Em julho de 2021, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), vinculado ao Governo do Estado, iniciou a construção de uma galeria de desvio das águas do córrego da Mooca, que passa sob a avenida Anhaia Mello. A estimativa era encerrar a obra em 12 meses, mas houve atraso e os trabalhos se estenderam até junho de 2023. O custo inicial divulgado de R$ 19 milhões saltou para R$ 22,9 milhões.
A nova galeria tem 670 metros de extensão, 4,5 metros de largura e 2,8 metros de profundidade. Os trabalhos se concentraram principalmente ao longo da rua Pindamonhangaba, na Vila Prudente, que ficou com trechos interditados por meses. De acordo com o DAEE, a galeria tem capacidade para desviar até 35 metros cúbicos de água por segundo do córrego da Mooca em períodos chuvosos, facilitando o escoamento para o rio Tamanduateí. Todos que acompanharam a obra esperavam menos inundações na altura do terminal de ônibus e das estações de metrô e monotrilho Vila Prudente.
No entanto, após fortes chuvas e novas alagamentos na Anhaia Mello, muitos moradores passaram a questionar a eficácia da galeria. Há um mês, em 23 de dezembro, uma violenta enchente chegou a arrancar parte do asfalto da avenida. “A gente aguenta meses de obra, com os costumeiros atrasos, e parece que nada resolve o problema na região. Já tivemos essa mesma esperança frustrada com o piscinão Guamiranga, na avenida Dr. Francisco Mesquita”, comenta uma moradora da rua Pindamonhangaba, que pediu para não ter o nome divulgado. “É uma agonia sem fim”, reclama.
Questionado pela Folha, o DAEE respondeu que “realiza obras complementares às ações das Prefeituras para auxiliar no combate às enchentes”. De acordo com a agência de recursos hídricos, o sistema contra alamentos “inclui dois piscinões que estão a cargo da administração municipal”. Um deles deve ser construído na esquina da Anhaia Mello com avenida Jacinto Menezes Palhares, onde fica o Clube Esportivo Arthur Friedenreich. No ano passado, a Prefeitura retomou a licitação para o projeto, mas ainda não anunciou o início da obra. O DAEE informou que o piscinão deve ter capacidade para 217 mil m³, mas o governo anunciou 134,5 mil m³.
Ainda segundo o DAEE, o governo municipal precisa construir outro piscinão na praça Júlio Scantimburgo, entre as ruas João Manoel de Matos e Monsenhor João José de Azevedo, na altura do São Lucas, com capacidade para 95 mil m³. A Folha questionou se a Prefeitura tem previsão da obra. (Kátia Leite)