiro. Na Vila Prudente, são 2.522 ocorrências de moradores infectados. Os números correspondem aos casos até 5 de junho.

A Água Rasa registra 2.359 casos. O distrito da Mooca era o único da região abaixo de mil casos até 15 dias atrás. Mas, conforme o boletim desta semana, tem 1.330 ocorrências de dengue.

No Sapopemba, distrito que faz divisa com a região, já são 8.697 casos neste ano.

Obras no complexo Padre Adelino até 2025

Os trabalhos de recuperação estrutural do complexo viário Padre Adelino começaram em setembro de 2023 e estão previstas para serem concluídas no início do próximo ano. O investimento da Prefeitura de R$ 10,8 milhões,

O complexo conecta os bairros Tatuapé e Anália Franco com Belém e Mooca, atravessando a avenida Salim Farah Maluf.  O local é composto pelas unidades estruturais viaduto Estaiado Dom Luciano Mendes de Almeida, viaduto Pires do Rio (com sentido centro, sentido bairro, alça de acesso e alça de saída) e viaduto Antônio de Paiva Monteiro.

Segundo a Prefeitura, os serviços incluem a recuperação integral das estruturas, abrangendo desde o pavimento até a aplicação de fibra de carbono, garantindo a durabilidade e a qualidade da infraestrutura viária da região. Estão previstos também o tratamento de fissuras, juntas de concretagem, reparos rasos e profundos, implantação e recuperação de dispositivos de drenagem, recuperação de taludes e passeios, sinalização horizontal e vertical, além do tratamento dos guarda-corpos.

Previsão da Prefeitura é entregar Parque da Mooca em agosto

Do terreno de 100 mil m² entre as ruas Barão de Monte Santo e Dianópolis, a Prefeitura promete entregar no segundo semestre um parque de cerca de 47 mil m². Nos últimos 21 anos, a luta da Folha e da comunidade foi pela preservação total como área verde (veja mais no Colunão). Porém, no restante do terreno serão erguidas torres de prédios.

As obras do parque já foram iniciadas e na tarde ontem, dia 6, ocorreu evento simbólico com a presença do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e do secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Rodrigo Ravena. Eles plantaram uma muda de ipê no terreno. O evento foi acompanhado pelos vereadores Adilson Amadeu, Ricardo Teixeira, Edir Sales, João Jorge e Rinaldi Digilio, além do subprefeito da Mooca, Marcus Vinicius Valério.

O secretário Ravena garantiu que o parque será entregue em agosto, mês de aniversário da Mooca. A Prefeitura conseguiu a posse do terreno através da Transferência de Potencial Construtivo com a Ezetec, que adquiriu a área após a descontaminação do solo. No passado, funcionou no local uma distribuidora de combustíveis da Esso. Ravena enalteceu a importância da parceria público-privado para agilizar os trabalhos. Os grupos Ezetc e Água Santa atuarão na construção do parque que será uma faixa linear, com frente para a rua Dianópolis. Do outro lado do terreno, na rua Barão de Monte Santo, serão construídos grandes empreendimentos residenciais.

Vizinho do terreno e desde o início na luta pelo parque de 100 mil m², o jornalista Mauricio Rudner Huertas fez duras críticas: “O prefeito-candidato vem caçar votos com uma historinha bem mal contada, de uma promessa antiga que era o parque em 100% da área e vai virar jardim linear de luxo dos condomínios que estão sendo erguidos na outra metade do terreno, privilegiando um grupo de amigos endinheirados em vez da qualidade de vida de toda a população”.

O Projeto de Lei 32/2018, de autoria do ex-vereador e ex-secretário do Verde e Meio Ambiente, Gilberto Natalini, previa a criação de parque em 100% do terreno. Mas, a atual composição da Câmara Municipal, incluindo os vereadores presentes no evento, aprovou a Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí, que estipula o parque em menos da metade do terreno. (Kátia Leite)

 

Festas de paróquias animam a região

Não faltam opções de diversão neste sábado e domingo. Confira algumas das quermesses promovidas por igrejas:

São Pedro
A Paróquia São Pedro Apóstolo do Jardim Independência realiza a 66ª edição da festa (foto) em homenagem ao seu padroeiro. Prossegue até 30 de junho, sempre aos sábados e domingos a partir das 19h. A tradicional quermesse é realizada no pátio da igreja e conta com diversas barracas de comidas e bebidas típicas. Também há bingo, bazar e brincadeiras para a criançada. Outra atração são os shows de música ao vivo. Neste sábado, dia 8, sobe ao palco a cantora Lia Santhiago que fará tributo para Rita Lee. No domingo, dia 9, é a vez do cantor sertanejo Duda Fernandes. Avenida Alberto Ramos, 614.

