O promotor de vendas Fabio Striatto, 38 anos, é portador do vírus HIV desde 2004 e há dois anos, após se mudar para a Mooca, passou a fazer o tratamento e acompanhamento no Ambulatório de Especialidades DST/AIDS Vila Prudente – unidade da Prefeitura que fica na praça do Centenário e é referência para o atendimento de soropositivos na região. Além de medicamentos de uso contínuo, ele precisa ser avaliado por um médico infectologista a cada quatro meses, para o controle do vírus. No entanto, afirma que está há oito meses sem conseguir agendamento na unidade e, consequentemente, sem o receituário para os remédios.
Striatto conta que no ambulatório de Vila Prudente, a última consulta aconteceu em janeiro e ainda não conseguiu agendar o retorno. “O acompanhamento tem que ser realizado de forma ininterrupta para não haver complicações, mas isso não está acontecendo. Durante um ano são necessárias pelo menos três avaliações da minha carga viral, em um intervalo de quatro meses cada, mas a unidade está sem infectologista para realizar este importante serviço. Assim como eu, várias outras pessoas devem estar desamparadas”, explica Striatto. Ele também denuncia a falta de psicólogos, psiquiatras e dentistas na unidade.
Outro grave problema relatado é que, devido à dificuldade em agendar a consulta, ele não consegue renovar a receita para retirar os medicamentos de uso contínuo para portadores de HIV. “Preciso controlar meu CD4 (células do sistema imunológico alvo do vírus HIV). Sem o medicamento podem ocorrer oscilações e recaídas”, completou.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que a unidade possui um médico infectologista, um ginecologista, um pediatra, dois dentistas e um psicólogo. Foi ressaltado que outros dois infectologistas serão contratados até o próximo mês. O órgão esclareceu que nos últimos oito meses dois profissionais se aposentaram e um terceiro pediu desligamento do serviço público, porém nenhum paciente ficou desassistido, pois outro infectologista permanece em atendimento e outros dois médicos continuam fazendo prescrições e avaliações de exames. A Secretaria acrescentou que atualmente cerca de 1.360 pacientes soropositivos realizam acompanhamento na unidade, que não conta com psiquiatra em seu quadro, mas, quando constatada a necessidade, o paciente é encaminhado para outro equipamento da rede. (Gerson Rodrigues)