No último sábado, dia 7, integrantes do grupo Muda Mooca, movimento que defende a ampliação de áreas verdes na cidade, fizeram um ato colocando 50 cruzes brancas de madeira sobre o entulho que restou da demolição da histórica vila operária da rua João Migliari, construída na década de 1950 no Tatuapé. A vila teve 55 dos 60 sobrados destruídos ao longo nos últimos seis meses. A última ação de demolição aconteceu no dia 1º deste mês.
“O nosso patrimônio histórico também faz parte da luta pelo meio ambiente. Instalamos uma cruz para cada imóvel demolido em protesto à ilegalidade praticada pelos autores”, comentou o advogado Danilo Bifone, que é fundador do Muda Mooca. “A ação foi uma forma de demonstrar a nossa tristeza com a perda dessa memória histórica da nossa cidade. São Paulo está sucumbindo diante da especulação imobiliária. As vilas, que tanto contribuíram para a formação do bairro, não são mais vistas”, completou Bifone.
Conservada e em uso, a vila começou a ser esvaziada em fevereiro, após o proprietário exigir a saída de todos os locatários. Naquele mês, 20 sobrados foram demolidos do lote em que está sendo construído um edifício. Os demais imóveis foram derrubados irregularmente no dia 1º deste mês, um dia após a obra ter sido embargada pela Subprefeitura Mooca.
Os cinco sobrados que restaram foram provisoriamente tombados no dia 2, após um pedido de vizinhos e arquitetos ser aberto na Prefeitura. Enquanto a preservação não for votada em definitivo pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), os imóveis não poderão ser derrubados. (Gerson Rodrigues)