São José
A Festa Junina da Paróquia São José de Vila Zelina começa neste sábado, dia 8, e será realizado até 30 de junho, aos sábados das 18h às 22h e aos domingos das 12h às 21h. O arraial no pátio da igreja contará com diversas barracas de comidas típicas, bebidas e brincadeiras para as crianças. Avenida Zelina, 878.

Santo Emídio
A Paróquia Santo Emídio, na Vila Prudente, realiza o seu arraial neste sábado e domingo, dias 8 e 9, e também no dia 15 de junho, a partir das 17h. Haverá muita comida, música, quadrilha e bingo. Rua Ingaí, 35.

São Gennaro
A Paróquia San Gennaro, na Mooca, realiza sua Festa Junina até o final de junho, aos sábados (dias 8, 15, 22 e 29), das 17h30 às 23h. O espaço é coberto e conta também com algumas barracas na parte externa. Além de comidas típicas, o evento tem música ao vivo, sorteios e brincadeiras. Rua San Gennaro, 214.

Editorial: Dengue – À espera do inverno

Faltando 15 dias para o inverno, São Paulo ainda enfrenta perigosa epidemia de dengue. Os casos continuam subindo vertiginosamente. No intervalo de uma semana, foram mais de 43 mil pessoas infectadas. O boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde na última segunda-feira, dia 3, aponta que a cidade atingiu 412.778 ocorrências da doença neste ano. No boletim de uma semana atrás eram 369.580 casos.

Infelizmente, também há recorde de mortes. Já são 194 óbitos causados pela doença em 2024 e outros 373 suspeitos seguem em investigação. Números assustadores. A título de comparação, em 2023 a capital paulista registrou 10 mortes provocadas pela dengue.

Na região, a explosão de casos não é diferente. O distrito de São Lucas soma 4.726 moradores que testaram positivo desde janeiro. No boletim anterior eram 4.274 – ou seja, não há sequer tendência de estagnação dos números por enquanto. A sede da Subprefeitura Vila Prudente fica no São Lucas, distrito que concentra ainda bairros como Jardim Independência, Vila Ema e Parque São Lucas, entre outros.

Na Vila Prudente, são 2.384 ocorrências de moradores infectados contra 2.170 da semana passada. A Água Rasa registra 2.074 e no boletim anterior eram 1.881. O distrito da Mooca era o único da região abaixo de mil casos até a última contagem. Mas, ultrapassou a marca e conforme o boletim desta semana, tem 1.140 ocorrências de dengue.

No Sapopemba, distrito que faz divisa com a região, já são absurdos 8.109 casos neste ano. Apesar de o boletim ter sido divulgado na última segunda-feira, os números correspondem aos casos até 29 de maio.

A impressão que fica é que a Prefeitura está à espera do frio para conter a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Não há outro grande plano em prática – aliás, a Prefeitura não está mais divulgando as ações contra a dengue com a mesma intensidade de antes, apesar dos números seguirem em preocupante alta. Em entrevista à imprensa, o próprio prefeito Ricardo Nunes (MDB) admitiu no mês passado, que o “calor fora de época” retardou a queda de casos esperada com o final do verão.

É fácil se isentar de responsabilidades colocando a culpa ora no calor, ora na chuva. E pior, demonstra que a saúde e a vida da população estão à mercê das condições climáticas. Outra má notícia é que com o excesso de novas edificações na cidade, principalmente aqui na região, as chamadas ilhas de calor tendem a ter novos recordes de temperaturas. Porém, a Prefeitura se contenta em criar “meio parque” e fazer marketing em cima da equivocada decisão, ao invés de aproveitar a totalidade da única área disponível na divisa da Mooca com a Vila Prudente. Seria a grande chance de tentar o equilíbrio climática para as gerações futuras.