* Mauricio Rudner Huertas
Precisa ser muito desinformado ou mal intencionado para comemorar como “vitória” o anúncio de que um parque será implantado futuramente em menos da metade do terreno na Mooca que durante décadas foi contaminado por produtos químicos tóxicos, e que por enquanto vai funcionar como canteiro de obras da construtora dona da área, que pretende erguer ali um punhado de condomínios de luxo.
Quem ganha SEMPRE é a exploração imobiliária e os políticos que trabalham pelos interesses de alguns contra a maioria. O compromisso não cumprido – palavra dada pelo então prefeito Bruno Covas, inclusive – era ter um parque bem cuidado em 100% da área descontaminada da antiga Esso, até como compensação por tantos danos ambientais, na última grande área disponível para tal finalidade em todo o centro expandido de São Paulo.
A solução seria idêntica àquela encontrada para implantação do Parque Augusta. Mas a Mooca não mereceu o mesmo empenho da Prefeitura. Parece que o povo daqui se contenta com pouco, não se mobiliza para obter vitórias verdadeiras e acredita em qualquer picareta. Basta ver quem são os vereadores e empresários envolvidos na negociação que favorece meia dúzia de privilegiados em detrimento da qualidade de vida de toda a população paulistana.
A “obra” da Prefeitura – que hoje está sendo festejada por tolos ou malandros – é derrubar o muro antigo e instalar grades aonde – sabe Deus quando – será implantado um grande jardim linear para valorizar os imóveis de alto padrão que começarão a ser comercializados ali, em breve. Antigamente se usava uma expressão para descrever essa situação: a Mooca obteve uma “vitória de Pirro”.
Será que eles acham que todo mooquense tem cara de trouxa? A obrigação do poder público era atender a justa reivindicação da comunidade e implantar na totalidade daquela área um parque com segurança e planejamento, que ajudasse a revitalizar o bairro e garantisse o mínimo de sustentabilidade que se exige de uma cidade inteligente, moderna, acolhedora, saudável e bem administrada.
É de uma estupidez sem tamanho superpovoar essa região que já carece de infra-estrutura e que sofre com trânsito caótico, enchentes, assaltos, poluição, submoradias, população de rua etc., ignorando o rol de opções eficazes para reurbanização de toda a extensão da linha férrea, com fábricas e galpões abandonados, comércio falido e ruas esburacadas.
Mas cobrar responsabilidade, coerência e espírito público é exigir demais desses políticos despreparados, desqualificados e incompetentes que fingem nos representar… Enfim, vamos reagir ou lamentar eternamente? O que podemos fazer?
*Mauricio Rudner Huertas é jornalista e morador da Mooca. Foi repórter e editor da Folha de Vila Prudente de 1992 a 1997.
o que esperar de uma classe média como a da Mooca, que só pensa em consumismo. Vai se deteriorar com a poluição nessa selva de pedra que perpétua no centro expandido da cidade de São Paulo.
triste herança para seus filhos. a conta vai chegar